Publicado em 27 de dezembro de 2025 às 07:44
Nada dura para sempre… nem mesmo o nosso Universo. Nas últimas duas décadas, os astrônomos têm detectado indícios de que o cosmos pode ter passado do seu auge. Um dos sinais reveladores é que cada vez menos estrelas estão nascendo.>
Não que o Universo esteja ficando sem estrelas, veja bem. Há estimativas de que ele possa conter até um septilhão delas. Ou seja, 1, seguido de 24 zeros.>
Mas os astrônomos acreditam que a produção de novas estrelas está diminuindo.>
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O consenso científico atual é que o Universo tem cerca de 13,8 bilhões de anos. As primeiras estrelas se formaram logo após o Big Bang.>
De fato, no ano passado, o Telescópio Espacial James Webb encontrou um trio de estrelas em nossa própria galáxia, a Via Láctea, que, acredita-se, tem mais de 13 bilhões de anos.>
As estrelas são essencialmente bolas gigantes de gás quente que começam sua vida da mesma maneira.>
Elas se formam em enormes nuvens de poeira e gás espacial conhecidas como nebulosas. A gravidade atrai aglomerados de gás, que eventualmente se aquecem e se tornam uma estrela bebê, ou protoestrela.>
À medida que o núcleo da estrela aquece a milhões de graus, os átomos de hidrogênio em seu interior são comprimidos para formar hélio em um processo chamado fusão nuclear. Isso emite luz e calor, e a estrela agora está em uma fase estável, a "sequência principal".>
Os astrônomos estimam que as estrelas da sequência principal, incluindo o nosso Sol, representam cerca de 90% de todas as estrelas do Universo. Elas variam em tamanho de um décimo a 200 vezes a massa do Sol.>
Eventualmente, essas estrelas ficam sem combustível para queimar e podem seguir caminhos diferentes em sua jornada rumo à morte.>
Estrelas de menor massa, como o nosso Sol, passam por um processo de declínio ao longo de bilhões de anos.>
Para as "irmãs" maiores, que têm pelo menos oito vezes a massa do Sol, o fim é mais dramático: elas explodem em uma enorme explosão chamada supernova.>
Em 2013, uma equipe internacional de astrônomos que estudava tendências na formação de estrelas afirmou que 95% de todas as estrelas que existirão já nasceram.>
"Claramente, estamos vivendo em um Universo dominado por estrelas antigas", disse o autor principal desse estudo, David Sobral, em um artigo no site Subaru Telescope na época.>
Na linha do tempo do Universo, parece que o pico da formação de estrelas ocorreu há aproximadamente 10 bilhões de anos, em um período conhecido como Meio-dia Cósmico.>
"As galáxias convertem gás em estrelas, e estão fazendo isso a uma taxa decrescente", diz o professor Douglas Scott, cosmólogo da Universidade da Colúmbia Britânica, no Canadá.>
O professor Scott é coautor de um estudo em pré-publicação, atualmente em processo de revisão por pares, que analisou dados dos telescópios Euclid e Herschel da Agência Espacial Europeia.>
Ele e uma equipe internacional de pesquisadores conseguiram estudar simultaneamente mais de 2,6 milhões de galáxias, o que foi possível graças à missão do Euclid de criar um imenso mapa 3D do Universo.>
Os astrônomos estavam particularmente interessados no calor emitido pela poeira estelar. Galáxias com uma taxa mais alta de formação estelar tendem a ter poeira mais quente, pois abrigam estrelas maiores e mais quentes.>
A equipe descobriu que as temperaturas das galáxias têm diminuído gradualmente ao longo de vários bilhões de anos, segundo Scott.>
"Já ultrapassamos em muito o tempo máximo de formação estelar, e haverá cada vez menos novas estrelas em cada geração de formação estelar", afirma ele.>
É verdade que a morte de estrelas antigas pode levar à formação de novas estrelas usando o mesmo material, mas as coisas não são tão simples.>
Vamos supor que tenhamos uma pilha de materiais de construção e os usamos para fazer uma casa. Se quisermos construir uma nova, certamente podemos tentar reciclar a construção antiga, mas nem tudo será útil.>
"Isso significa que só podemos construir uma casa menor. Cada vez que a demolirmos, haverá menos material útil até que eu não consiga mais construir uma nova casa", explica Scott.>
É praticamente isso que acontece com as estrelas.>
"Cada geração de estrelas tem menos combustível para queimar e, eventualmente, não haverá combustível suficiente para formar uma estrela", diz o cosmólogo.>
"Já sabemos que estrelas de baixa massa são muito mais comuns do que estrelas de grande massa no Universo.">
Os cientistas há muito teorizam que o Universo um dia chegará ao fim. Eles só não têm certeza de como e quando.>
Uma das teorias mais aceitas atualmente é a morte térmica.>
Também chamada de Grande Congelamento, ela prevê que, à medida que o Universo continua a se expandir, a energia se espalhará até que eventualmente fique frio demais para sustentar a vida. As estrelas se afastam umas das outras, ficam sem combustível e nenhuma nova se forma.>
"A quantidade de energia disponível no Universo é finita", explica Scott.>
Mas antes de lançar um olhar melancólico para o céu, é importante lembrar que o desaparecimento das estrelas levaria um tempo astronômico.>
O professor Scott estima que novas estrelas continuarão a surgir pelos próximos 10 a 100 trilhões de anos – muito depois de o nosso Sol provavelmente ter desaparecido.>
Quanto ao Grande Congelamento, poderá demorar ainda mais: no início deste ano, astrônomos da Universidade Radboud, na Holanda, estimaram que o fim definitivo ocorreria em cerca de um quinvigintilhões de anos, ou seja, 1, seguido de 78 zeros.>
Há bastante tempo, portanto, para apreciar as estrelas na próxima vez que tiver um céu limpo em uma noite.>
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