Publicado em 10 de julho de 2024 às 13:00
No inverno, a queda de temperatura e a mudança de estação fazem com que algumas pessoas desenvolvam a depressão sazonal. Frequentemente associada à diminuição da luz solar e dias mais frios, essa condição pode afetar o humor, a energia, o sono e o apetite das pessoas afetadas. >
Porém, em alguns casos, este quadro pode ser mais do que uma simples melancolia, mas um distúrbio mais sério, conhecido como Transtorno Afetivo Sazonal (TAS), popularmente chamado de depressão sazonal. >
De acordo com Marina Bueno, psicóloga e cadastrada no GetNinjas, a tristeza sazonal tem sintomas leves a moderados, que não chegam a durar mais que duas semanas, sem interferir na capacidade das pessoas de realizar suas atividades diárias. “A maior diferença entre a tristeza sazonal comum e transtornos sazonais mais sérios está na intensidade dos sintomas, além da duração e do impacto na rotina das pessoas”, explica a profissional. >
Pessoas com TAS apresentam sintomas mais intensos e duradouros, que, frequentemente, chegam a durar meses. “Além de uma melancolia profunda, as pessoas com TAS também apresentam uma fadiga excessiva, alterações de sono, humor e apetite, perda de prazer e interesse na realização de atividades do dia a dia, dificuldade de concentração e de socialização”, detalha a psicóloga. >
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Esses sintomas também diferem sensivelmente de quadros depressivos tradicionais, principalmente por conta do padrão sazonal específico que seguem. Os sinais do TAS aparecem sempre em um período específico e previsível do ano, que, em geral, ocorre entre o final do outono e o início do inverno, assim como desaparecem com a mesma previsibilidade, entre os dias finais do inverno e o início da primavera. >
A depressão sazonal pode ser desencadeada por uma série de fatores, que vão desde a baixa exposição à luz solar, o ambiente e o estilo de vida adotados pelo paciente até fatores genéticos. “Variantes genéticas que afetam a regulação dos neurotransmissores e do ritmo circadiano podem aumentar a vulnerabilidade ao transtorno afetivo sazonal”, pontua a profissional. >
Uma rotina com alto nível de estresse, poucas horas de sono e o sedentarismo também podem ser fatores de risco para o desenvolvimento do TAS. De acordo com Marina Bueno, a interação complexa entre genética, ambiente e cultura molda a experiência individual da depressão sazonal. >
Um fator capaz de desencadear a depressão sazonal é a falta de exposição à luz solar, decorrente dos dias mais cinzas da estação mais fria do ano. A falta de luz solar afeta uma série de mecanismos responsáveis pela produção de hormônios, neurotransmissores e altera o ritmo circadiano (variações biológicas que ocorrem no organismo no decorrer de um período de 24 horas). >
Por ser um período mais escuro, o inverno também altera a produção de melatonina, o hormônio responsável pela regulação do sono, que tem uma produção maior. Em contrapartida, a produção de serotonina, neurotransmissor responsável pelo humor, acaba sendo menor. >
“Essas alterações podem desregular o ciclo sono-vigília e contribuir para sentimentos de depressão”, defende Marina Bueno. “Compreender essa dinâmica na produção de hormônios e neurotransmissores é algo muito importante no momento de desenhar estratégias de prevenção e tratamento do Transtorno Afetivo Sazonal”, pontua. >
Segundo a profissional, o tratamento deve ser sempre desenhado por um profissional de saúde mental e após o diagnóstico adequado da condição do paciente. “A combinação de fototerapia, medicação, psicoterapia e mudanças no estilo de vida pode proporcionar um alívio significativo dos sintomas da depressão sazonal”, explica Marina Bueno. >
No que diz respeito à prevenção, existem diversas medidas capazes de auxiliar os pacientes, como passar mais tempo ao ar livre durante o dia, mesmo nos meses de inverno. Isso pode maximizar a exposição à luz solar natural, o que ajuda a regular os padrões de sono e humor. Para quem não tem essa possibilidade, por conta da rotina de trabalho, por exemplo, uma opção pode ser a fototerapia. >
“Manter uma rotina regular, incluindo horários consistentes de sono, alimentação saudável e exercício regular, também desempenha um papel importante na prevenção do Transtorno Afetivo Sazonal”, diz a psicóloga. “Estratégias de gerenciamento do estresse, como práticas de relaxamento e buscar apoio social, como a psicoterapia, ou terapia ocupacional, são fundamentais para promover o bem-estar emocional”, conclui. >
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