Em tempos de empreendedorismo em alta, é comum ouvirmos histórias de empresas que cresceram vertiginosamente em pouco tempo. Essas narrativas costumam inspirar e com razão. No entanto, o que raramente se vê são os bastidores dessas expansões, repletos de riscos, armadilhas e decisões que, se mal calculadas, podem transformar uma promessa de sucesso em um fracasso retumbante.
Crescer é o desejo de todo empresário. Mas será que as empresas estão realmente preparadas para lidar com os efeitos colaterais de um crescimento acelerado?
Imagine que, de um mês para o outro, a empresa dobre o volume de pedidos. Você conseguiria atender essa nova demanda sem comprometer a qualidade? Seu fluxo de caixa suportaria os investimentos extras em matéria-prima, mão de obra e logística? Sem um planejamento estratégico sólido, o que parecia ser uma excelente notícia pode virar um pesadelo operacional.
Os perigos ocultos do crescimento descontrolado
As contratações podem se tornar equivocadas. Na ânsia de expandir, é comum que empresas contratem rapidamente e mal. Sem tempo para processos seletivos adequados, o risco de trazer pessoas despreparadas aumenta, impactando a cultura organizacional e os resultados.
Com o aumento das despesas operacionais e investimentos, muitos empresários perdem de vista seus números. Sem uma gestão financeira rigorosa, o negócio pode até faturar mais, mas sem gerar lucro ou pior: acumulando dívidas.
O crescimento traz complexidade. Mais departamentos, mais pessoas, mais decisões. Se a liderança não evoluir junto com a empresa, decisões erradas podem comprometer toda a estrutura construída até ali. Também pode haver queda na qualidade. A atenção personalizada ao cliente, que muitas vezes é um dos diferenciais da empresa, costuma ser uma das primeiras vítimas do crescimento desorganizado. E cliente mal atendido dificilmente retorna e costuma espalhar sua insatisfação.
Processos que funcionavam bem com uma estrutura pequena podem se tornar gargalos em uma operação maior. A falta de revisão e padronização operacional pode comprometer toda a cadeia de entrega. Sistemas que antes davam conta do recado também podem não suportar o novo volume de dados, pedidos ou acessos. Muitas empresas descobrem tarde demais que precisam atualizar suas ferramentas tecnológicas.

Esse é um dos maiores problemas na empresa. Confundir o crescimento da empresa com liquidez. A empresa fatura mais, mas precisa pagar fornecedores antes de receber dos clientes. Resultado: o caixa fica negativo, e a empresa se vê em apuros para honrar seus compromissos.
Por fim, crescer com consciência. Não se trata de frear o crescimento, mas de garantir que ele seja sustentável. Planejamento, controle e visão de longo prazo são fundamentais para que o crescimento represente, de fato, um avanço e não o início de uma crise. Antes de acelerar, pergunte-se: minha empresa está preparada para crescer? Tenho processos, pessoas e estrutura para lidar com o que vem pela frente? Crescer é bom. Crescer com solidez é melhor ainda.
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