Publicado em 8 de outubro de 2025 às 07:32
O envio da Guarda Nacional para várias cidades dos Estados Unidos pelo presidente Donald Trump gerou uma série de contestações judiciais por parte de autoridades estaduais e locais.>
Trump argumenta que o uso das tropas é necessário para conter a violência em cidades governadas por democratas, combater o crime e apoiar suas iniciativas de deportação.>
Ele entrou em rota de colisão com vários governadores democratas, que resistem a essas medidas e afirmam que os destacamentos são desnecessários e podem aumentar as tensões. Processos judiciais foram recentemente abertos nos Estados de Illinois e Oregon.>
Enquanto as batalhas legais continuam, veja o que se sabe até agora.>
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A Guarda Nacional é formada principalmente por tropas baseadas nos Estados, que geralmente atuam em grandes emergências, como desastres naturais ou protestos de grande escala.>
Todos os 50 Estados dos EUA, além do Distrito de Colúmbia e dos territórios de Guam, Porto Rico e Ilhas Virgens Americanas, possuem seu próprio contingente da Guarda Nacional. Essas tropas também podem ser enviadas para o exterior, e algumas unidades são especializadas no combate a incêndios florestais ou na segurança das fronteiras do país.>
Os membros da Guarda Nacional estão subordinados ao Departamento de Defesa e podem ser "federalizados" — ou seja, colocados sob o controle direto do presidente — em determinadas circunstâncias. No entanto, os pedidos de apoio normalmente começam em nível local.>
Nesses casos, o governador de um Estado ativa as tropas da Guarda Nacional durante uma emergência e pode solicitar ajuda adicional ao presidente ou a outros Estados.>
As tropas da Guarda Nacional têm poderes limitados: elas não executam a lei, nem realizam prisões, apreensões ou buscas. Uma lei chamada Posse Comitatus restringe o poder do governo federal de usar forças militares em questões domésticas.>
Trump tem tentado contornar o processo normal de mobilização da Guarda Nacional várias vezes — inclusive ao ordenar o envio de membros da guarda de um Estado para outro.>
Em junho, ele assumiu o controle da Guarda Nacional da Califórnia para responder a protestos contra operações de imigração em Los Angeles, mesmo com a objeção do governador Gavin Newsom.>
A Califórnia entrou com dois processos contra o governo Trump. Um deles contestava a tomada de controle da Guarda Nacional, mas um tribunal de apelações acabou decidindo a favor do presidente. Em outro caso, um juiz federal concluiu que o uso das tropas da guarda em Los Angeles violou a Lei Posse Comitatus.>
Durante o verão, centenas de membros da Guarda Nacional foram enviados à capital Washington para responder ao que Trump chamou de uma "situação de completa e total falta de lei". O presidente citou a criminalidade e o número de pessoas em situação de rua como justificativas.>
Trump também autorizou o envio de 300 membros da Guarda para Chicago após protestos contra a imigração, especialmente em frente a centros de detenção. Oficiais vindos do Texas já chegaram a um centro de treinamento próximo à cidade.>
O governador de Illinois, o democrata JB Pritzker, acusou Trump de tentar "fabricar uma crise" e entrou com uma ação judicial própria.>
Trump ainda tentou enviar membros da Guarda Nacional de outros Estados para Portland, no Oregon, antes que um juiz federal suspendesse temporariamente a decisão.>
Uma disposição pouco conhecida da lei militar dos EUA define a autoridade do presidente para mobilizar a Guarda Nacional por conta própria. Até agora, presidentes raramente recorreram a ela.>
A legislação americana permite que o presidente convoque tropas da Guarda Nacional de qualquer Estado para o serviço se o país for "invadido ou estiver em perigo de invasão por uma nação estrangeira", ou se "houver uma rebelião ou perigo de rebelião" contra o governo dos EUA.>
Trump invocou essa lei em junho para colocar 2 mil membros da Guarda Nacional sob seu controle, com o objetivo de apoiar operações conduzidas pela agência de imigração e alfândega (ICE).>
O secretário de Defesa, Pete Hegseth, também mencionou essa lei em um memorando que autorizou o envio de 200 membros da Guarda Nacional do Oregon ao serviço federal em 28 de setembro.>
"Estamos muito confiantes na autoridade legal do presidente para fazer isso", disse a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, a repórteres em 6 de outubro. "E estamos muito confiantes de que venceremos com base no mérito da lei.">
Trump voltou a tentar usar a Guarda Nacional para responder a manifestações, depois de protestos ocorridos no início de outubro nas proximidades de um prédio da agência de imigração (ICE) em Portland.>
Agentes federais — incluindo integrantes do Departamento de Segurança Interna (DHS) e da Patrulha de Fronteira (CBP) — entraram em confronto com manifestantes contrários à iniciativa de deportações em massa do presidente.>
Trump afirmou que a cidade está "pegando fogo", mas a governadora do Oregon, Tina Kotek, do Partido Democrata, rebateu dizendo que "não há insurreição em Portland, nem ameaça à segurança nacional".>
Mesmo assim, o governo Trump tentou enviar 200 membros da Guarda Nacional da Califórnia para o Estado vizinho, o Oregon, em resposta aos protestos. Mas a juíza federal Karin Immergut — nomeada por Trump durante seu primeiro mandato — suspendeu temporariamente a medida.>
No sábado, Immergut bloqueou Trump de federalizar a Guarda Nacional do Oregon. "Este é um país governado por leis constitucionais, não pela lei marcial", escreveu em sua decisão. No dia seguinte, ela emitiu uma ordem temporária impedindo Trump de enviar a Guarda Nacional da Califórnia para Portland.>
O governo Trump deve recorrer da decisão.>
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