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É economista e conselheiro do Conselho Regional de Economia do Espírito Santo (Corecon-ES)

Com vacinação em massa, Brasil pode iniciar ciclo virtuoso de recuperação

Bom resultado do PIB ainda não é suficiente para recuperar a economia brasileira, sobretudo diante da aceleração da inflação. É preciso frear avanço da pandemia

  • Ricardo Paixão É economista e conselheiro do Conselho Regional de Economia do Espírito Santo (Corecon-ES)
Publicado em 11/06/2021 às 02h00
A dívida pública chegou a 85,5% do PIB em junho
PIB brasileiro cresceu 1,2% no primeiro trimestre de 2021,. Crédito: Burak K/ Pexels

Ao contrário do ano passado, quando apresentou recuo de -2,2% no primeiro trimestre, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresceu 1,2% no primeiro trimestre de 2021, superando as expectativas. O resultado animou o mercado financeiro, que agora projeta um crescimento do PIB de 3,96% para o ano.

Importante destacar que o bom resultado desse indicador ainda não é suficiente para recuperar a economia brasileira dos impactos negativos provocados pela pandemia do coronavírus. O ritmo lento de vacinação e o desemprego recorde são fatores de preocupação, ainda que o PIB tenha apresentado o terceiro trimestre consecutivo de crescimento sobre o período anterior.

O crescimento do PIB pode ser creditado ao arrefecimento das medidas de restrições, que impediam o funcionamento pleno das atividades econômicas, e à percepção por parte da população de que a pior fase da pandemia já teria passado, mesmo diante da segunda onda, com aumento das transmissões, internações e óbitos.

Um ponto de preocupação para o mercado aponta para a aceleração da inflação. Segundo o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação oficial do país, a expectativa do mercado para este ano subiu de 5,31% para 5,44%. Como o centro da meta de inflação vigente é de 3,75%, podendo variar de 2,25% a 5,25%, se a projeção do mercado se concretizar a taxa de inflação terminará o ano acima da meta oficial.

Basicamente, quatro fatores principais pesam para a alta da inflação: aumento do preço dos alimentos, causado tanto por uma questão de aumento de demanda, quanto redução da produção; a valorização das commodities, cujo preço subiu em dólar, favorecendo a exportação e reduzindo a oferta para o mercado doméstico; a taxa de câmbio, com a desvalorização do real em relação ao dólar, o que encareceu os preços de commodities, afetando toda a estrutura produtiva; as sazonalidades, como a questão climática para produção de alimentos.

Caso o governo federal consiga realizar a vacinação em massa da população, teremos as condições adequadas para que a economia inicie um ciclo virtuoso de recuperação. Mas se esse pilar não for garantido, o crescimento indicado não será concretizado.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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