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Dia do Homem: precisamos falar sobre masculinidades no plural

Dia do Homem: precisamos falar sobre masculinidades no plural

A ideia única sobre masculinidade não contempla todos eles, é hora de pensar novas possibilidades e reavaliar os aspectos e comportamentos considerados ‘coisas de homem’

Publicado em 15 de julho de 2020 às 17:28

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“Usada de forma apropriada não fere a masculinidade“, declara fashionista brasileiro que trocou jeans pela saia
O momento é de repensar os esteriótipos e respeitar as pluralidades masculinas. ( Fabiana Delcanton )

Durante muito tempo, esteve no imaginário social uma ideia única sobre “ser homem”, geralmente atrelada à força, imponência, cavalheirismo e, em uma sociedade machista, superioridade. Frases como “seja homem” ou “faça isso como homem” sempre estiveram presentes no vocabulário geral.

O fato é que, com toda a pluralidade, essa ideia de uma masculinidade - única, engessada e homogênea - acaba não representando todas as pessoas que se reconhecem na identidade masculina. Além disso, vários fatores, como raça, faixa etária, classe e orientação sexual, colaboram para a mudança da expectativa social sobre esses indivíduos. Por isso, é importante entender que existem diferentes masculinidades. Sim, no plural.

Para o cuidador Fernando Junior, a masculinidade é algo transparente e verdadeiro. Como homem gay, ele acredita que a masculinidade pode ser forte, mas não deve ser tóxica. “Creio que essa complexidade não deveria ser um problema pra cada homem. É como um comportamento básico: tem carinho, amor, é engraçado e pode se misturar com a feminilidade”, complementa.

“Eu sou da bandeira LGBTQIA+, mas digamos eu faça parte da ‘ala de padronizados’ e, às vezes, isso interfere em como eu devo me portar, sabe? Eu observava todos os homens que passavam por mim, com ou sem relações afetivas e a cobrança pela masculinidade “padrão” sempre “gritava” em algum momento. Então, na minha cabeça, comecei a interpretar como um erro”, acrescenta.

Na opinião de Fernando, esse padrão acaba sendo problemático e até insustentável. “Você precisa ser independente sempre em todos os sentidos, você precisa ter liderança e força física e psicológica, mas isso acaba devastando esse tipo de ser, entende?”, explica ele.

Para ele, essa ideia geral de masculinidade criou um selo de salvador para o homem, de alguém que não tem tempo para o pensamento, somente para a ação. “Eu já tive incômodo em pensar como eu tinha que me portar diante de determinado público, mesmo sendo gay. As pessoas ainda associam os sentimentos, principalmente as mulheres. Espero que este raciocínio seja desconstruído”, conclui.

Fernando Junior
Para Fernando Junior já passou da hora de a masculinidade deixar de ser um problema para os homens e para toda a sociedade. (Arquivo pessoal)

Repensar a masculinidade pode ser libertador

Rafael Vieira; empreendedor
Para Rafael Vieira, estamos no caminho certo pra superar a ideia do "macho alfa". (Arquivo pessoal)

Rafael Vieira é universitário, empreendedor e negro. Ele entende a masculinidade como um conjunto de estereótipos que nossa sociedade alimentou sobre os homens. “Acredito muito na mudança da nossa sociedade e temos visto o começo dessas mudanças. Mesmo que alguns homens ainda tenham resistência sobre certos assuntos, creio que haverá um momento em que mais homens irão aceitar essas novas possibilidades de ação na sociedade”, diz.

“Por muito tempo engolimos essa ideia de que havia um padrão a ser seguido, em várias áreas das nossas vidas e, felizmente, hoje estamos começando a desconstruir esses padrões e temos visto como essas mudanças têm feito homens terem uma relação mais saudável consigo mesmo e com o meio em que convivem”, complementa.

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Ele conta que em alguns momentos já se sentiu intimidado a fazer algo - ou deixar de fazer - para atender a essa masculinidade hegemônica, mas trabalha a superação dessa ideia. “Eu acredito que, quando enxergamos nosso lugar e nosso privilégio enquanto homem, conseguimos lidar com algumas situações de forma mais tranquila”, finaliza.

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