Publicado em 15 de outubro de 2025 às 19:32
O presidente dos EUA, Donald Trump, confirmou nesta quarta-feira (15/10) que autorizou a CIA a conduzir "operações secretas" dentro da Venezuela — e disse que estava considerando ataques a cartéis de drogas no país.>
Esse tipo de operação ocorre, por exemplo, quando serviços militares ou de inteligência realizam ataques ou assassinatos em outro país — mesmo que os exércitos dos dois países não estejam combatendo diretamente um ao outro.>
Forças dos EUA já realizaram pelo menos cinco ataques a barcos suspeitos de transportar drogas no Caribe, perto da costa venezuelana, nas últimas semanas, matando 27 pessoas. >
Especialistas em direitos humanos nomeados pela ONU descreveram as ações como "execuções extrajudiciais".>
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Falando no Salão Oval, na Casa Branca, Trump disse que os EUA "estão analisando operações em terra" enquanto consideram novos ataques na região.>
Trump buscou aumentar a pressão sobre o presidente Nicolás Maduro, que os EUA e outros países não reconhecem como líder legítimo da Venezuela após eleições contestadas.>
A Venezuela desempenha um papel relativamente pequeno no tráfico de drogas da região. O país não produz drogas, embora seja uma rota de trânsito para alguns traficantes, mas não a maior em comparação com outros locais da região.>
O governo venezuelano não comentou diretamente a notícia, mas, falando na televisão pouco depois, a vice-presidente Delcy Rodríguez disse: "Que nenhum agressor ouse, porque sabem que aqui estão o povo de Bolívar, que aqui estão o povo de nossos antepassados com suas espadas erguidas para nos defender sob qualquer circunstância.">
O aumento da presença militar dos EUA na região gerou temores em Caracas de um possível ataque.>
De acordo com o jornal The New York Times, a autorização de Trump permitiria que a CIA realizasse operações na Venezuela de forma unilateral ou como parte de qualquer atividade militar mais ampla dos EUA.>
Ainda não se sabe se a CIA está planejando operações na Venezuela, ou se esses planos estão sendo mantidos apenas como contingência.>
Falando com repórteres no Salão Oval, ao lado do diretor do FBI, Kash Patel, e da procuradora-geral, Pam Bondi, Trump foi questionado sobre a reportagem do New York Times.>
"Autorizei por duas razões, na verdade", disse ele. "Número um: eles [Venezuela] esvaziaram suas prisões e enviaram para os Estados Unidos da América.">
Ele acrescentou: "E a outra coisa são as drogas. Recebemos muitas drogas vindo da Venezuela, e grande parte das drogas venezuelanas entram pelo mar, então você precisa ver isso, mas também vamos detê-las pela terra.">
O presidente se recusou a responder quando perguntado se a autorização à CIA permitiria à agência derrubar Maduro. >
Os EUA já ofereceram uma recompensa de US$ 50 milhões para informações que levassem à prisão do líder venezuelano, que é acusado por Trump de comandar um cartel de drogas.>
"Não seria uma pergunta ridícula para eu responder?", disse ele.>
No ataque mais recente dos EUA, na terça-feira, seis pessoas foram mortas quando um barco foi alvo próximo à costa venezuelana.>
No Truth Social, Trump afirmou que "a inteligência confirmou que a embarcação estava traficando narcóticos, estava associada a redes narcoterroristas ilícitas e transitava por um corredor conhecido de tráfico de drogas.">
Como ocorreu em ataques anteriores, autoridades dos EUA não especificaram qual organização de tráfico de drogas acreditavam estar operando o barco, nem quem eram as pessoas a bordo.>
Os ataques fazem parte de um esforço militar maior para pressionar o governo de Maduro, que incluiu o posicionamento de significativos recursos aéreos e navais na região, além de cerca de 4 mil tropas.>
Em um memorando vazado recentemente enviado a legisladores dos EUA e divulgado pela mídia americana, a administração afirmou que se considerava envolvida em um "conflito armado não internacional" com organizações de tráfico de drogas.>
Autoridades dos EUA alegam que o próprio Maduro faz parte de uma organização chamada Cartel de los Soles, que, segundo eles, incluiria altos oficiais militares e de segurança venezuelanos envolvidos no tráfico de drogas.>
Maduro negou repetidamente as acusações, e o governo da Venezuela condenou os ataques.>
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