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É advogada, professora da Fucape Business School e subsecretária de Competitividade do Espírito Santo

Energias renováveis ajudam também na redução da desigualdade de gênero

Mulheres representam 32% da mão de obra no setor de transição energética, contra 22% das contratações no setor de petróleo e gás

  • Rachel Freixo É advogada, professora da Fucape Business School e subsecretária de Competitividade do Espírito Santo
Publicado em 12/06/2021 às 02h00
Ano de 2021 entrará para a história da OAB, com mais participação feminina e negra
Promover a igualdade de gênero deve ser alta prioridade nos setores público e privado. Crédito: Freepik

A mudança do clima é assunto recorrentemente debatido pela sociedade internacional. Desde a década de 1990 existe uma preocupação em torno do tema, e seu ápice se deu com a Convenção Quadro das Nações Unidas Sobre Mudança do Clima, de 1992, que estabeleceu um processo de tomada de decisão coletiva entre os países, orientando-os no combate aos efeitos das mudanças climáticas.

Somando-se a isso, a pandemia do novo coronavírus impactou diretamente na economia mundial e o setor de energia desempenha um papel crucial em meio à crise, pois com o encolhimento das atividades industriais e a redução no consumo de energia, o preço dessa commodities foi também atingido, ocasionando uma contração econômica massiva ao redor do mundo.

Nesse cenário, as energias renováveis sustentam o desenvolvimento socioeconômico contínuo com empregos e criação de valor local, ao mesmo tempo em que combatem as mudanças climáticas e a poluição do ar. Embora sofra junto com toda a economia global, o setor de energias renováveis provou ser mais resiliente do que outras partes do setor energético.

Segundo dados da Agência Internacional de Energia Renovável (International Renewable Energy Agency – Irena), enquanto os investimentos estrangeiros em óleo e gás sofreram forte queda, os investimentos em energias renováveis, no mundo, atingiram recorde histórico no primeiro trimestre de 2020.

Essa transição energética, potencializada pelas fontes renováveis, vai muito além dos impactos econômicos, alcançando de forma sistêmica toda sociedade e oferecendo diversas oportunidades práticas. Estima-se que o número de empregos no setor pode aumentar de 10,3 milhões, registrado em 2017, para quase 29 milhões em 2050 .

Com isso, a criação de novos postos de trabalho, somada à contratação ampla de novos talentos, é uma ferramenta importante para garantir que as oportunidades que o setor forneça neste momento de crescimento possibilite a redução da desigualdade de gênero.

Segundo relatório publicado pela Irena, denominado “Energia Renovável: Uma Perspectiva de Gênero”, em uma perspectiva mundial, as mulheres representam 32% da mão de obra no setor de energias renováveis. Isso se compara a 22% das contratações no setor de petróleo e gás, e mais de 48% na participação global da força de trabalho, aponta o estudo.

Em um momento em que o Fórum Econômico Mundial publicou, em março de 2021, o Índice Global de Desigualdade de Gênero, demonstrando que, infelizmente, o Brasil caiu uma posição. Foi para 93º entre 156 países e aparece como o 2º pior na desigualdade entre mulheres.

Contudo, eis uma boa notícia: o fortalecimento do setor de energia renováveis não é apenas uma questão de transição energética, mas também é uma importante ferramenta de justiça social e desigualdade de gênero, permitindo inclusive um o avanço no cumprimento dos compromissos internacionais do Objetivos de Desenvolvimento Sustentável – ODS nº 05 equidade e gênero.

Portanto promover a igualdade de gênero deve ser uma alta prioridade nos setores público e privado, e o crescimento dos investimentos em geração de energia a partir de fontes renováveis é sem dúvida um grande indutor para reduzirmos dia após dia esta inconveniente desigualdade.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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