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Depressão pós-parto: veja os sintomas e saiba como lidar com o transtorno

Depressão pós-parto: veja os sintomas e saiba como lidar com o transtorno

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de uma em cada sete mulheres experimenta a condição

Publicado em 30 de abril de 2025 às 09:00

mulher com bebê no colo
A depressão pós-parto é uma condição de saúde mental Crédito: Shutterstock/ Pixel-Shot

A chegada de um bebê é comumente retratada como um dos momentos mais felizes na vida de uma mulher. No entanto, para muitas mães, o pós-parto pode ser marcado não apenas pela alegria, mas também por sentimentos de tristeza, culpa, exaustão extrema e até desesperança.

A depressão pós-parto (DPP) é uma condição de saúde mental séria, porém, ainda cercada de estigma e desinformação. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de uma em cada sete mulheres experimenta a DPP. No Brasil, estudos indicam que essa taxa pode chegar a 25% das mães, principalmente em regiões com maior vulnerabilidade social.

A psiquiatra Karen de Vasconcelos ressalta que a depressão pós-parto é uma condição que afeta muitas mulheres durante a gestação ou nos primeiros meses após o nascimento da criança. “Pode manifestar-se como um estado de tristeza, ansiedade e exaustão, afetando a capacidade da mãe de cuidar de si mesma e do bebê. Embora os sintomas possam iniciar ainda durante a gestação, é mais comum que se manifestem durante o primeiro mês após o parto”, disse.

Segundo Karen, que também é professora e pesquisadora do Unesc, os sintomas são muito similares ao de um quadro depressivo ocorrido em qualquer outra fase da vida: sensação de infelicidade, prejuízo da capacidade de rir ou achar graça de coisas que antes gostava, indisposição, sensação de culpa, ansiedade, medo, insônia, choro, pensamentos de machucar a si mesma e até o bebê.

A especialista explica que uma depressão pós-parto não tratada pode melhorar espontaneamente depois de cerca de um ano ou evoluir para um transtorno depressivo persistente (crônico). “Após a instituição do tratamento medicamentoso, os sintomas se aliviam logo nas primeiras semanas e, geralmente, se resolvem nos primeiros três meses”, descreve. 

Karen de Vasconcelos, psiquiatra
Karen de Vasconcelos explica os sintomas da depressão pós-parto Crédito: Divulgação Karen de Vasconcelos

Pacientes que se recuperam de um episódio de depressão pós-parto têm riscos de recorrência de novos episódios depressivos, pós-parto ou não, em cerca de 40% a 50%

Karen de Vasconcelos

Psiquiatra

CAUSAS DA DEPRESSÃO PÓS-PARTO

A depressão pós-parto é multifatorial. Entre os motivos primários estão o fato da mulher estar em um episódio depressivo durante a gestação ou ter episódios depressivos anteriores, pós-parto ou não. “Esses dois fatores de risco são os principais e estão constantemente associados com a depressão pós-parto”.

Há, no entanto, outras razões frequentemente associadas que incluem eventos de vida estressantes durante a gestação ou nos pós-parto, como conflitos no casamento, mudança de país, vivência de uma pandemia. “O baixo suporte social e financeiro, a existência de um transtorno ansioso, idade menor do que 25 anos, ser mãe solteira, ter muitos filhos, histórico familiar depressivo pós-parto, vivenciar violência doméstica, história de abuso físico ou sexual ao longo da vida, gravidez não planejada e não desejada contemplam a relação de fatores que podem levar a mulher a viver um quadro assim”, enfatizou a professora.

A psiquiatra também diz que existe uma condição chamada ‘Blues Puerperal’, muito parecida com a depressão pós-parto, que acomete cerca de 40% das gestantes. "Os sintomas são tristeza, choro, irritabilidade, ansiedade, insônia, exaustão, prejuízo da concentração, instabilidade do humor. Eles se manifestam entre o segundo e o terceiro dia após o parto, pioram alguns dias depois e, espontaneamente, costumam desaparecer em até duas semanas. Embora tenha resolução natural, é importante ser identificada, pois indica risco aumentado de depressão pós-parto”.

TRATAMENTO

É possível fazer tratamento preventivo para depressão pós-parto. Está indicado para pacientes com risco aumentado de desenvolver o transtorno (mesmo que no momento não esteja apresentando sintomas). As pacientes com risco aumentado são aquelas com histórico de quadros depressivos durante a vida ou que apresentaram sintomas depressivos durante a gestação atual.

A psiquiatra informa que o tratamento preventivo pode incluir o uso de antidepressivos, psicoterapia, intervenções psicossociais - visitas domiciliares dos profissionais de saúde durante ou pós-parto, redução do tempo entre consultas, melhorar suporte telefônico, incluindo o suporte familiar. “Vale a pena lembrar que o uso de antidepressivos é compatível com a gestação ou a amamentação e muito seguro quando feito com acompanhamento adequado, reduzindo muito os prejuízos causados ao bebê pelos sintomas da depressão pós-parto”, enfatizou a médica.

Prevenir e tratar a depressão pós parto é muito importante, pois existem muitos riscos e prejuízos para a saúde da mãe e do bebê. “Mulheres com depressão pós-parto têm uma chance muito aumentada de não conseguirem amamentar. O laço afetivo entre mãe e bebê é muito prejudicado, afetando de maneira significativa a interação deles. Essas mães tendem a interagir menos com os bebês, brincar menos, conversar menos, e têm mais dificuldade de interpretar o choro e as necessidades da criança. Além disso, tendem a negligenciar mais a saúde da criança e todo esse comportamento está associado a anormalidades no desenvolvimento infantil”, diz Karen de Vasconcelos. 

Ela acrescenta, ainda, que a depressão pós-parto também costuma gerar prejuízos cognitivos (inteligência, memória, atenção) e psicológicos no bebê. Discordâncias conjugais podem favorecer a depressão pós-parto que, por sua vez, podem aumentar as discordâncias e tornar o casamento disfuncional. “Em casos mais graves, podem acontecer pensamentos ruminantes, repetitivos e intrusivos de machucar a si mesma ou à criança, podendo resultar em infanticídio e suicídio”, alerta a médica.

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