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É psicóloga

Já parou para pensar que as roupas femininas são mais caras do que as masculinas?

Existe uma prática de mercado chamada de taxa rosa, a ideia é gerar alta cobrança nos produtos produzidos e comercializados voltados para o público feminino somente por causa do gênero

  • Sátina Pimenta É psicóloga
Publicado em 21/03/2022 às 14h00
Pés femininos descalços
Pés femininos descalços. Crédito: Shutterstock

 Autoria compartilhada com as psicólogas Amanda Pego, Hanna Rodrigues e Jéssica Poli 

A Semana do Consumidor acabou e pedimos uma reflexão: o que realmente estamos consumindo?! E como estamos consumindo?!

Com certeza você sabe que consome alimentos, energia, tecnologia, vestuário, mas de acordo com o sociólogo Zigmund Bauman você também consome pessoas. Isso mesmo! Consumimos e somos consumidos todos os dias de nossas vidas. Nos tornamos objetos!

Mas isso não é nenhuma novidade para a mulher que historicamente até vendida já foi. A mulher é compreendida como objeto de consumo em uma sociedade que gera suas inseguranças e vende a solução para seus problemas, não é raro abrir as redes sociais e se deparar com vários anúncios vendendo soluções mágicas para lidar com as insatisfações do próprio corpo.

Quem nunca desejou ter a barriga sarada como da influencer digital Virginia Fonseca? Ou fazer uma rinoplastia, abdominoplastia, colocar silicone, pintar ou cortar o cabelo, pôr os cílios, unhas de gel, comprar roupas, joias, colocar lente nos dentes, fazer marca de biquíni, desenvolver relacionamentos saudáveis, comer bem, fazer dieta, começar uma nova língua, aprender uma coisa nova… Ufa, é muita coisa.

Não tem nada de errado em consumir coisas que façam você se sentir bem, porém vemos diariamente famosas se submetendo a procedimentos estéticos para se tornar aquilo que é denominado mais atraente ou até mesmo mais aceito socialmente, mulheres de baixa renda e periféricas não têm condições de se submeterem aos procedimentos estéticos e isso pode gerar mais descontentamento com a própria imagem.

É preciso entender que existe uma prática de mercado chamada de taxa rosa, a ideia é gerar alta cobrança nos produtos produzidos e comercializados voltados para o público feminino somente por causa do gênero. Infelizmente, mulheres consomem mais e passam a ser usadas como objetos de consumo, seja por seus parceiros que as enxergam como algo a ser possuído, seja pelas indústrias que querem obter lucros em cima desse público.

Em algum momento, você leitora já parou para pensar como as roupas femininas são mais caras do que as masculinas? Ou analisou que produtos de higiene feminina tem o custo mais elevado? Infelizmente, as mulheres são induzidas a serem alvos do consumo.

Toda essa situação é problemática, pois qual é o ensinamento que trazemos para as meninas, que sempre estão atentas a todas as modas das redes sociais? Que tem como modelo pessoas que fazem “publis” dos produtos que dizem utilizar, mas na realidade recorrem a outros meios para se manter dentro de um padrão que é valorizado pela mídia através dos programas de TV, dos filmes, dos romances, novelas e das animações infantis.

Até quando vamos cultuar algo que não é natural e promover o auto-ódio? Até quando vamos nos sentir inferiores por não estar dentro dos padrões? Será realmente que é 8 ou 80, ou a mulher é para casar ou é para ser objetificada? Quantas modificações preciso fazer em meu corpo para ser valorizada e respeitada? Para ser mensurada pela minha força e inteligência e não por conseguir arrumar um bom marido?

Não podemos naturalizar essas práticas, o consumo precisa ser consciente, responsável. É preciso entender que nossos corpos são cíclicos, que não tem nada de errado em envelhecer porque é um processo natural e precisamos aprender que nós consumimos objetos e valorizamos pessoas.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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