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É diretor de Marketing da MedSênior

O conceito do que é ser idoso ficou velho

Se o futuro é prateado, que ele seja também vibrante e cheio de novas possibilidades para quem já viveu tanto e vai viver ainda mais

  • Maycon Oliveira É diretor de Marketing da MedSênior
Publicado em 01/10/2025 às 09h00

O Dia Internacional da Pessoa Idosa, celebrado em 1º de outubro, é um convite à reflexão. Vivemos hoje no Brasil uma mudança expressiva do ponto de vista demográfico: dados da Organização das Nações Unidas (ONU) nos mostram que a população brasileira acima dos 50 anos saltou de 9,1% em 1950 para 15,1% em 2000 e já era de 27,9% em 2024.

As projeções são de que o grupo represente 43,2% da população em 2050 e ultrapasse os 50% em 2078.

Junto com o salto quantitativo, vimos surgir diante de nós “um novo idoso”, que nada tem a ver com a placa que vemos por aí indicando vagas, assentos e filas prioritárias para aqueles que têm 60 anos ou mais.

Ao contrário, a ilustração de uma pessoa encurvada fazendo uso de bengala está muito aquém do que representa ser idoso em nossos dias e fazer parte de um negócio diretamente voltado para esse público nos dá condições de dizer que, de fato, não se fazem mais idosos como antigamente, no melhor dos sentidos.

O novo idoso trabalha, dirige, se exercita, viaja, define suas prioridades, faz a gestão da própria saúde, escolhe contribuir ou não no cuidado com os netos e é protagonista da economia prateada – um termo criado na década de 1950, que faz referência aos cabelos grisalhos que eles hoje decidem assumir ou não (e tudo bem) –, que será responsável por 35% do consumo privado do País em 2044, nove pontos percentuais acima do que os 24% registrados em 2024.

A projeção, divulgada pela consultoria Data8, indica, em valores, um aumento de R$1,8 trilhão para R$3,8 trilhões neste período. O montante é expressivo e, se representa oportunidades, também traz consigo desafios.

Afinal, o que precisamos transformar em nossos governos, em nossos negócios, em nosso marketing, em nossas pesquisas ou nos serviços e produtos que comercializamos para atender mais e melhor as demandas desse público, construindo relações de consumo positivas para todas as partes envolvidas? O que podemos fazer para que as pessoas vivam mais, mas também vivam melhor?

A economia prateada exige que empresas e marcas ampliem seus olhares. Produtos e serviços voltados para esse público não podem ter como mote apenas temas referentes a limitações, doenças, fragilidades e vulnerabilidades. Claro que esses temas também precisam ser discutidos e contemplados porque, em algum momento, podem vir a fazer parte da vida de todos nós e dos nossos. Mas eles não precisam ser a única abordagem.

O mercado também precisa considerar assuntos como longevidade ativa, inclusão digital, acessibilidade e representatividade, abandonando estereótipos.

casal; consumo; redes sociais; idosos
Idosos. Crédito: Kampus Production/Pexels

Da nossa parte, incorporamos ao negócio o conceito do “Bem Envelhecer”, desenvolvido a partir de um trabalho realizado em conjunto com pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), com o objetivo de ampliar esse olhar e estendê-lo a dimensões para além da saúde física.

Afinal, bem envelhecer envolve múltiplos aspectos. A saúde física e mental é fundamental, mas há também questões relacionadas às finanças, às relações sociais, ao trabalho e à qualidade de vida que precisam ser levadas em conta.

O conceito de idoso ficou velho. E talvez seja hora de aposentar também as ideias ultrapassadas que ainda insistem em tratá-los como frágeis, dependentes ou invisíveis. Se o futuro é prateado, que ele seja também vibrante e cheio de novas possibilidades para quem já viveu tanto e vai viver ainda mais.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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