Nos últimos anos, os eventos regionais assumiram um novo papel: deixaram de ser apenas momentos de lazer e celebração para se tornarem verdadeiros motores de desenvolvimento econômico, social e cultural. A gastronomia, por exemplo, tornou-se um dos elementos centrais desses eventos.
A justificativa está em dizer que quando valorizamos ingredientes regionais, chefs locais e receitas tradicionais — que atravessam gerações —, não estamos apenas estimulando um dos sentidos mais poderosos do ser humano, o paladar, mas vamos além: ativamos cadeias produtivas, do pequeno produtor rural ao garçom, do artesão ao músico local. Por trás de um prato típico, vemos o sorriso de diversas famílias nascer. Mas, mais do que isso, ajudamos a transformá-lo ainda em um símbolo da cultura de um povo.
E um dos maiores potenciais desses eventos é a valorização da cultura em sua forma mais genuína. Ao dar visibilidade a expressões artísticas, saberes populares, ritmos, sabores e modos de vida do Espírito Santo, por exemplo, promove-se não só entretenimento, mas pertencimento e identidade. O capixaba passa a se reconhecer e se orgulhar daquilo que é seu, da moqueca às tradições de Norte a Sul do Estado.
É possível, inclusive, enxergar um movimento fervoroso vindo do interior capixaba, através de eventos que unem música, gastronomia e resgate das raízes culturais dos municípios. Um exemplo simbólico desse processo de reativação de memórias aconteceu recentemente em festival realizado na Praça Central de Linhares, homenageando a artista Nice Avanza, uma das maiores representantes da arte naif do Brasil, de origem linharense e que ganhou o mundo.
Dando as boas-vindas ao outono, suas obras estamparam as paredes da simbólica igrejinha do município, conquistando olhares famintos por conhecimento, mentes criativas em ebulição e corações atribulados que buscavam acalento na arte. Até mesmo os “insensíveis” ao conceito artístico se renderam ao seu poder.
Além de restaurar a identidade local, eventos artísticos e culturais também impactam no turismo. Ao criar atrativos em períodos de baixa temporada ou em cidades fora do circuito tradicional, gera-se fluxo, ocupação hoteleira, movimentação de bares, restaurantes, comércios e serviços. É o chamado "turismo de experiência", que valoriza o que há de mais autêntico em cada território: sua gente, sua arte, sua comida, suas histórias.
Além disso, eventos bem estruturados criam oportunidades para o setor público e a iniciativa privada trabalharem em conjunto. Com planejamento, comunicação eficiente e foco em resultados, é possível transformar uma ideia cultural em uma plataforma de desenvolvimento sustentável. O impacto positivo se mede em números — como geração de empregos temporários e permanentes, aumento da arrecadação e fortalecimento do comércio —, mas também em sentimento: o orgulho de pertencer.
Mais do que eventos, são movimentos. Movimentos que unem comunidades, que criam conexões reais entre tradição e inovação, e que mostram que, sim, dá gosto ser capixaba. E que o nosso Espírito Santo tem muito a mostrar, compartilhar e celebrar.
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