Maurício de Oliveira, o violonista capixaba
Maurício de Oliveira, o violonista capixaba. Crédito: Gildo Loyola/Arquivo AG

100 anos de Mauricio de Oliveira: saiba quem foi o maior violonista capixaba

Maurício de Oliveira deixou uma vida dedicada à família e à música. Grande intérprete de Villa-Lobos, sua discografia é marcante, como também eram suas calças e seus sapatos brancos, sempre impecáveis

Tempo de leitura: 3min
Publicado em 19/07/2025 às 09h01
  • Manoel Goes Neto

    É escritor, produtor cultural e diretor no IHGES

Neste ano, em 19 de julho, celebramos o centenário de nascimento do grande músico capixaba Mauricio de Oliveira, um dos maiores nomes da música brasileira. Sua obra, rica em melodias e acordes inspiradores, atravessou gerações e continua a emocionar e encantar aos amantes da boa música.

Mauricio nasceu no dia 19 de julho de 1925 (na verdade, em 1924, pois seu pai lhe registrou um ano depois do nascimento) numa residência humilde ao lado do Forte São João (atual Saldanha da Gama), no antigo Porto das Pedreiras. Maurício de Oliveira foi violonista e cavaquinhista. Aos 11 anos já se apresentava como violonista e aos 14 anos estreou na Rádio Espírito Santo.

Ao longo de sua trajetória de 70 anos de violão, foi um dos principais intérpretes da obra de Villa-Lobos. Em 1967 gravou o “Concerto para Violão e Orquestra”(em redução para piano), um feito enorme para a época, em um importante álbum, pela gravadora Odeon/London interpretando Villa Lobos, contendo os Estudos, Prelúdios e a Suíte Popular Brasileira.

É autor de obras como a "Dança do Chico Prego", homenagem ao personagem capixaba, e "Canção da Paz".  Suas amplas possibilidades ao violão o levaram para Varsóvia (Polônia) em 1955, local onde ocorreu o Festival Internacional de Composição Musical para a Juventude e onde ele conquistou o honroso segundo lugar com a interpretação de sua música mais famosa: "Canção da Paz".  Como não bastasse sua produção musical, o cargo de diretor artístico da Rádio Espírito Santo lhe propiciou diversas apresentações, tanto em Vitória como no Rio de Janeiro, com músicos consagrados na MPB.

Em 2016, foi eternizado na sua cidade natal com um monumento em bronze do escultor Fernando Poletti na Praia de Camburi. O objetivo da obra, além de homenagear uma das figuras mais emblemáticas da cultura capixaba, é criar a interação entre os locais e turistas com a obra.

Estátua de Mauricio de Oliveira na Praia de Camburi, em Vitória
Estátua de Mauricio de Oliveira na Praia de Camburi, em Vitória. Crédito: Rodrigo Rezende/Arquivo

O centenário de Mauricio de Oliveira é uma oportunidade para reverenciar sua trajetória e celebrar sua genialidade. Sua música continua viva e presente em nossos corações, perpetuando sua memória e seu legado. Maurício de Oliveira com seus quase setenta anos de canções tornou-se o principal músico do Espírito Santo, uma referência como valor de nossa terra e como incentivador do rompimento das barreiras postas à música local.

Maurício de Oliveira deixou uma vida dedicada à família e à música. Grande intérprete de Villa-Lobos, sua discografia é marcante, como também eram suas calças e seus sapatos brancos, sempre impecáveis. Sua paixão pelos instrumentos inspirou seu filho Tião e a neta pianista Antônia. Ou seja, a música tornou-se marca registrada da família Oliveira. Sua vida rendeu ainda o livro "O Pescador de Sons", de autoria do jornalista e escritor Marien Calixte.

Foi professor de violão e diretor da Escola de Música do Espírito Santo, sendo considerado mestre de vários chorões da cidade de Vitória e uma das personalidades mais importantes na história da música popular do Espírito Santo. Morreu em setembro de 2009.

Após seu falecimento, a faculdade de música do Espírito Santo passou a se chamar Faculdade de Música do Espírito Santo Maurício de Oliveira. Em 2010, foi instituída por meio do decreto municipal 14.817 a Comenda Mauricio de Oliveira, criada como forma de reconhecimento e gratidão ao trabalho do maestro.

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