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É diretora estadual da Associação Brasileira dos Advogados (ABA)

Jovem advocacia precisa se qualificar para o mercado de trabalho

Não dá mais para os profissionais entrarem no mercado de trabalho como há 25 anos, ou seja, sem atender e entender o que o mercado exige e precisa

  • Érica Neves É diretora estadual da Associação Brasileira dos Advogados (ABA)
Publicado em 19/04/2024 às 15h24

Há quase um ano, iniciamos um projeto para despertar o empreendedorismo na jovem advocacia. Com uma dinâmica de bate-papo em escritórios reconhecidos, o “Desvendando o jogo” possibilita que profissionais, sobretudo os mais jovens, conheçam trajetórias de sucesso, de modo que elas se tornam referências no seu exercício profissional.

A experiência dessa iniciativa deixa evidente o quanto os jovens saem da faculdade despreparados para os desafios do mercado de trabalho. Nesse contexto, se faz urgente um melhor aproveitamento da Escola Superior de Advocacia (ESA) da OAB do Espírito Santo, que é a melhor ferramenta que a instituição poderia utilizar para qualificar os profissionais visando atender as expectativas exigidas hoje pela sociedade e pelo mercado.

A meu sentir, os alunos estudam direito material e processual e a prova de ingresso aos quadros da OAB afere esses conhecimentos, cabendo à ESA nesta seara oferecer cursos perenes de atualização e ensino continuado, sempre acompanhando as tendências dos melhores produtos e necessidades atuais da sociedade.

O empreendedorismo é um caso à parte, e posso dizer de cadeira: a gente tem que focar em profissionalizar o jovem advogado. Tenho 25 anos de carreira e, já na minha época, os recém-formados eram lançados no mercado sem o preparo adequado, e a formação como advogado se dava com o tempo.

No entanto, hoje o fator tempo não pode servir de balizamento, estamos em um mundo dinâmico e veloz, o que torna o quadro ainda mais caótico, sobretudo se considerarmos a quantidade de formandos a cada ano.

Os cursos de empreendedorismo poderiam trabalhar habilidades e aptidões que hoje são fundamentais, entre elas as técnicas de vendas e atendimento com oratórias adequadas, análise de mercado, marketing jurídico e digital, que permitirão aos jovens profissionais encontrarem, dialogarem e conquistarem o seu nicho de mercado.

E não falo aqui de “fake cursos”, com nomenclatura, mas sem conteúdo, ministrados por quem não tem qualificação reconhecida, fazer isso é uma covardia e a advocacia merece os melhores do Brasil.

A OAB-ES tem que assumir esse compromisso em reformatar a ESA para os tempos atuais. Oportunizar o conhecimento para que a advocacia consiga extrair o melhor e de forma escalada as ferramentas e tecnologias atuais deveria estar na pauta principal da nossa instituição. Não dá mais para os profissionais entrarem no mercado de trabalho como há 25 anos, ou seja,  sem atender e entender o que o mercado exige e precisa. Os tempos são outros.

Essa falta de oportunidades de qualificação pela Ordem ainda traz um agravante: o desequilíbrio entre os advogados que podem pagar por cursos fora e os que não podem fazê-lo. É dever da Ordem tomar a iniciativa de equilibrar melhor a balança e dar mais chance para que todos tenham êxito e prosperem.

Justiça
Justiça, juiz, direito, advogado, martelo, livro. Crédito: Pixabay

Estamos com um problema real, fruto dessa falta de sintonia da nossa instituição: por falta de qualificação, muitos escritórios grandes não conseguem preencher suas vagas disponíveis.

E, de outro lado, muitos jovens com muito conhecimento de direito material e processual não conseguem se colocar bem e de forma rentável no mercado e desistem da profissão.

O compromisso da OAB-ES precisa ser um verdadeiro farol para a profissão, iluminando os caminhos que mais profissionais podem prosperar e ser também uma mola propulsora para fazer a advocacia prosperar.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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