O Dia Nacional de Luta dos Povos Indígenas é comemorado no dia 7 de fevereiro e foi instituído em 2008. É um marco da luta dos povos originários contra o processo de invasão, ocupação e exploração dos colonizadores. A data faz referência a morte da liderança guarani Sepé Tiaraju em 1756.
Após a invasão do território da América do Sul ocorreram muitos levantes que ofereceram resistência à dominação dos colonizadores. Desde o início da ocupação européia, os povos indígenas lutaram pela manutenção de suas terras e modos de vida. Sepé Tiarajú tornou-se um símbolo dessa resistência.
No campo político podemos ressaltar avanços na luta dos povos indígenas. A luta contra o marco temporal e a criação e atuação do Ministério dos Povos Indígenas (MPI) são sinônimo de embates e conquistas relevantes. A audiência de conciliação sobre o marco temporal, convocada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, deverá acontecer em 28 de fevereiro deste ano.
O MPI, que representa a ocupação estratégica dos povos indígenas no cenário da política nacional, é liderado pela ministra Sonia Guajajara. A ativista indígena levou para a cena política conhecimentos adquiridos em suas lutas que vêm embasando a formulação de políticas públicas relativas aos direitos dos povos originários em diferentes áreas como a educação, a saúde, direito e proteção aos territórios.
O MPI atua em três eixos principais: a demarcação e proteção das terras indígenas, os planos de gestão ambiental e territorial dessas terras, e a valorização e o resgate da memória, da cultura e das línguas indígenas. No que tange a esse último eixo deve-se ressaltar a riqueza da cultura indígena e sua contribuição na formação social do Brasil.
A formação da identidade nacional brasileira tem vários elementos da cultura dos povos originários como a língua, a culinária, a dança, as festas populares e as práticas de cura. As práticas medicinais estão associadas ao uso de plantas como o guaraná, o boldo, o óleo de copaíba, a catuaba e a semente de sucupira.
No que tange à influência na nossa língua cita-se o uso palavras do vocabulário cotidiano de origem indígena, como abacaxi, mandioca, tatu, gambá, pipoca, cupuaçu, cacau, tamanduá, sabiá e samambaia. No campo das artes manuais a contribuição dos povos indígenas está presente no trançado de cestarias, no macramê de pulseiras, brincos e gargantilhas, e nos grafismos. Nas festas populares do Brasil há elementos de origem indígena, como música, dança, ornamentos e rituais.
Ressalta-se o legado cultural dos povos originários, como por exemplo, a Arte Kusiwa, o sistema de representação gráfica dos povos Wajãpi, do Amapá; o Ritxòkò, que são as bonecas de cerâmica do povo Karajá; o Ritual Yaokwa, que é a celebração do povo Enawene Nawe, do Mato Grosso.

Tem-se, ainda, o patrimônio material, como o Tava, um sítio histórico do povo Guarani, e natural, a Cachoeira de Iauaretê, local de referência para os povos indígenas da região dos rios Uaupés e Papuri. Desta forma, a luta dos povos indígenas se confunde com a luta pela preservação da cultura material, imaterial e ambiental no Brasil.
E é neste cenário que a sociedade precisa reconhecer que a preservação dos espaços de manifestação cultural dos povos indígenas é fundamental para garantir a continuidade de suas identidades, histórias e saberes. Esses espaços, que envolvem tanto as terras quanto as práticas culturais, representam a resistência e o legado dos povos originários frente à colonização.
As políticas públicas de proteção às terras e valorização das tradições não apenas reconhecem as contribuições desses povos à formação do Brasil, mas também asseguram que suas culturas sejam transmitidas às futuras gerações. A luta pela preservação desses espaços é fundamental para garantir o respeito à diversidade e aos direitos indígenas.
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