O Espírito Santo vive um dos processos de envelhecimento populacional mais acelerados do país. De acordo com o Censo 2022, já são mais de 631 mil pessoas com 60 anos ou mais no Estado, o que representa um crescimento de 73% em relação a 2010. Esse fenômeno pode ser explicado, em parte, pelas condições favoráveis de qualidade de vida, como a presença de cidades litorâneas com praias, calçadões, lagoas e espaços para atividades físicas ao ar livre, além do investimento de diversos municípios do interior em áreas de lazer e convivência.
Além disso, a expectativa de vida capixaba alcançou 79,8 anos, a segunda maior do Brasil, atrás apenas de Santa Catarina. Esses números traduzem uma conquista social, mas também trazem novos desafios para a economia, para o sistema de saúde e para as famílias capixabas.
O aumento da longevidade vem acompanhado da maior incidência de doenças crônicas, como cardiovasculares e câncer, que já respondem por quase um terço das internações e mortes entre os idosos no Espírito Santo. Essa realidade exige a expansão da atenção primária à saúde, capaz de atuar na prevenção e no acompanhamento precoce, reduzindo custos hospitalares e garantindo mais qualidade de vida.
Paralelamente, a saúde mental ganha centralidade: a solidão, a depressão e a ansiedade aparecem como problemas recorrentes, que demandam políticas de integração social, centros de convivência e iniciativas comunitárias.
No campo econômico, o envelhecimento amplia gastos com previdência e assistência, mas abre espaço para a chamada “economia prateada”. O turismo adaptado, os serviços de saúde especializados e o consumo voltado para esse público representam novas frentes de negócios e geração de empregos.
Nesse sentido, o Espírito Santo tem condições de se destacar, já que dispõe de cidades litorâneas com infraestrutura de lazer, municípios do interior que investem em áreas de convivência e uma crescente conscientização da população sobre hábitos de vida mais saudáveis.
A resposta a esse cenário passa por estratégias conjuntas. É fundamental fortalecer a atenção primária, promover o envelhecimento ativo com investimentos em atividades físicas e culturais, ampliar os programas de saúde mental, formar cuidadores e apoiar famílias que assumem os cuidados de longo prazo.
Além disso, o uso de tecnologias de monitoramento e engajamento pode garantir mais autonomia aos idosos e reduzir a pressão sobre os serviços de saúde. Outro ponto central é estimular a permanência dos mais velhos no mercado de trabalho, seja por necessidade ou por escolha, por meio de políticas de requalificação e ergonomia, valorizando a experiência acumulada e aliviando a pressão sobre a previdência.
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O Espírito Santo está diante de um desafio que, se bem administrado, pode se transformar em uma oportunidade. Além de reagir aos impactos do envelhecimento, é hora de planejar uma sociedade que reconheça a longevidade como ativo social e econômico. Investir em prevenção, inclusão e inovação é garantir não apenas mais anos de vida para os capixabas, mas também mais vida aos anos.
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