Publicado em 25 de março de 2025 às 18:44
Rússia e Ucrânia chegaram a um acordo nesta terça-feira (25/3) com os Estados Unidos para um cessar-fogo na região do mar Negro, que banha os dois países.>
A Casa Branca anunciou a notícia em dois comunicados após reuniões de seus representantes com delegações de Moscou e Kiev, realizadas na Arábia Saudita.>
O cessar-fogo no mar Negro permitirá a abertura de um corredor seguro para a navegação de embarcações comerciais.>
"Os Estados Unidos ajudarão a restabelecer o acesso da Rússia ao mercado global de exportação de produtos agrícolas e fertilizantes, reduzirão os custos dos seguros marítimos e melhorarão o acesso aos portos e aos sistemas de pagamento para esse tipo de transação", informou a Casa Branca sobre as negociações com a Rússia.>
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Washington também afirmou que o cessar-fogo ajudará a Ucrânia "a viabilizar a troca de prisioneiros de guerra, a libertação de civis detidos e o retorno das crianças ucranianas transferidas à força".>
No entanto, a Rússia minimizou o alcance do que foi acordado.>
O Kremlin declarou em um comunicado que há uma série de condições para dar seu aval ao cessar-fogo marítimo.>
Uma delas é a suspensão das sanções impostas às empresas russas envolvidas no comércio internacional de alimentos e fertilizantes, bem como ao banco russo Rosselkhozbank, que presta serviços a companhias agrícolas, e o restabelecimento de seu acesso ao sistema internacional Swift, uma rede que possibilita transações financeiras seguras entre instituições bancárias.>
Por sua vez, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou que as negociações estão no caminho certo para avançar em direção a uma paz total, mas alertou que os termos discutidos na Arábia Saudita devem ser cumpridos.>
"Se os russos violarem isso, então farei um apelo direto ao presidente Trump: aqui estão as provas, pedimos sanções, pedimos armas", disse Zelensky a jornalistas.>
O Ministério da Defesa ucraniano acrescentou que a movimentação de navios de guerra russos para fora da "parte oriental do mar Negro" será considerada uma violação do acordo e uma "ameaça à segurança nacional da Ucrânia".>
"Nesse caso, a Ucrânia terá pleno direito de exercer seu direito à autodefesa", afirma um comunicado publicado na rede social X.>
Ambos os países também concordaram em desenvolver medidas para interromper ataques a instalações energéticas russas e ucranianas por um período de 30 dias. >
Essa pausa deveria ter começado no dia 18 de março, segundo o Kremlin. Mas tanto a Rússia quanto a Ucrânia denunciaram, nos últimos dias, violações ao acordo firmado na semana passada sobre o fim dos ataques contra instalações energéticas.>
Análise de Frank Gardner, repórter de segurança da BBC News>
Os diálogos em Riad, na Arábia Saudita, foram, aparentemente, um sucesso. Os objetivos eram bem menos ambiciosos do que a proposta surgida nas reuniões anteriores em Jeddah, que buscavam um cessar-fogo total de 30 dias por terra, mar e ar.>
Ainda assim, conseguir esse acordo marítimo limitado entre as partes beligerantes já é um começo.>
No entanto, a confiança entre Rússia e Ucrânia é tão baixa que ambas as partes podem se sentir tentadas a continuar os ataques mesmo após firmarem um pacto.>
É muito fácil imaginar um cenário em que esse acordo desmorone: a Ucrânia acusaria a Marinha russa de avançar para o oeste, violando os termos do tratado. Moscou negaria. >
A Ucrânia então alegaria que não tem outra escolha a não ser atacar os russos em legítima defesa. A Rússia retaliaria contra os navios ucranianos, e o acordo entraria em colapso.>
Além disso, há o risco de uma das partes acusar a outra de realizar um "ataque de falsa bandeira", ou seja, fingir ter sido atacada pelo inimigo quando, na verdade, organizou o ataque para desacreditar a outra nação.>
Dito isso, a Rússia tem um claro interesse em retomar suas exportações comerciais pelo mar Negro, e a Ucrânia gostaria de escoar seus grãos por portos como Odessa sem o risco de ser atingida por mísseis russos.>
Portanto, apesar dos riscos, há uma possibilidade de que esse acordo possa servir como base para um cessar-fogo mais amplo.>
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