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Pessoas que têm uma religião vivem mais

Pessoas que têm uma religião vivem mais

Frequentar templo de fé traz qualidade de vida e longevidade

Publicado em 29 de abril de 2018 às 23:00

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Maria das Graças Dazzi, aposentada, 68 anos. (Marcelo Prest)

Aos 68 anos, dona Maria das Graças Dazzi vai muito bem de saúde. Uma vitalidade que ela alimenta quase que diariamente na igreja, onde está envolvida em uma série de atividades. “Trabalho com catequese, crisma, retiros, grupos de oração...”, conta.

Ela acredita que se não fosse a igreja, não teria suportado as dificuldades da vida. “Perdi minha mãe em 2001, cuidei do meu pai doente por anos, e agora meu marido está com Alzheimer. Sem o apoio da Igreja, eu não aguentaria.”

Não é só dona Maria das Graças que sabe que a religião faz um bem danado à saúde. Cientistas também já se convenceram de que quem frequenta um templo vive mais e melhor.

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Vários estudos sérios apontam que estar ligado a práticas religiosas, independente da religião, tem relação com uma menor mortalidade

Maria Carolina Doyle Maia
Psiquiatra
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“Vários estudos sérios apontam que estar ligado a práticas religiosas, participando ativamente de alguma maneira de atividades na igreja, independente da religião da pessoa, tem relação com uma menor mortalidade”, afirma a psiquiatra Maria Carolina Doyle Maia.

ESTUDO

Ela cita um estudo recente, divulgado em 2016 no Jama Internal Medicine, que acompanhou mais de 70 mil mulheres ao longo de 20 anos e que mostrou que aquelas que frequentavam qualquer tipo de serviço religioso mais de uma vez por semana tinham uma chance 33% menor de morrer do que outras menos religiosas.

“E olha que, nessa pesquisa, só analisaram a frequência em cerimônias religiosas. Não avaliaram outras questões, como participar de ações voluntárias, de grupos de oração... Situações que afetam o comportamento, a percepção do mundo e tornam a pessoa mais otimista, mais solidária, mais equilibrada”, destaca a médica.

Segundo ela, uma revisão de artigos científicos, de 2011, também mostrou que a frequência em serviços religiosos ajudou na redução de mortalidade em 18% em pessoas saudáveis.

A fé e a religião, frisa a psiquiatra, são fatores de proteção contra o suicídio. “Ter um grupo de apoio, familiar ou religioso, de preferência os dois, faz com que a pessoa com depressão, por exemplo, consiga levar melhor essa limitação e encarar com mais facilidade o problema, usar a medicação de forma correta ou até ficar livre dela mais rapidamente.”

Para Maria Carolina Doyle, a religiosidade funciona como um suporte terapêutico. “Se a pessoa está triste, preocupada, e vai à missa ou ao culto, encontra ali pessoas dispostas a conversar, a ouvir. Isso diminui a sensação de solidão de quem perdeu um familiar, por exemplo. É como se fosse uma segunda família mesmo.”

CONTROLE

O geriatra Roni Chaim Mukamal compartilha a mesma visão sobre o tema: “O que a gente vê é que os pacientes que têm o hábito de frequentar uma prática religiosa parecem que têm uma melhor saúde. Diria até que têm um melhor controle das doenças, enfrentam melhor os problemas”.

Para Mukamal, há várias razões para crer na relação. “Pessoas que têm uma religião têm mais resiliência para lidar com as perdas e todas as dificuldades inerentes ao envelhecimento. Além disso, quem tem fé e tem uma visão mais otimista da vida tende a se cuidar melhor, a seguir as recomendações médicas, a tomar melhor os remédios, fazer todos os exames, se alimentar melhor, fazer exercícios.”

Mas e quem apenas tem fé, não pode obter os mesmos resultados? Os estudos indicam que a oração tem sim seu poder e ajuda no controle das doenças e no bem-estar diário. Porém, quando a pessoa se insere numa comunidade religiosa, tende a obter mais benefícios.

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“Um dos grandes problemas da população idosa é o isolamento social. E a igreja é fonte de convivência, é onde você pode passar seu conhecimento ao outro e se sentir valorizado. Isso traz bem-estar e saúde, levando a uma possível longevidade. Mesmo em pacientes terminais, a religiosidade fortalece o lado emocional, traz conforto e até aumenta um pouco a sobrevida”, afirma Mukamal.

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