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Publicado em 11 de outubro de 2025 às 14:54
A necessidade vivida em família se transformou em inspiração para uma mãe começar a empreender. Pensando em proporcionar conforto e, principalmente, segurança para sua filha dentro d’água, Cássia Dillem desenvolveu um traje de banho que ajuda crianças e adultos a aprenderem a nadar. A invenção fez sucesso e até ganhou reconhecimento em programa de televisão nacional. Depois disso, a a nova empreendedora decidiu abandonar o cargo de liderança de uma empresa para se dedicar ao negócio que criou. >
Cássia conta que sempre teve uma veia empreendedora e, durante sua atuação profissional, desenvolveu projetos e eventos inovadores em sua área. “Eu empenhava um papel institucional. Criava e promovia muitos eventos para a indústria. Convivi por 30 anos no meio de empresários”, relata.>
“Eu sempre empreendi mesmo no meu meio de trabalho com carteira assinada. Então, sempre me preocupei em levar recursos e capacitações através de projetos na empresa e promover coisas que pudessem dar sustentabilidade ao trabalho. Me dedicava muito em um negócio que não era meu", completa.>
Em 2012, quando sua filha Lara tinha apenas 1 ano de idade, Cássia teve dificuldades de encontrar boias que a deixassem segura e confortável. A menina não se adaptava às boias de braço e sempre acabava removendo a peça de proteção. >
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“Lara sempre gostou muito de água. Ela não podia ver piscina que se jogava dentro de roupa e sapatinho. Mas ela detestava as boias. Chegou até a morder e furar aquelas boias de de ar. Fora as vezes em que tive de pular de roupa para pegá-la dentro da água no fundo da piscina. Ela não dava sossego", lembra Cássia.>
Diante dessa situação, a empreendedora resolveu achar soluções que pudessem satisfazer a filha. “Comecei a amarrar aquele macarrão de piscina na cintura e no peito dela e ela ficava muito bem, sem nada que imobilizasse os braços dela. Porém, aquilo não era seguro, porque se soltava”, afirma.>
Foi aí que a empreendedora teve a ideia de prender o macarrão diretamente na roupa de banho da filha, fazendo aquele que seria o primeiro modelo do que é hoje o carro-chefe de vendas. “Depois de muito pensar, resolvi costurar o macarrão no maiô. No início, preguei até com grampo e vi que o negócio deu certo. Daí veio a ideia de costurar.">
“Eu idealizei os primeiros protótipos. Como não sei costurar, ia levando para uma profissional, até que a gente chegou em um modelo que ficou mais perto do ideal. A partir daí, minha filha só usava aquilo”, completa. >
A invenção de Cássia passou a chamar a atenção de outras mães, que começaram a perguntá-la de onde eram as roupas. Ao descobrirem que se tratava de uma criação própria, passaram a fazer encomendas do produto. >
“Todo mundo falava: 'gente, que negócio legal!', 'O que é isso?', 'Como faço para comprar?'. E foi aí que eu pensei que isso poderia virar um negócio. E virou”, destaca. >
A partir daí, a empreendedora começou uma saga para começar a fabricar as primeiras peças e para registrar o produto nos órgãos responsáveis. “Antes de começar a fabricar, busquei no escritório de patente para fazer uma pesquisa e vi que até então não existia fabricação desse produto. Com isso, a gente entrou com um pedido de invenção aqui no Brasil”, detalha.>
No início, a produção ainda era pequena e atendia, em sua maioria, amigos, familiares e conhecidos. “Comecei a fabricar timidamente. Fiz para o meu sobrinho, para uma amiga, depois para uma amiga de uma amiga, fiz para uma vizinha... Eu ia produzindo em uma escala menor”, recorda Cássia. >
Enquanto o negócio ia dando os primeiros passos, Cássia continuava trabalhando em seu emprego formal, conciliando os dois trabalhos com a maternidade. Até que um convite da produção de um programa de televisão alavancou o negócio e impulsionou o trabalho da empreendedora. >
O trabalho de Cássia chamou a atenção da produção do Shark Tank Brasil, um reality show de empreendedorismo exibido pela Sony Channel. Na dinâmica do programa, os empreendedores têm a oportunidade de apresentar os seus negócios e oferecer uma porcentagem de participação para um time de empresários e investidores, que decidem se vão se tornar sócios dos participantes. >
A apresentação da Titibum, marca criada por Cássia, bateu um recorde no programa com o fechamento de negócio mais rápido da história. O empresário e ex-atleta profissional de natação Joel Jota se interessou pela proposta e topou virar sócio da empreendedora.>
“Por ser dessa área e ter os filhos pequenos, Joel se interessou pelo negócio. Ele também conhece os números de afogamento infantil, que são coisas que fui vendo depois que eu já estava atuando. É a maior causa de mortalidade de crianças, de 1 a 4 anos, não só no Brasil como também no mundo", observa a empresária.>
Cássia conta que a ida ao programa foi uma virada de chave no fluxo das vendas “Nós fomos ao ar em outubro e, a partir desse dia, a gente já começou a vender. Os meses que passei esperando depois que voltei do programa também aproveitei para me preparar e produzir mais.">
Com o tempo, a ideia de Cássia passou a impactar um público ainda maior, possibilitando que crianças paraplégicas e com mobilidade reduzida pudessem estar em praias e piscinas com mais segurança e inclusão. “Nós fizemos um teste com uma fisioterapeuta de Sorocaba (SP), que trata de um grupo de crianças paraplégicas, que não andam ou têm alguma dificuldade motora. A gente chegou lá, colocou o produto nas crianças e, quando vimos, estavam nadando”, conta. >
A empreendedora afirma que crianças autistas e com síndrome de Down também responderam bem ao uso do traje. “Muitas dessas crianças têm mais sensibilidade ao usar boias e coisas que apertem o corpo delas. A gente faz muito sucesso com esse público.">
Além disso, a Titibum também fechou negócio com o governo da Bahia. Com a parceria, Cássia desenvolveu e adaptou o traje para adultos, que estão sendo usados em aulas de natação no Estado. “A gente está muito animado e acreditando que pode realmente atingir muito mais gente de forma positiva”, confia.>
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