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É arquiteta, urbanista e presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Espírito Santo (CAU-ES)

Como reconhecer quem cuida da qualidade de vida nas cidades

Quando falamos em cidades mais humanas, falamos de escolhas profissionais que colocam as pessoas no centro

  • Priscila Ceolin É arquiteta, urbanista e presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Espírito Santo (CAU-ES)
Publicado em 15/12/2025 às 15h06

No dia 15 de dezembro celebramos o Dia Nacional do Arquiteto e Urbanista, uma data que convida a sociedade a olhar para além da estética das cidades e reconhecer a arquitetura como um instrumento essencial de promoção do bem-estar, da saúde pública e da qualidade de vida. A forma como planejamos, construímos e ocupamos os espaços influencia a rotina das pessoas, suas relações, a sensação de segurança e até a saúde física e mental.

A arquitetura não é sobre edifícios isolados, mas sobre pessoas. É sobre criar ambientes que acolhem, protegem e possibilitam vidas mais dignas. Nesse sentido, uma rua bem iluminada pode contribuir para a redução da violência quando faz parte de um conjunto de ações de urbanismo seguro que envolve calçadas adequadas, percursos visíveis e espaços que convidam à permanência.

Essa relação aparece em análises recentes da Comunitas, organização dedicada a estudos e melhorias da gestão pública, que em 2025 destacou a importância da iluminação pública para a segurança urbana. Do mesmo modo, uma praça arborizada reduz a temperatura, favorece a convivência e melhora o microclima.

Esse debate ganhou força no país com o lançamento do Plano Nacional de Arborização Urbana pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, iniciativa que alerta para a expansão das ilhas de calor e orienta as cidades a ampliar áreas verdes.

Estudos internacionais publicados pelo UN-Habitat mostram resultados semelhantes ao avaliar o impacto de espaços públicos arborizados na saúde urbana, apontando benefícios na redução do estresse térmico e na promoção do bem-estar social. Em paralelo, pesquisas divulgadas pela revista Frontiers in Public Health em 2025 reforçam que ambientes urbanos com vegetação de qualidade e acessos caminháveis contribuem para a saúde emocional e a sensação de pertencimento.

No campo da habitação, uma moradia bem ventilada e iluminada reduz riscos de doenças respiratórias e melhora o conforto diário, princípio que remete às orientações da Carta de Atenas sobre salubridade e qualidade de vida. Da mesma forma, ciclovias e calçadas acessíveis ampliam o direito de ir e vir e fortalecem políticas de mobilidade ativa, enquanto hospitais, escolas e equipamentos públicos bem planejados garantem condições adequadas de acesso, organização e cuidado. Tudo isso nasce do trabalho técnico e sensível de arquitetos e urbanistas.

Por isso, quando falamos em cidades mais humanas, falamos de escolhas profissionais que colocam as pessoas no centro. Falamos de projetos que dialogam com o clima, com a cultura local, com a mobilidade e com as transformações do presente e do futuro. Em um estado que cresce e se reinventa como o Espírito Santo, esse olhar se torna ainda mais urgente. É preciso expandir com responsabilidade e avançar sem perder a dimensão humana.

Urbanismo
Urbanismo. Crédito: Pixabay

Para que essa contribuição se concretize plenamente, é essencial valorizar o exercício profissional. Arquitetos e urbanistas atuam em áreas estratégicas, que exigem responsabilidade técnica, estudo contínuo e compromisso ético. Quando a sociedade reconhece esse papel e quando o poder público assegura condições adequadas de trabalho, fiscalização e contratação, todos ganham. Cidades tornam-se mais seguras, mais saudáveis e mais justas.

Neste Dia do Arquiteto e Urbanista, celebramos os profissionais que dedicam sua vida a transformar espaços em oportunidades de desenvolvimento humano. Que possamos reforçar a importância dessa atuação e compreender que investir em arquitetura e urbanismo é investir em saúde, dignidade e futuro.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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