Thiago Queiroz e os filhos Dante, gael e Maia
Thiago Queiroz e os filhos Dante, gael e Maia
Thiago Queiroz

"Queria fazer diferente do que fizeram comigo"

Pai de 3 filhos, o fundador do portal “Paizinho, Vírgula!” queria  ser um pai ativo e afetuoso, mas não sabia como. Hoje ele  escreve sobre o assunto, é  influenciador digital e participou, ao lado de astros como Will Smith, de um documentário sobre paternidade que foi produzido em Hollywood e  lançado no último mês de junho

Thiago Queiroz e os filhos Dante, gael e Maia
Publicado em 04/08/2020 às 15h33
Atualizado em 04/08/2020 às 16h04

Criador de conteúdo, marido e pai, Thiago Queiroz atua de diversas maneiras na educação parental, tanto nas mídias online, quanto presencialmente em palestras e grupos de apoio. Criador do site Paizinho, Vírgula!, Thiago também atua como escritor, youtuber, influenciador digital, host do podcast “Tricô de Pais”, colunista e embaixador da Revista Crescer. Além de ser criador do primeiro grupo de apoio oficial no Brasil, a API Rio - um grupo da Attachment Parenting International (API) - e certificado como educador parental para a disciplina positiva, pela Positive Discipline Association.

E tem mais: Thiago também participou do documentário americano lançado recentemente, "Dads", dirigido pela atriz Bryce Dallas Howard e lançado em junho deste ano. O doc conta com depoimentos de diversos pais, entre eles Will Smith, Jimmy Fallon, Neil Patrick Harris, Kenan Thompson e Ken Jeong. Thiago Queiroz representou o Brasil, mostrando a sua vida real como pai participativo. Procuramos conhecer um pouco mais sobre ele e sobre sua participação no movimento da paternidade ativa.

Como surgiu a ideia de começar a criar o “Paizinho, Vírgula!” e falar sobre paternidade do seu ponto de vista pra mais gente?

Eu sou criador de conteúdo sobre a relação entre pais e filhos de uma forma mais empática. Sou pai de três: do Dante, de 7 anos, do Gael, de 5 anos, e da Maia, de um ano. Também sou educador parental no que diz respeito à criação de vínculos positivos entre pais e filhos.

A ideia de criar o “Paizinho Vírgula!” nasceu há 7 anos atrás, junto com meu filho mais velho, o Dante. Naquela época, eu estava em um movimento em que eu queria fazer diferente do que fizeram comigo, eu queria estar mais presente na vida do meu filho. Queria fazer mais, ser mais afetivo, mas eu não sabia como. Então eu comecei a procurar na internet por outras referências, por outros modelos e, infelizmente, do ponto de vista dos pais, eu só achava coisas muito superficiais e coisas que eram mais voltadas para a parte do humor sobre paternidade.

Eu não me identificava com isso e, por outro lado, da parte materna, existiam dezenas, talvez centenas de blogs de maternidade, que falavam já sobre esses assuntos. Então achei que fosse importante eu ter um espaço para falar sobre a minha experiência, minha vivência na paternidade, sobre tudo aquilo que eu estava aprendendo e sobre as práticas não violentas que eu estava conduzindo os meus filhos.

Como é a recepção do público em relação aos seus conteúdos? Quais são as principais dúvidas, identificações, apontamentos?

A recepção do meu público é sempre muito positiva. Eu tenho uma identificação muito grande com quem consome os conteúdos do ponto de vista do pai, porque ele se sente representado e acolhido por ver outro pai falando sobre esses temas. Normalmente é um pai que está nesse processo de desconstrução, que quer se envolver mais com a criação do filho e quer mudar a forma como ele se enxerga enquanto homem. E esse é um cara que, geralmente, vai se sentir muito sozinho.

Isso acontece porque os outros homens, do ciclo dele, dificilmente vão acompanhá-lo, vão querer conversar sobre isso. Não há espaço para discutir esse tipo de questão nos grupos de WhatsApp dos homens, por exemplo. Então esse homem se sente acolhido quando encontra o meu conteúdo, porque ele pensa “Caramba! tem outro cara aqui que pensa a mesma coisa que eu, que sente o mesmo que eu, que tem dificuldades como eu tenho”. Então é legal, é bom ter esse espaço.

Do ponto de vista das mulheres, das mães, elas também recebem com muito carinho, porque elas se identificam com as situações que eu levanto por ser um pai participativo. Então, se eu estou junto, eu vou poder falar com muita propriedade sobre as birras dos meus filhos, sobre o que eu tenho feito com a rotina da casa, sobre como eu tenho resolvido as brigas entre os irmãos. Esses são assuntos que deveriam ser universais para pais e mães, mas a gente sabe muito bem que na sociedade machista que a gente vive hoje, eles estão muito mais na esfera materna do que na paterna.

