Publicado em 25 de novembro de 2020 às 13:08
Os processos seletivos das empresas estão inovando ao longo dos anos, com abertura de vagas de trainee exclusivamente para negros e oferta de empregos para pessoas com mais de 50 anos. É cada vez mais notória a adaptação para transformar as equipes de trabalho em grupos com maior diversidade. >
Para explicar o comportamento das empregadoras em relação aos programas de diversidade, a professora universitária Luciana Moura cita dados de uma pesquisa da Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (Aberje), realizada em 2019. Segundo o levantamento, 47% das empresas declararam que o investimento em programas de diversidade traz soluções inovadoras para os negócios.>
Luciana destaca alguns benefícios para os empreendimentos que optam por investir na diversidade em seus processos de contratação. Entre as vantagens, estão o maior alcance da preferência dos consumidores que também são um público distinto e pluralizado ; o aumento da capacidade de atrair e reter talentos; a possibilidade de a empresa tornar-se mais democrática.>
Luciana Moura
Professora universitáriaEm relação ao conceito de diversidade, a professora explica que há duas categorias: a cognitiva, que tem relação com as habilidades e valores pessoais, e a demográfica, voltada para questões de gênero, etnia, orientação sexual, idade e história cultural. As empresas ouvidas pela pesquisa da Aberje declararam que os tipos de diversidade mais contemplados por seus programas incluem pessoas com deficiência (96% das empresas), identidade de gênero (83%), cor/etnia (78%) e orientação sexual (74%).>
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Para elaborar um processo seletivo mais abrangente e inclusivo, é importante fazer um reconhecimento dos colaboradores, identificar uma boa estratégia e, enfim, criar o programa e executá-lo de forma contínua.>
Uma boa ideia é começar com um diagnóstico da diversidade organizacional da força de trabalho, seguida de um mapeamento da representatividade dos grupos na comunidade ou sociedade na qual a empresa está inserida. A partir daí podem ser planejadas as distribuições de vagas e a implementação de um programa que contemple um sistema contínuo de avaliação, incluindo pesquisas de clima organizacional, e também plano de carreira, defende Luciana.>
Porém, a professora pontua que a inclusão só acontece, de fato, quando o colaborador tem condições dignas de trabalho. Precisamos entender que a inclusão é um processo complexo e significa não apenas abrir vagas de emprego destinadas a determinado grupo, mas também possibilitar que as pessoas contratadas sejam tratadas de forma justa, tenham igualdade de oportunidades nos processos internos, finaliza.>
Pesquisa do Hay Group (2010-2014) mostra:
Organizações com funcionários mais motivados têm sua receita líquida crescendo 4,5 vezes mais do que as demais. Apenas 5% procuram saber como seus funcionários percebem o ambiente de diversidade no dia a dia de trabalho. Nos Estados Unidos e países da Europa, esse número salta para 20%.
Estudo feito pelo Instituto Ethos9 (2015) com 500 empresas brasileiras apontou que:
Apenas 2% dos funcionários das maiores empresas brasileiras são pessoas com deficiência (o mínimo exigido por lei). As mulheres representam 58,9% dos estagiários e apenas 13,6% das vagas executivas e recebem 70% da massa salarial obtida pelos homens. Não existe um executivo de origem indígena nas empresas estudadas. 94,2% dos cargos executivos pertencem a brancos, enquanto apenas 4,7% dos negros ocupam posições nesse nível.
Segundo estudo da Organização McKinsey & Company10:
Empresas com diversidade étnica e racial possuem 35% mais chances de ter rendimentos acima da média do seu setor. As empresas com diversidade de gênero possuem 15% a mais de chances de ter rendimentos acima da média. Nos Estados Unidos, para cada 10% de aumento na diversidade racial ou étnica na equipe de executivos, os lucros aumentam 0,8%.
Pesquisa da Harvard Business Review11 revelou que:
Nas empresas onde o ambiente de diversidade é reconhecido, os funcionários estão 17% mais engajados e dispostos a irem além das suas responsabilidades. A existência de conflitos chega a ser 50% menor que nas outras organizações.
Fonte: Hay Group, Harvard Business Review11, Instituto Ethos9, McKinsey & Company10 >
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