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Idosos realizam metas de vida após a aposentadoria

Idosos realizam metas de vida após a aposentadoria

Retomar sonhos antigos depois da aposentadoria não só é possível como também faz bem para a saúde

Publicado em 3 de janeiro de 2019 às 17:53

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Quem não tem sonhos, não é? Fazer um curso que sempre quis, aprender a fazer uma atividade diferente, conhecer algum lugar paradisíaco ou rico em cultura. As pessoas têm metas de vida e é isso que costuma fazê-las ter um propósito, um motivo para acordar todo dia. Agora, e quando você se aposenta? Será que é tarde demais pra sonhar? Claro que não! Aí é que é mesmo importante ter planos e alimentar desejos.

A psicóloga e doutora em psicologia Gina Strozzi afirma que ter metas na terceira idade é vital. Ela explica que é comum muitas dessas pessoas terem a síndrome do ninho vazio, pois normalmente os filhos já saíram ou estão saindo de casa, e, por isso, elas podem se sentir mais tristes e sozinhas. Os sonhos são importantes, pois tomam o papel de renovar os propósitos de vida e dar motivação para acordar todo dia, o que ajuda a evitar até algumas doenças, como depressão.

O psicólogo e psicoterapeuta, Thalles Contão, ressalta que muitas vezes esses desejos são resgates de planos antigos. “Retomar projetos já existentes promove sentido e a gente precisa de sentido na vida”, diz. Ele destaca que ter um propósito faz a pessoa da terceira idade se sentir viva, em uma sociedade que, muitas vezes, a vê com outros olhos.

Anita Coutinho sempre teve vontade de ir à África para conhecer de perto sua origem. Mas só concretizou seus sonhos aos 85 anos, quando foi para Angola. (Marcelo Prest )

Conhecendo suas raízes

Viajante assumida, a aposentada Anita Coutinho sempre teve a vontade de ir à África para conhecer sua origem. Mas só conseguiu realizar seus sonhos aos 85 anos, quando ganhou de presente um passeio para Angola e viajou com sua filha, seu irmão e sua sobrinha. Visitou Luanda e Benguela, capital da província de mesmo nome, no Oeste de Angola, e ficou impressionada com tudo o que viu e viveu. “É maravilhoso conhecer outras culturas. Lá também tem várias praias e bons restaurantes, a maioria de frutos do mar”, conta Anita, animada, Ela diz que se sentiu tão bem no país que teve a sensação de estar em casa, e que adquiriu bastante conhecimento durante a semana que esteve no país.

Após trabalhar por 40 anos (10 anos no comércio e 30 anos na Caixa Econômica), ela só pensa, agora, em viajar e aconselha outras pessoas a fazer o mesmo. “Meu próximo destino é o Sul da Itália”, revela, entusiasmada.

Alba Regina da Silveira trabalhou por mais de 40 anos na área administrativa de uma empresa e, quando se aposentou, resolveu ir atrás de um sonho antigo: as artes plásticas. (Divulgação )

Do escritório para o ateliê

A ex-gerente de recursos humanos Alba Regina da Silveira estudou administração na faculdade e trabalhou por mais de quarenta anos nesta área, sendo que 37 anos foram em uma só empresa. Ao se aposentar, ela resolveu ir atrás de um sonho antigo: as artes plásticas. Foi atrás de cursos de escultura e de cerâmica, e encarou, sem medo, a nova empreitada, chegando a expor com outras alunas e vender algumas de suas obras.

Ela conta que quando tinha 18 anos fez um curso de belas artes no Parque Lage, do Rio de Janeiro, mas que depois entrou para a faculdade e acabou deixando para trás essa paixão. Ela confessa, no entanto, que sempre alimentou o desejo de ser uma artista. Chegou a fazer oficinas nessa área, e adorou as experiências, mas não conseguiu continuar devido a carga horária do emprego, que exigia muito dela.

“Quando vejo minhas obras prontas, me sinto feliz e realizada. Dá muito prazer ver as pessoas gostando e elogiando o meu trabalho e o resultado dele”, diz. E acrescenta: “agora me sinto mais completa porque estou criando e produzindo algo que vai ficar na casa de alguém”.

