Muito por conta da onda verde da COP30 realizada em Belém, o governo federal, através do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, acabou de lançar o Plano Nacional de Arborização Urbana (PlaNAU).
É uma excelente notícia!
Já utilizei este espaço para falar algumas vezes sobre arborização urbana, ou melhor, sobre a importância das árvores no espaço das cidades.
Que o clima está mudando, todos já sabem. Chuvas torrenciais, longas estiagens, calor intenso são alguns dos aspectos desta mudança que afeta toda a sociedade em todas as cidades.
Nesse ponto cabe lembrar que tudo isso é resultado da ação humana sobre o planeta. E agora, com grande esforço, estamos tentando mitigar os efeitos das alterações do clima, buscando reverter parte das consequências traumáticas que tal processo vem provocando e ainda provocará para a humanidade.
Como a maior parte da população brasileira e mundial vive nas cidades, também é preciso atuar nelas para que suas condições de habitabilidade possam contribuir tanto em nível local quanto global.
E, certamente, cidades mais arborizadas terão um papel fundamental na questão climática.
É comum pensarmos que a diminuição da temperatura local de quem circula pelas ruas é o único benefício da arborização urbana. Mas não é só para isso que servem as árvores nas nossas cidades.
Árvores deixam as ruas mais bonitas, contribuindo para a paisagem urbana e, consequentemente, para o bem-estar das pessoas. Como é agradável caminhar por cidades com ruas arborizadas! Até a fauna urbana se torna mais rica, uma vez que árvores atraem pássaros, que farão ninhos. Até os cantos deles deixam os dias mais alegres.
A folhagem e a gola (trecho entre o caule e a calçada) das árvores absorvem boa parte da água da chuva que nos molha e alaga as ruas. A poluição sonora, que tanto nos incomoda, também é bastante amenizada com a presença das árvores nas cidades.
Ah, sem falar na poluição do ar, já que as folhas das árvores, através da fotossíntese, filtram partículas finas, poeira e gases nocivos às pessoas.
Apesar de todos esses benefícios, muitas administrações municipais relutam em plantar árvores, como se elas só atrapalhassem. Parte disso se deve ao conflito que elas criam com a fiação aérea, outro mal das nossas cidades, haja vista que o ideal era que todo cabeamento fosse subterrâneo.
O curioso é que a maior parte dos pequenos municípios (com população menor que 20 mil habitantes), mais próximos de zonas rurais, são os que possuem menor cobertura arbórea.
O fato é que o nível de arborização no Brasil é muito baixo e desigual, com partes das cidades com muita área verde, enquanto outras são quase totalmente cinzas. Reproduzindo a desigualdade social brasileira, normalmente as áreas onde residem a população de maior faixa de renda são mais esverdeadas, ao passo que as periferias são desprovidas de arborização.
O PlaNAU chega para enfrentar todas essas questões.
E não bastará ter árvores, será preciso cuidar delas. Ou seja, além de expandir a cobertura arbórea, os municípios deverão ter seus próprios planos e projetos de arborização urbana contendo metas, diretrizes técnicas para plantio e manejo, definição de espécies adequadas (considerando inclusive a especificidade ambiental de cada região brasileira, a topografia de cada município), entre outros aspectos.
É o caso de Vila Velha, na região Metropolitana da Grande Vitória, que anunciou que já está elaborando seu plano de arborização urbana, com previsão de conclusão em fevereiro de 2026.
No Brasil é comum planos e leis ficarem no papel ou serem postergados inúmeras vezes. Que não seja o caso do PlaNAU. Até porque árvores levam tempo para crescer até que possam sombrear, refrescar e embelezar nossos caminhos.
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