Então esse é um dos meus trabalhos, tentar quebrar isso. Mostrar, provar por A mais B que esse assunto também precisa ser uma esfera paterna. Por isso as mães também se identificam muito com as situações do dia a dia e se sentem muito ajudadas com as dicas que eu dou, sempre buscando uma relação mais respeitosa e mais empática com as crianças.

E sobre os outros projetos - como o Tricô de Pais - , qual é a relação deles com o “Paizinho, Vírgula!”?

Bom, tudo começou com o “Paizinho Vírgula!”, com a minha vontade de escrever textos. E, muito brevemente, percebi que eu precisava passar para outras mídias. Eu sentia a necessidade de fazer os vídeos, para poder falar de uma forma mais orgânica do que o que eu escrevia. E foi ótimo poder ter esse espaço para me expressar, eu estou sempre buscando novas formas de me expressar e o YouTube me deu uma ótima possibilidade para eu conversar sobre esses temas de um jeito diferente do que eu faço nos textos. Além disso, tem pessoas que gostam mais dos textos e tem pessoas que gostam mais vídeos, então é ótimo, porque está ajudando todo mundo.

Mas uma coisa que eu sempre senti muita falta foi da presença paterna nessas minhas plataformas. Por mais que eu fosse um homem escrevendo sobre isso, fazendo vídeo sobre isso, a audiência sempre foi majoritariamente feminina, das mães. Isso mostra como que a gente vive numa sociedade machista em que, mesmo que tenha um pai falando sobre filhos, as mulheres que vão se sentir "responsabilizadas" por se informarem sobre como criá-los. A gente tem que lutar contra isso.

Nesse meu movimento de tentar trazer o homem para perto da conversa, criei o podcast “Tricô de Pais”, que foi o primeiro podcast sobre paternidade do Brasil, o maior hoje em dia. Ele fala sobre paternidade, mas não só. É um podcast que eu faço com mais dois amigos e nós falamos, na verdade, sobre tudo, todos os assuntos da vida. Falamos da nossa saúde, sobre saúde mental, depressão, luto, mas também falamos sobre jogos, tudo isso de uma forma divertida, que possa entreter as pessoas, mas com muita responsabilidade do ponto de vista do pai.

Então é um conteúdo muito bacana e foi a primeira vez que eu consegui ter uma participação maior de ouvintes homens. Eu consegui acessar melhor os homens através dessa mídia. O “Tricô de pais” é um baita sucesso, justamente porque é uma conversa entre três pais que querem conversar só sobre filhos e sobre as coisas da vida de quem tem filhos, e você não vê isso no dia a dia por aí. Então é um projeto muito especial para mim e para muitos ouvintes também.

Como foi pra você participar do documentário “Dads”?

Foi um marco muito importante, o lançamento foi há um mês atrás e é o primeiro documentário sobre paternidade que se tem notícia. No Brasil foi lançado como “Pais”, ele é um documentário exclusivo da Apple TV Plus, foi feito em Hollywood, produzido e dirigido pela Bryce Howard com outros pais que são celebridades de Hollywood falando sobre paternidade.

É muito especial você ver Will Smith falando sobre como é a paternidade dele, o Jimmy Fallon falando como é paternidade dele. São coisas que a gente nunca viu em lugar nenhum. É extremamente importante. E esse documentário vem para mostrar como que está realmente ganhando importância falar sobre paternidade ativa. Mais ainda, este documentário, para mim, é muito especial. Porque, para além das celebridades, eles focam em acompanhar a história de cinco pais ao redor do mundo e são pais que não são celebridades, são pais normais, como eu, inclusive eu sou um desses pais que são retratados pelo documentário.

É muito bonito ver como eles mostram a história desses pais, como eles lidam no dia a dia com seus filhos, como que é a rotina da casa. Enfim, como é possível um pai estar junto, participando e criando os seus filhos. É lindíssimo e eu sempre recomendo, acho que sempre vale a pena ser mencionado, porque ele é um divisor de águas para mim dentro do campo de discussões sobre paternidade.

Qual é o recado que você gostaria de deixar pra quem está te conhecendo agora?

Eu queria mencionar que é sempre muito importante notar o movimento da paternidade ativa, a discussão sobre isso está crescendo cada vez mais. A gente precisa fazer com que ele ganhe cada vez mais força, cada vez mais pautas, porque a gente precisa mudar a forma como as famílias estão se organizando hoje em dia. O pai não pode mais ser só um pai provedor, ele não pode ser mais o pai que ajuda. Esse tempo já passou.   O pai de hoje deve perceber que ele tem a função do cuidar, do criar junto. Cada vez mais veículos estão falando sobre isso, fazendo entrevistas sobre isso, o que me deixa muito feliz.

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