No último dia 14 de julho, um levantamento feito pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e pela Organização Mundial de Saúde (OMS) trouxe o Brasil na lista dos 20 países com mais crianças não imunizadas no mundo.
A desinformação sobre a segurança das vacinas, que encontrou na pandemia da Covid-19 terreno fértil para se consolidar devido às narrativas ideológicas, é um dos principais fatores para esse triste feito.
No Espírito Santo, a saúde pública vem fortalecendo o uso da tecnologia e da educação para construir um cenário que vai na contramão da realidade brasileira. Para o levantamento, foram considerados os dados de bebês que receberam pelo menos uma dose da vacina contra difteria, tétano e coqueluche (DTP*).
Em 2024, 89% dos bebês no mundo – cerca de 115 milhões – receberam pelo menos uma dose da vacina contra difteria, tétano e coqueluche (DTP*), e 85% – aproximadamente 109 milhões – completaram todas as três doses.
No Brasil, a vacina oferecida é a pentavalente, que protege contra difteria, tétano e coqueluche e também contra hepatite B e haemophilus influenza tipo b.
Superando e muito a média mundial, no Espírito Santo, em 2024, 93,62% dos bebês – 43.157 mil – completaram as três doses. A cobertura vacinal preconizada pelo Ministério da Saúde para a pentavalente é de 95%.
Apesar de ainda não alcançar a meta, a cobertura capixaba apresenta um avanço importante nos últimos anos, principalmente com a queda das coberturas vacinais iniciada há dez anos e acentuada com a pandemia da Covid-19. Em 2021, durante o segundo ano da pandemia, por exemplo, a cobertura vacinal da pentavalente foi de apenas 77,71%.
Vale ressaltar ainda que, no nosso Estado, em 2024, 14 das 19 vacinas do Calendário da Criança monitoradas pelo painel da Rede Nacional de Dados em Saúde alcançaram uma cobertura de 90% ou mais, sendo que seis delas com meta preconizada de 90% a 95%.
E o que faz o Espírito Santo se diferenciar desse cenário? Podemos listar uma série de ações que a Secretaria da Saúde (Sesa), por meio do Programa Estadual de Imunizações (PEI), realiza ao longo do ano, mas, gostaríamos de destacar duas em especial, que vêm mostrando que as estratégias voltadas à recuperação das coberturas vacinais podem e devem seguir neste caminho, que é com o trabalho da Educação em Saúde e com o uso da tecnologia em prol de melhores resultados.
É importante destacar que nenhuma das ações dão resultados se os municípios não participarem ativamente. No Espírito Santo há uma importante sinergia entre o poder Estadual e o municipal nesse processo de recuperação, com um trabalho contínuo junto às referências de Imunização e da Atenção Primária à Saúde.
Um dos acertos tem sido as ações intersetoriais, com a parceria da Educação, com a instituição do Programa Estadual de Vacinação em Escolas Públicas de ensinos Infantil e Fundamental, que objetiva intensificar as ações de vacinação e de elevar a cobertura vacinal de crianças e adolescentes.

Com o programa, a Sesa incentiva também a realização de atividades educativas a fim de sensibilizar a comunidade sobre a importância e a segurança das vacinas. Entendemos que com a Educação em Saúde podemos promover, além da conscientização, a capacitação e a mudança de comportamento da população para a promoção da saúde e prevenção de doenças, especialmente nas crianças que levam aos pais essas informações.
Concomitante, o PEI realiza ações mensais em parceria de instituições de Ensino Superior com o Projeto Zé Gotinha nas Escolas, que pretendemos ampliar a mais municípios capixabas. Além disso, regulamentamos a Lei Estadual nº 10.913/2018 que prevê a apresentação da situação vacinal na matrícula e rematrícula escolar.
Com a tecnologia, destacamos o investimento contínuo no sistema de informação de imunização capixaba, o Vacina e Confia (VeC), que é responsável por qualificar os dados de vacinação mediante capacitação e supervisão nos municípios. Com as funcionalidades do VeC podemos iniciar, de maneira inédita, o envio de mensagens de textos por celulares (SMS) de pais e responsáveis para avisá-los sobre a situação de esquema vacinal de seus filhos.
Iniciamos esse envio no ano passado, para pais cujas crianças não haviam iniciado o esquema vacinal contra a dengue ou estavam em atraso, e neste ano ampliamos para comunicá-los sobre a situação da vacina contra a gripe.
E não paramos por aqui. Com as funcionalidades que o nosso sistema de informação próprio nos proporciona, estamos desenvolvendo painéis para o monitoramento das coberturas vacinais que nos permitirá identificar de forma ainda mais assertiva as regiões e os grupos com baixa adesão para, assim, direcionar esforços específicos para essas áreas.
Os esforços de inúmeros profissionais de saúde visam garantir uma premissa básica das vacinas, que infelizmente, por questões políticas e ideológicas, e jamais técnicas, vem sendo afetada, que é: as vacinas salvam vidas!
Elas sempre salvaram e continuarão salvando e, se depender da saúde pública capixaba, a imunização continuará sendo um dos motivos de orgulho de toda a nossa população.
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