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É CEO da Bluzz Saúde

100 mil japoneses com 100 anos: o cuidado que precisamos cultivar no Brasil

A rotina dos japoneses incorpora movimento, seja caminhando, seja realizando tarefas do dia a dia. Essa prática, somada à participação comunitária e às conexões sociais, tem reflexos positivos diretos na saúde física e mental

  • Márcio Almeida É CEO da Bluzz Saúde
Publicado em 15/09/2025 às 13h49

O Japão alcançou recentemente uma marca impressionante: quase 100 mil pessoas com 100 anos ou mais. Esse número, que cresce há 55 anos consecutivos, não é apenas um dado demográfico, mas um reflexo de escolhas sociais, culturais e de políticas públicas voltadas para a saúde e o bem-estar.

Entre os fatores que explicam essa longevidade estão a alimentação equilibrada, rica em nutrientes e pobre em gorduras saturadas, o acesso universal a serviços de saúde, as práticas preventivas adotadas desde o pós-guerra, além do estilo de vida ativo e das fortes redes de apoio familiar e comunitário. A ciência nos mostra que a soma desses elementos é capaz de transformar a expectativa de vida de um país inteiro.

Quando olhamos para essa realidade, é inevitável refletirmos sobre o Brasil. Assim como no Japão, não existe um único segredo para envelhecer bem. A longevidade saudável depende de um conjunto de fatores: hábitos alimentares, prática regular de atividades físicas, acompanhamento médico preventivo, atenção à saúde mental e uma rede de apoio que favoreça o bem-estar.

Um ponto importante é o papel da prevenção. No Japão, programas de saúde pública reduziram drasticamente a mortalidade por doenças cardiovasculares e alguns tipos de câncer. A lógica é simples: quanto mais cedo identificamos riscos, maiores são as chances de intervenção eficaz e menor o impacto no sistema de saúde.

Outro aspecto relevante é o estilo de vida ativo. A rotina dos japoneses incorpora movimento, seja caminhando, seja realizando tarefas do dia a dia. Essa prática, somada à participação comunitária e às conexões sociais, tem reflexos positivos diretos na saúde física e mental. A ciência mostra que isolamento e solidão são fatores de risco para diversas doenças, enquanto a vida social ativa contribui para um envelhecimento mais saudável.

Não se pode ignorar também o papel da nutrição. A dieta tradicional japonesa, rica em peixe, soja, vegetais e chá verde, ajuda a reduzir a incidência de doenças crônicas e está diretamente ligada à longevidade. O equilíbrio entre moderação, diversidade alimentar e hábitos enraizados na cultura se revela um aliado poderoso da saúde.

Japão. Crédito: Getty Images
Japão. Crédito: Getty Images

Por fim, é claro que fatores genéticos e biológicos também exercem influência, mas a maior parte das pesquisas aponta para o peso do ambiente e dos comportamentos. É a forma como uma sociedade organiza sua rotina, sua saúde pública e suas relações humanas que, em grande parte, define quanto tempo e com que qualidade as pessoas vivem.

A experiência japonesa mostra que a longevidade não é obra do acaso. É fruto de um sistema que valoriza a vida em cada detalhe – da mesa de refeições às caminhadas diárias, da atenção primária às conexões sociais. Temos, no Brasil, o desafio e a oportunidade de construir esse caminho, adaptado à nossa realidade, mas inspirado por exemplos de sucesso.

Envelhecer é um privilégio. Envelhecer com saúde e qualidade de vida é um projeto coletivo que começa nas escolhas individuais, mas só se sustenta quando a sociedade como um todo se compromete com ele. O futuro que desejamos depende do cuidado que estamos dispostos a cultivar hoje.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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