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Conheça o jejum intermitente e saiba quais são seus riscos

Conheça o jejum intermitente e saiba quais são seus riscos

Diretora da Associação Brasileira de Nutrição explica porque prática não deve ser seguida sem indicações

Publicado em 18 de outubro de 2018 às 12:14

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(Pixabay)

Fazer dieta para perder peso nunca é fácill. Quem já enfrentou o desafio de substituir os lanchinhos gordurosos por folhas sabe o tamanho do sacrifício — e cada dia sem cair em tentação é uma vitória. Nenhuma dieta, no entanto, é mais radical que ficar de jejum. Jejuar sempre foi uma prática relacionada a rituais religiosos, porém recentemente ela foi integrada ao quadro clínico como uma estratégia de alimentação cujo objetivo é emagrecer e melhorar da qualidade de vida. Surgiu daí, então, o tão falado jejum intermitente.

"O jejum propõe que as pessoas fiquem períodos intercalados sem se alimentar e dura em torno de 16 horas. Esse é o tempo ideal para que o metabolismo use a reserva de gordura do corpo e faça perder peso", esclarece a diretora da Associação Brasileira de Nutrição, Ana Adélia Hordonho.

Dentre as vantagens do jejum estão a diminuição do risco de doenças cardiovasculares, o aumento da resistência ao estresse e a melhora no envelhecimento. Por isso, obesos e hipertensos são os mais indicados a aderirem ao método.

Existem três tipos de jejum intermitente: o de dias alternados, de tempo limitado e dia inteiro. Segundo Ana Adélia, o mais seguido e também o recomendado por profissionais especializados é o primeiro. Nele, deve-se ficar de 12 a 16 horas sem comer num dia e, no outro, a alimentação é livre — esta podendo ou não ter uma restrição de calorias. A prática de exercícios é permitida desde que realizada em dias de consumo de comida.

"Ao contrário do que se imagina, o corpo aguenta bem essas longas horas sem comer. Afinal, contamos o período do sono, onde passamos ao menos oito horas sem consumir nada", explica a nutricionista.

No jejum de tempo limitado, se passa de 16 a 20 horas sem se alimentar. Após esse período, abre-se uma janela de alimentação — quando é permitido se alimentar — com duração de quatro a oito horas. Depois desse tempo, repete-se o jejum.

O jejum de dia inteiro é o mais difícil a ser seguido. Pudera: a ordem é completar 24 horas sem comer depois de dois a três dias se alimentando normalmente. A especialista alerta para riscos de fadiga, hipoglicemia e uma consequência a longo prazo que pode resultar em perda muscular — o que pode comprometer o processo de emagrecimento:

Aspas de citação

O jejum mais longo combinado com a redução energética diminui a taxa metabólica basal. Ou seja, quanto mais músculos um corpo têm, mais calorias ele gasta porque esse é um tecido que consome muito. Se a massa deles é perdida, sobra mais gordura.

Ana Adélia Hordonho, nutricionista
Aspas de citação

 

Independentemente da fome, não se deve consumir nada enquanto se jejua. Nem café ou chá sem açúcar; somente água. Há, no entanto, quem pratique o jejum de acordo com a fome, comendo apenas quando a sente. São essas variações de hábitos de jejum que complicam, de acordo com Ana Adélia, um consenso nas pesquisas sobre sua eficácia:

"Essa falta de padronização dificulta a comparação dos estudos que se propõem a entender como o jejum intermitente funciona e como age efetivamente. Além disso, as pesquisas com humanos que confirmem se a estratégia do jejum dá certo são poucas. No Brasil, o interesse pelo jejum começou há apenas pouco mais de quatro anos".

O jejum intermitente nunca deve ser feito por conta própria. Antes de começá-lo, é preciso procurar um nutricionista para que ele indique a dieta correta e analise se o paciente pode ou não jejuar.

"O jejum intermitente pode desenvolver compulsão alimentar, por isso, a primeira medida do profissional vai ser observar o comportamento do paciente em relação à comida. Se existe a tendência a desenvolver distúrbios, o jejum não é recomendado. Pacientes diabéticos também não podem seguir esse método".

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Para quem não atende aos pré-requisitos, o melhor caminho para perder alguns quilinhos é seguir o bom e velho método da alimentação balanceada, rica em verduras e proteínas magras, aliada à prática regular de exercícios físicos. Ficar de olho na saciedade, comendo a cada três horas ou cinco vezes ao dia, pode vir como um a mais numa rotina alimentar que dispensa sacrifícios.

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