Publicado em 19 de outubro de 2025 às 22:32
O político de centro-direita Rodrigo Paz venceu o segundo turno das eleições da Bolívia e será o novo presidente do país a partir de 8 de novembro.>
Senador pelo Partido Democrata Cristão (PDC), ele conquistou 54% dos votos válidos, superando os 45% obtidos pelo rival, o conservador Jorge Tuto Quiroga, conforme os resultados preliminares divulgados pelo Tribunal Supremo Eleitoral (TSE) na noite de domingo (20/10).>
Ao anunciar os números em coletiva de imprensa, o presidente em exercício do TSE, Óscar Hassenteufel, afirmou que a "tendência é irreversível".>
Paz tem 58 anos, é filho de um ex-presidente boliviano, Jaime Paz Zamora, e economista de formação.>
>
O desfecho sela uma mudança drástica nos rumos da política na Bolívia, que foi governada por quase 20 anos pelo Movimento ao Socialismo (MAS), agremiação de esquerda fundada por Evo Morales e apoiada pela maioria indígena do país.>
Morales, líder sindical dos cocaleiros que assumiu o poder em 2006 e foi o primeiro líder indígena da Bolívia, buscou alianças com países como Cuba, Venezuela e Rússia e nacionalizou a indústria de petróleo e gás.>
Quiroga havia prometido "mudanças radicais" na agenda do governo com cortes profundos nos gastos públicos e o fechamento ou privatização de empresas estatais deficitárias.>
Paz, que já havia conquistado a maioria dos votos no primeiro turno, defende uma abordagem mais gradual, com a manutenção de programas sociais para os pobres e promoção do crescimento do setor privado.>
No final de setembro, ele anunciou planos para um acordo de cooperação econômica de US$ 1,5 bilhão com os Estados Unidos para garantir o fornecimento de combustível, enquanto Quiroga buscava um resgate internacional de US$ 12 bilhões apoiado por credores multilaterais.>
O Secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, declarou nesta semana que ambos os candidatos queriam "relações melhores e mais fortes com os Estados Unidos" após décadas de liderança antiamericana. >
"Estas eleições são uma oportunidade de transformação", disse ele na última quarta-feira.>
Alguns bolivianos expressaram medo de medidas de austeridade como as implementadas na vizinha Argentina pelo presidente Javier Milei, embora Paz tenha rejeitado cortes drásticos de gastos.>
O aumento da inflação, que cresceu 23% em 2025, e problemas como a escassez de combustível erodiram o apoio ao Movimento ao Socialismo (MAS) e ajudam a explicar porque a esquerda ficou de fora do segundo turno das eleições presidenciais.>
Antes o motor econômico do país, as exportações de gás natural da Bolívia despencaram, pressionando o boliviano e limitando as importações de combustível.>
Os candidatos que disputam a presidência neste domingo se assemelham aos dos governos conservadores da década de 1990, que defendiam a privatização e o estreitamento das relações com os Estados Unidos.>
"Estas eleições marcam uma virada política", disse Glaeldys González Calanche, analista para o sul dos Andes do International Crisis Group, à Reuters. >
"A Bolívia está caminhando em uma nova direção", acrescentou.>
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta