> >
Dormir com fita adesiva na boca melhora o sono? Especialista esclarece

Dormir com fita adesiva na boca melhora o sono? Especialista esclarece

A falta de um sono não reparador compromete funções fundamentais do organismo e as noites mal dormidas ao longo prazo afetam a saúde física e mental

Publicado em 23 de dezembro de 2025 às 14:26

Dormir com fita adesiva
A prática tem ganhado popularidade entre usuários que acreditam nos benefícios relatados por alguns influenciadores digitais Crédito: Shutterstock/ K.IvanS

Fitas adesivas na boca ganharam popularidade nas redes sociais, com a justificativa de que ajudam a ter uma melhor noite de sono. Mas, afinal, dormir com uma fita na boca pode impactar a saúde? A prática tem ganhado popularidade entre usuários que acreditam nos benefícios relatados por alguns influenciadores digitais. No entanto, especialistas alertam para os perigos dessa técnica.

A cirurgiã-dentista  Maria de Lourdes Accorinte, do Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP), esclarece que não é seguro dormir com uma fita adesiva na boca. “O corpo pode precisar abrir a boca para conseguir oxigenar adequadamente e, com a fita, a via é bloqueada artificialmente, o que pode tornar a respiração irregular durante a noite. Também gera um sono fragmentado, que não é reparador”, observa.

A profissional explica que a falta de um sono não reparador compromete funções fundamentais do organismo e as noites mal dormidas ao longo prazo afetam a saúde física e mental.

“Antes de sair colando uma fita adesiva nos lábios, é fundamental compreender a nossa anatomia. O corpo humano não funciona por modismos: ele responde à sua própria estrutura, às suas particularidades e às eventuais alterações na forma ou no funcionamento das vias aéreas”, alerta.

Dormir com a boca aberta pode ser um sinal em muitas pessoas de que a morfologia e a fisiologia podem estar alteradas, tanto por desvio de septo, rinite, posição da língua, formato da mandíbula e até mesmo por colapso das vias aéreas durante o sono. No caso de condições como as citadas, o organismo pode obrigar a pessoa a dormir com a boca aberta para conseguir respirar melhor.

Respirar pelo nariz ou boca?

Maria de Lourdes diz que respirar pelo nariz é sempre a melhor opção, porque ele funciona como sistema de filtragem, aquecimento e umidificação natural do corpo, protegendo os pulmões e garantindo maior eficiência respiratória.

A cirurgiã-dentista ressalta que, em crianças, a respiração bucal pode causar um desequilíbrio muscular da face, alterando o desenvolvimento ósseo e resultando em dentes desalinhados, mordida aberta, cruzada entre outros problemas. A respiração bucal também afeta adultos, podendo gerar cárie, gengivite e mau hálito, pois, com a boca aberta, o fluxo salivar diminui e a proteção contra essas alterações também.

A apneia é o distúrbio que faz a respiração parar ou diminuir durante o sono. Entre as consequências que a apneia do sono traz estão: dificuldades de memória e aprendizado, redução da capacidade de concentração, oscilações de humor e, em alguns casos, como apneia mais severa, pode levar ao infarto, AVC e até a óbito.

Com a avaliação clínica, exames de imagem e polissonografia, que serão recomendadas conforme supervisão do médico ou cirurgião-dentista, considerando aspectos de comorbidades e severidade da condição.

A polissonografia do sono é realizada em casa ou em clínicas - o paciente dorme uma noite inteira, com uma série de plugs de aparelhos instalados que avaliam o fluxo respiratório, movimentos, batimentos cardíacos e outros.

Diagnóstico e tratamento

O especialista irá definir o diagnóstico por meio de relatos do paciente, como a questão do ronco, sinais de sonolência diurna, cansaço ao acordar, despertar algumas vezes durante o sono, demora para retornar ao sono, intensa necessidade de ingestão de café e energético. Além destes sinais, o médico ou o cirurgião-dentista poderão solicitar uma Polissonografia do Sono, que fornece informações mais detalhadas sobre a qualidade do sono.

Entre os tratamentos indicados, Maria de Lourdes cita o CPAP ( aparelho de fluxo de ar contínuo positivo), aparelhos intraorais confeccionados por cirurgiões-dentistas, capacitados em Odontologia do sono, assim como fisioterapia respiratória e tratamento com fonoaudiólogos.

“Lembrando que a obesidade é um grande fator de risco para apneia obstrutiva do sono, sendo nesses casos, comprovado cientificamente, que a perda de peso pode melhorar em até 50% a apneia. Em outros casos, a associação de cirurgias realizadas pelo otorrinolaringologista, em casos de alteração na via aérea superior, ou pelo cirurgião-dentista, bucomaxilofacial, onde alterações esqueléticas de maxila e mandíbula estejam envolvidas”, destaca. 

Este vídeo pode te interessar

  • Viu algum erro?
  • Fale com a redação

Tópicos Relacionados

Sono

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais