A pesquisa "O Futuro do Trabalho", realizada pelo Fórum Econômico Mundial em 2020, revelou que o pensamento crítico, a criatividade e a resolução de problemas são habilidades do profissional do futuro. Engana-se, entretanto, quem acredita que essas competências são desenvolvidas apenas na fase adulta. A formação de líderes de destaque em suas carreiras começa cedo.
Diversos estudos nas áreas de fonoaudiologia, psicopedagogia, neuropsicopedagogia, terapia ocupacional e psicomotricidade mostram que o corpo é o primeiro instrumento de aprendizado. Já nos primeiros meses de vida, quando engatinha, o bebê passa a ter noção do espaço que ocupa e aprende que a cabeça e as mãos ficam na parte de cima do corpo e os pés, na de baixo. Tais conhecimentos são fundamentais anos depois, quando chega a hora de segurar o lápis para desenhar, pintar e traçar as letras que compõem o seu nome.
Esse movimento da criança é possível graças à coordenação motora, que é a capacidade que o corpo tem de receber estímulos do cérebro e respondê-los de forma harmoniosa. Ela possibilita que o ser humano realize tarefas como segurar objetos, escrever, andar, subir escadas, dirigir e praticar esportes.
A coordenação motora também tem relação com o desenvolvimento das funções cognitivas e executivas. As primeiras se referem a aspectos como atenção, memória, percepção, sensação e linguagem. Já entre as segundas, destacam-se a memória operacional, a flexibilidade cognitiva e o controle inibitório.
A memória operacional ou a curto prazo é responsável pelos pequenos planejamentos. A flexibilidade cognitiva é a habilidade de pensar diferente e propor soluções para situações que saíram diferente do esperado. Já o controle inibitório faz com que o indivíduo pense no que precisa ser feito e freie a impulsividade.
A falta de coordenação motora faz com que as crianças tropecem e caiam, derrubem coisas e tenham dificuldades para atividades como abotoar a camisa e amarrar o tênis. Além disso, suas funções não evoluem, o que pode gerar atrasos no aprendizado e na realização de atividades escolares. Uma criança descoordenada, com motricidade comprometida, pode se transformar em um adulto com autoestima baixa e problemas de relacionamento pessoal e profissional.
De maneira geral, crianças nascidas de uma gestação saudável e um parto sem complicações são consideradas neurotípicas, ou seja, propícias a ter uma boa coordenação motora. Entretanto, a falta de estímulos dos familiares e as particularidades sociais que a criança está inserida podem também impactar nesse desenvolvimento e afetar a vida escolar e as relações.
Felizmente, é possível desenvolver a coordenação motora da infância até a velhice. O caminho é apostar em atividades lúdicas que explorem figuras, cores e partes do corpo para a realização de exercícios que implicam em deslocamento. Quando o processo envolve jogos, brincadeiras, músicas, ritmos e danças, ele se torna divertido e todas as faixas etárias sentem mais vontade de participar. O resultado é um corpo ágil, bem coordenado e uma mente mais saudável, preparada para lidar com os desafios com serenidade, inteligência e criatividade.
Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.