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Publicado em 5 de agosto de 2025 às 16:43
O ator Renato Góes revelou uma condição de saúde que enfrenta desde os 12 anos. Em entrevista para a revista GQ, ele contou como lidou com o diagnóstico de vitiligo, doença que causa a perda de pigmento na pele.>
Segundo ele, a doença apareceu com uma marca na coxa esquerda e foi desencadeada por fatores emocionais como a separação de seus pais, a mudança de escola e os desafios da adolescência. "Foi bem no momento em que voltei a desfilar. Eu ficava envergonhado. Na escola, ia só de calça. Na praia, de bermuda", disse.>
O ator comentou que, logo ao acordar, corria para o espelho para verificar se surgira uma nova mancha. Essa rotina intensa e emocionalmente desgastante o levou a buscar apoio psicológico. “Pedi ajuda aos meus pais e comecei a fazer terapia. Até que pensei: ‘Que loucura é essa? Não quero isso para mim’”, relembrou.
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Aos poucos, ele enfrentou a vergonha e decidiu voltar a frequentar as praias de Recife de sunga. Para sua surpresa, a principal mancha diminuiu consideravelmente. Hoje, segundo ele, a marca é quase imperceptível.>
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A dermatologista Nadire Cristina Freire Pontes explica que o vitiligo é uma doença de origem autoimune, caracterizada pela perda progressiva da pigmentação da pele, formando manchas brancas, bem delimitadas e de tamanhos variados. "Isso acontece porque as células responsáveis pela produção de melanina — os melanócitos — são destruídas".>
A médica diz que o vitiligo tem origem multifatorial. "Está relacionado principalmente a processos autoimunes, nos quais o próprio sistema imunológico ataca e destrói os melanócitos. Fatores genéticos, ambientais, estresse oxidativo e traumas na pele também contribuem", diz Nadire Cristina Freire Pontes.>
A doença pode surgir em qualquer idade, gênero ou etnia, mas costuma se manifestar principalmente antes dos 30 anos, embora possa surgir mais tarde. Atinge igualmente homens e mulheres, e pessoas de todas as cores de pele — embora seja mais visível em peles mais escuras.>
A classificação da doença é baseada na distribuição das manchas. O tipo mais comum pode afetar os dois lados do corpo de maneira localizada ou generalizada. Ele pode vir associado a doenças autoimunes e as lesões costumam ser simétricas. "O segundo tipo é o vitiligo segmentar, uma forma da doença em que as lesões são localizadas em um único lado do corpo, afeta pessoas mais jovens e geralmente não está associado a doenças autoimunes", diz a dermatologista Giane Giro. >
A médica explica ainda que a causa do vitiligo é desconhecida. "Existe um componente genético nas pessoas predispostas. Ele é considerado uma doença autoimune, e inclusive pode vir associado a outras doenças autoimunes como as tireoidites e o diabetes mellitus. Além disso existem fatores do ambiente que podem desencadear as manchas", ressalta Giane.>
A dermatologista Pauline Lyrio conta que a doença se manifesta basicamente através de uma ou mais manchas despigmentadas de tamanhos variados na pele, podendo haver despigmentação também de pelos e cabelos no local afetado. "As áreas mais afetadas são aquelas ricas em melanócitos e mais sujeitas a atrito, como dorso das mãos, axilas, joelhos, tornozelo, pés, regiões inguinais, genitais, aréolas, face e axilas", conta. >
A médica diz que o diagnóstico é clínico, devido ao padrão das manchas acrômicas (ausência de cor na pele) e por apresentarem localização e distribuição bastante características. "Em alguns casos, podemos usar uma lâmpada UV, conhecida como luz de Wood, que destaca uma fluorescência branco-azulada nas manchas do vitiligo. E, se o aspecto clínico das lesões não for esclarecedor para o diagnóstico, pode-se realizar uma biópsia da pele", diz Pauline Lyrio. >
Pauline Lyrio
DermatologistaGiane Giro explica que a escolha do tratamento depende da extensão das lesões. Em casos localizados são utilizados medicamentos tópicos com ação anti-inflamatória na pele, como os corticóides e o tacrolimus. "Casos mais extensos são tratados com medicamentos por via oral ou injetável, sempre com o objetivo de reduzir a ação do sistema imunológico nos melanócitos, permitindo assim que a produção da melanina retorne ao normal". >
A dermatologista ressalta ainda que um grande problema é o impacto psicológico que as manchas podem causar, afetando a autoestima e a qualidade de vida. "Alguns pacientes sofrem discriminação, pois muitas pessoas pensam erroneamente que a doença é contagiosa". >
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