Publicado em 12 de maio de 2023 às 11:04
O ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Anderson Torres, sairá da prisão sob condições como usar tornozeleira eletrônica, não portar arma de fogo e ficar afastado das redes sociais. >
A decisão foi tomada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes nesta quinta-feira (11/5).>
Torres está preso desde o dia 14 de janeiro após chegar dos Estados Unidos, a pedido da Polícia Federal e por determinação do próprio Moraes, por supostas omissões intencionais que teriam contribuído para os atos de vandalismo nas invasões do 8 de janeiro em Brasília. >
"No presente momento da investigação criminal, as razões para a manutenção da medida cautelar extrema em relação a ANDERSON GUSTAVO TORRES cessaram, pois a necessária compatibilização entre a Justiça Penal e o direito de liberdade demonstra que a eficácia da prisão preventiva já alcançou sua finalidade, com a efetiva realização de novas diligências policiais, que encontravam-se pendentes em 20/4/2023", afirma trecho da decisão.>
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Moraes também impõe como medidas cautelares: >
Essa foi a quinta vez que a defesa do ex-ministro do governo Bolsonaro pediu sua soltura. No último dia 20 de abril, Moraes havia negado uma solicitação.>
Torres era responsável pelo esquema de segurança do DF quando ocorreram as invasões de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro às sedes dos Três Poderes em Brasília. >
Torres não estava no país no dia — havia viajado de férias para a Flórida, nos Estados Unidos, onde também estava Bolsonaro —, e o policiamento sob seu comando foi considerado insuficiente para lidar com as manifestações>
A prisão preventiva de Torres foi decretada no dia 10 de janeiro pelo ministro Alexandre de Moraes a pedido da PF. Moraes disse que havia indícios de que pode ter havido omissão e conivência de autoridades de segurança do DF com os invasores bolsonaristas.>
Torres, que é delegado da Polícia Federal e ocupava o cargo de secretário de Segurança Pública do Distrito Federal quando ocorreram as invasões e depredações, negou a acusação. Ele disse lamentar "profundamente que sejam levantadas hipóteses absurdas de qualquer conivência minha com as barbáries que assistimos".>
No dia 12 de janeiro, a Polícia Federal apreendeu uma minuta na casa de Anderson Torres que decretaria um "estado de defesa no Tribunal Superior Eleitoral (TSE)" a fim de mudar o resultado das eleições de 2022, vencida pelo atual presidente, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).>
Na época, Torres divulgou uma nota em que afirmava que a divulgação da minuta aconteceu fora de contexto.>
"No cargo de Ministro da Justiça, nos deparamos com audiências, sugestões e propostas dos mais diversos tipos. Cabe a quem ocupa tal posição, o discernimento de entender o que efetivamente contribui para o Brasil", escreveu Torres no Twitter.>
"Havia em minha casa uma pilha de documentos para descarte, onde muito provavelmente o material descrito na reportagem foi encontrado. Tudo seria levado para ser triturado oportunamente no MJSP. O citado documento foi apanhado quando eu não estava lá, e vazado fora de contexto, ajudando a alimentar narrativas falaciosas contra mim. Fomos o primeiro ministério a entregar os relatórios de gestão para a transição. Respeito a democracia brasileira. Tenho minha consciência tranquila quanto à minha atuação como Ministro.">
Encontrada em um armário na casa de Torres, a minuta estava com a data em branco e com o nome do presidente Jair Bolsonaro. Ela não estava assinada e nunca chegou a virar decreto oficial.>
A proposta dizia que decreta "Estado de Defesa na sede do Tribunal Superior Eleitoral, em Brasília, Distrito Federal, com o objetivo de garantir a preservação ou o pronto restabelecimento da lisura e correção do processo eleitoral presidencial do ano de 2022, no que pertine [sic] à sua conformidade e legalidade, as quais, uma vez descumpridas ou não observadas, representam grave ameaça à ordem pública e a paz social".>
A minuta também previa a suspensão do sigilo de comunicações dos membros do TSE, que seriam impedidos de frequentar as dependências do prédio.>
Torres também é investigado por suspeitas relacionadas ao uso da Polícia Rodoviária Federal (PRF) para realizar blitze em rodovias do Nordeste e impedir eleitores do então candidato Lula de chegar às urnas de votação durante o segundo turno das eleições.>
A defesa de Torres nega qualquer irregularidade na sua conduta nos três casos.>
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