Aliás, a pintura está nos planos futuros de Alba. “Pintar ainda é um desafio maior pra mim, porque não fiz um curso nessa área, apenas poucas aulas, mas não vou desistir”, avisa.

Cicilia Elsa Haase Jacob sempre quis tirar a carteira de motorista, mas foi só em 2013, aos 69 anos, que ela conseguiu realizar essa vontade. E depois de cinco tentativas. (Divulgação )

Uma nova motorista na estrada

Cicilia Elsa Haase Jacob sempre quis tirar a carteira de motorista, mas seu marido era contra, dizia que ela não precisava dirigir, já que ele a levaria aos lugares. Mas foi só em 2013, aos 69 anos, que ela conseguiu realizar essa vontade. “Além de ser um documento muito importante, eu sempre quis aprender a dirigir”, conta. No entanto, não foi tão fácil alcançar essa meta, pois ela só conseguiu passar na quinta tentativa da prova da auto-escola. ”Eu ia bem nas aulas, mas quando chegava para fazer a prova travava”.

Apesar do nervosismo, Cicilia não desistiu e hoje curte a liberdade de poder sair com o carro quando precisa. “Confesso que tenho medo de dirigir muito trânsito, já que não tenho tanta experiência, mas minha meta para o futuro é dirigir mais, até porque foi o que sempre quis fazer”.

Apesar de estar aposentada, Cicilia explica que gosta muito de estar ativa e que, por isso, continua na trabalhando. Possui uma loja de roupas e é consultora de marcas de produtos de beleza.

Equilibrando-se em duas rodas

Desde criança Maria Alba Martinelli quis andar de bicicleta, sempre foi uma vontade. No entanto, só aos 60 anos de idade, há quase dois anos, ela pôde realizar esse sonho. Quando seu marido saia para pedalar, ela ficava em casa, mas pensava que, um dia, teria a mesma sensação de liberdade. Ao se aposentar, decidiu que era hora de retomar esse antigo sonho e investir nisso. Então fez contato com o grupo Bike Anjos ES e, depois de muito treino, conseguiu sair por aí pedalando. “Todo mundo da família andava, eu me sentia excluída. Agora virou um vício”, conta

A sensação de pedalar pela primeira vez, segundo ela, foi inexplicável. “Não tem nem como falar. É uma liberdade, porque a bicicleta vai onde o carro às vezes não consegue ir”, diz. Além disso, ela explica que essa prática favorece o contato com a natureza, já que seu estilo de pedalar é Mountain Bike, modalidade na qual o ciclista pedala por percursos com obstáculos e solo irregular.

Mesmo tendo feito tanta coisa nesses dois anos, desde que aprendeu a andar de bicicleta, Maria Alba quer mais. Ela conta que seus próximos planos são pedalar até Arraial do Cabo e fazer o Circuito do Vale Europeu, com roteiros que percorrem algumas cidades do médio Vale do Itajaí, em Santa Catarina. E para quem acha que é tarde demais para realizar qualquer sonho, ela dá seu conselho: energia, determinação e força de vontade para conseguir e ir em frente.

Como dar o pontapé inicial para realizar seus sonhos

Às vezes, a pessoa tem a meta e quer começar a realizá-la, mas não sabe como fazer isso e acaba deixando para depois. Gina explica que, para dar o pontapé inicial, o mais importante é planejar. “A pessoa tem de ver o quanto ela quer fazer isso. Além disso, analisar se é capaz, ou seja, se o objetivo é viável”, explica.

Thalles acrescenta que é importante se autoconhecer e depois entender o que se passa ao seu redor. “Deve-se se olhar no espelho e conhecer seus próprios defeitos e, depois, suas qualidades”, explica.

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Após isso, vem a prática. Como você vai realizar esse desejo? É preciso saber qual é a sua própria realidade e, sabendo disso, trabalhar para fazê-lo se tornar real. “Ser realista e trabalhar com o hoje, o presente. Deve-se aproximar o sonho da realidade.”, explica Gina. E Thalles completa: “Depois de entender qual é sua realidade, é a hora de lutar para ter a chance de conseguir o que quer”.

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