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É especialista em Administração Pública, Gestão de Projetos e Engenharia de Tráfego

Grande Vitória engarrafada no tempo e sem ponte para o futuro

Estudos sobre a construção de uma quarta ponte ou de um túnel entre Vitória e Vila Velha existem há mais de uma década. Os benefícios são evidentes: alívio no tráfego, valorização urbana, integração metropolitana e incentivo ao transporte sustentável

  • Fernando Repinaldo É especialista em Administração Pública, Gestão de Projetos e Engenharia de Tráfego
Publicado em 15/07/2025 às 14h33

Vivemos em uma era em que os governos dependem cada vez mais da comunicação de massa para apresentar programas, justificar decisões e construir lideranças. No entanto, essa comunicação nem sempre se traduz em ação concreta — especialmente quando o assunto é mobilidade urbana. A Região Metropolitana da Grande Vitória é um exemplo claro de como a falta de planejamento e execução pode comprometer a qualidade de vida de milhares de cidadãos.

A política, antes dominada pelos partidos, hoje é mediada pelos meios de comunicação, que moldam percepções e influenciam decisões. Em um Estado democrático, a clareza dos sinais emitidos pelo governo é essencial para que a população compreenda, critique e participe das transformações propostas. Quando essa comunicação falha — ou pior, quando é usada para mascarar a realidade — a sociedade se torna refém de uma percepção distorcida, anestesiada diante de problemas crônicos.

É o que acontece com temas como segurança, saúde, transporte e infraestrutura. Situações como congestionamentos diários, obras inacabadas e promessas não cumpridas tornaram-se tão comuns que já não causam indignação. A tolerância excessiva, nesse contexto, não é virtude: é um risco. A aparente paz social pode esconder uma bomba-relógio prestes a explodir.

Entre os maiores gargalos da nossa região estão os acessos a Vila Velha e Cariacica. A ligação entre Vitória (Santo Antônio) e Cariacica (Rodovia José Sette) é discutida desde 2010. O projeto da nova ponte, com faixas exclusivas para ônibus, ciclovias e calçadas, foi orçado em R$ 700 milhões em 2013. Uma obra com esse perfil não é luxo — é necessidade. Ela reduziria o congestionamento, estimularia o transporte coletivo e traria ganhos ambientais e econômicos para toda a região.

Já a Terceira Ponte, principal ligação entre Vitória e Vila Velha, foi inaugurada em 1989 para suportar cerca de 3 mil veículos por dia. Hoje, mais de 60 mil cruzam por ali diariamente. Mesmo com a ampliação realizada em 2023 — que incluiu novas faixas e a Ciclovia da Vida — o trânsito continua caótico nos horários de pico. Quanto à ciclovia, até o momento não há dados oficiais divulgados sobre a movimentação diária de bicicletas tradicionais e elétricas, tampouco dos perfis dos usuários — informações que seriam importantes conhecer.

Trânsito
Prefeitura faz mudanças no trânsito na Rua Clóvis Machado, que dá acesso à Terceira Ponte. Crédito: Carlos Alberto Silva

Estudos sobre a construção de uma quarta ponte ou de um túnel entre Vitória e Vila Velha existem há mais de uma década. Os benefícios são evidentes: alívio no tráfego, valorização urbana, integração metropolitana e incentivo ao transporte sustentável. O que falta, então? Vontade política, prioridade orçamentária e, acima de tudo, pressão popular.

Nada disso é segredo. É uma questão de planejar, investir e executar. O que está em jogo é a capacidade de transformar diagnósticos em soluções. A população não pode mais se contentar com promessas ou paliativos. É hora de cobrar, com firmeza e constância, as ações que realmente podem destravar o futuro da Grande Vitória.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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