Publicado em 13 de junho de 2025 às 05:39
O ataque de Israel ao Irã não só foi mais abrangente e intenso do que as duas operações militares anteriores, realizadas em 2024, como também parece ter adotado parte da estratégia usada na ofensiva israelense contra o Hezbollah no Líbano em novembro passado.>
A ação não visa apenas atingir as bases de mísseis do Irã — e, portanto, a capacidade do país de responder com força — mas também lançar ataques para eliminar membros-chave da liderança iraniana.>
Essa estratégia de mirar em figuras importantes do Hezbollah teve consequências devastadoras para a capacidade do grupo montar uma contraofensiva sustentável.>
Imagens de Teerã mostraram o que parecem ser prédios específicos atingidos, semelhantes às imagens dos ataques de Israel aos subúrbios localizados no sul de Beirute, que culminaram na morte do líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah.>
>
Nenhuma figura dessa magnitude parece ter sido morta no Irã. O líder supremo Ali Khamenei não foi alvo, por exemplo.>
Mas matar o chefe do Estado-Maior Militar do Irã, o comandante da poderosa Guarda Revolucionária e vários dos principais cientistas nucleares do país nas primeiras horas de uma operação — que o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu sugeriu que poderia durar dias — significa infligir um grau de dano sem precedentes à elite iraniana.>
Isso parece exigir uma resposta mais feroz do Irã do que a que vimos em seus dois ataques a Israel no ano passado. >
Mas também pode dificultar muito a capacidade de Teerã de formular tal resposta.>
Presumivelmente, esse é o cálculo que Netanyahu fez ao ordenar essa nova escalada do conflito.>
O painel de informações de voo no Aeroporto do Catar mostra que voos foram cancelados não apenas para o Irã, mas também para o país vizinho, o Iraque.>
O Irã fechou oficialmente seu espaço aéreo após uma série de ataques israelenses sem precedentes.>
No entanto, parece que muitas companhias aéreas também evitam o Iraque em razão de preocupações com a segurança.>
Grupos paramilitares iranianos e iraquianos aliados a Teerã alertaram repetidamente que qualquer ataque ao Irã — seja por Israel ou pelos Estados Unidos — tornaria os interesses e as bases americanas na região, particularmente no Iraque, alvos "legítimos".>
Na quinta-feira (12/6) à noite, um assessor do primeiro-ministro iraquiano, Mohammed Shia al-Sudani, disse à BBC que o governo tem mantido conversas intensivas com grupos apoiados pelo Irã para dissuadi-los de retaliar caso o país vizinho fosse atacado, pois Bagdá tenta evitar a entrada em um novo conflito.>
Outro assessor de política externa de Sudani alertou anteriormente que, se algo acontecesse ao Irã, "não seria parecido ao que já tínhamos visto antes".>
E ele estava certo. Embora trocas de farpas entre Irã e Israel tenham acontecido no passado, o Irã não vivencia operações militares dessa escala em seu próprio território desde a guerra contra o Iraque nos anos 1980.>
O ataque israelense acontece apenas dois dias antes da sexta rodada de negociações entre Irã e EUA, que estava marcada para acontecer no próximo domingo (15/6).>
Mas agora, só restam incertezas.>
Não está claro se as negociações prosseguirão. >
E está mais difícil do que nunca prever o que o futuro reserva para o Oriente Médio.>
>
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta