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Linguista francesa formada pela Ufes e mestranda em comunicação política na Universidade Internacional de Valência na Espanha. Especialista em imagem e comunicação não verbal, com formações em morfopsicologia, psicologia das cores e consultoria de imagem

Linguagem amplia a atuação das mulheres nos espaços de decisão

Quem domina a oratória, os gestos, a imagem assertiva, a postura e o ritmo tende a ser mais ouvido, respeitado e até promovido

  • Maya Meneghelli Linguista francesa formada pela Ufes e mestranda em comunicação política na Universidade Internacional de Valência na Espanha. Especialista em imagem e comunicação não verbal, com formações em morfopsicologia, psicologia das cores e consultoria de imagem
Publicado em 20/05/2025 às 17h21

Você sabia que, muitas vezes, a forma como falamos diz mais do que as próprias palavras?

A linguagem bem articulada é uma ferramenta de influência. Quem domina a oratória, os gestos, a imagem assertiva, a postura e o ritmo tende a ser mais ouvido, respeitado e até promovido.

Certa vez, um cliente de comunicação não verbal muito conhecido, figura influente, entrou na minha sala e disse com aparente simpatia: "Estou aqui porque minha equipe pediu, mas não acredito em nada disso". Pausadamente e com segurança lhe apresentei de forma técnica as diretrizes do trabalho. Ele, então, seguiu: “Você me transmitiu confiança e por isso seguirei o que você planejar até o fim da campanha". Aquilo me fez sorrir por dentro. Pensei: e se eu não tivesse me expressado com firmeza e clareza?

Em outra ocasião, em uma reunião de campanha, fui interrompida por um colega que passou a discorrer, como se estivéssemos em aula, sobre fundamentos da comunicação e da política. Respirei fundo e disse: "Acredito que estamos todos aqui para contribuir profissionalmente com a equipe". Houve um silêncio. Aquele silêncio foi simbólico.

Quantas mulheres são subestimadas por não saberem ou não ousarem comunicar seu próprio valor. Esse cenário revela um desequilíbrio na relação de poder entre homens e mulheres e poderíamos debater sobre o tema por horas.

A Universidade de Stanford mostrou que, em apresentações de trabalho, homens comunicam suas conquistas três vezes mais do que mulheres. Elas também são mais interrompidas e julgadas pela voz, tom ou aparência.

Falar bem não é apenas saber o que dizer. É ter coragem de dizer o que precisa ser dito, da forma que impactará, mesmo quando ninguém quer ouvir. É ocupar a sala, a fala, o espaço, ser o centro da atenção.

Proponho uma reflexão sobre como a linguagem pode ampliar a atuação das mulheres nos espaços de decisão. Um instrumento para romper com posições nas quais, muitas vezes, até nós mesmas nos colocamos.

E como a comunicação pode, dia após dia, promover o avanço das mulheres?

A construção de autoridade é realizada por meio da voz, da postura, da roupa, do discurso e das redes sociais. A fala estratégica é o domínio de técnicas que tornam a mensagem clara, assertiva e impactante. Uma boa interação verbal é instrumento de poder, comprovado por inúmeros dados e estudos.

Comunicação é oratória. Candidatas políticas com tom de voz controlado e pausas estratégicas têm 30% mais chances de conquistar apoio (Duke). Mulheres treinadas para modular a voz são 35% mais persuasivas (Chicago). Mulheres têm mais dificuldade em falar de suas realizações (Catalyst).

Mulher; emprego; trabalho; liderança; reunião
Mulher em posição de liderança. Crédito: Mego Studio/Freepik

Comunicação é não verbal. Dominar postura e expressões resulta em acordos 20% mais vantajosos (Harvard). A linguagem não verbal eleva chance de promoção em 30% (McKinsey). Expressões confiantes aumentam a credibilidade em até 40% (Princeton).

Comunicação em redes. Advogadas que usam redes sociais ganham 3x mais reconhecimento (Forbes). Vídeos claros e estruturados têm 5x mais engajamento (LinkedIn).

Profissionais talentosas ainda são subestimadas, por isso, comunicar é urgente. Erros nessa área podem causar mais danos, do que acertos conseguem reparar.

Comunicar bem aumenta a influência, a credibilidade e o acesso a oportunidades. Define quem lidera e quem é ouvido.

Em tempos de variedade de canais de fala, o silêncio também comunica. Por isso, para um próximo momento, proponho discutir sobre o silêncio. Quando não falar é também uma mensagem.

Refletir sobre estratégias de omissão, ambiguidade e o poder do não dito no discurso público e pessoal.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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