Publicado em 26 de dezembro de 2025 às 17:47
HOMS, SÍRIA E BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Um atentado matou pelo menos oito fiéis e deixou 18 feridos em uma mesquita numa área predominantemente alauíta da cidade de Homs, na Síria, nesta sexta-feira (26), informou a mídia estatal. Um grupo militante islâmico reivindicou a autoria do ataque.>
O evento foi o mais recente contra a comunidade alauíta e a segunda explosão em um local de culto desde que as autoridades islâmicas assumiram o poder há um ano. Ele ocorreu após um atentado suicida em uma igreja de Damasco ter matado 25 pessoas em junho.>
Em comunicado no Telegram, o grupo extremista Saraya Ansar al-Sunna afirmou que seus combatentes "detonaram diversos dispositivos explosivos" na Mesquita Imam Ali Bin Abi Talib, no centro da Síria.>
O grupo formou-se após a deposição, no ano passado, do ditador Bashar al-Assad, ele próprio membro da comunidade alauíta, e reivindicou a autoria do atentado a bomba na igreja em junho, embora as autoridades tenham culpado o grupo Estado Islâmico.>
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A agência de notícias estatal Sana noticiou uma explosão na mesquita no bairro de Wadi al-Dahab, em Homs, e divulgou um balanço preliminar de pelo menos oito mortos e 18 feridos, citando um funcionário do Ministério da Saúde.>
Um fotógrafo da AFP viu as forças de segurança isolando a área ao redor da mesquita, enquanto, no interior, agentes faziam a guarda, com fita vermelha cercando o canto enegrecido e cheio de destroços onde ocorreu a explosão.>
Usama Ibrahim, de 47 anos, que estava sendo tratado no hospital por ferimentos causados por estilhaços na cabeça e nas costas, disse que estava nas orações de sexta-feira quando ouviu uma forte explosão.>
"O mundo ficou vermelho... e eu caí no chão. Então vi sangue escorrendo da minha cabeça", disse ele à AFP.>
O Ministério do Interior da Síria afirmou em um comunicado que "uma explosão terrorista" teve como alvo a mesquita e que as autoridades "iniciaram uma investigação e coletaram provas para perseguir os autores deste ato criminoso".>
A agência de notícias Sana citou uma fonte de segurança dizendo que as investigações iniciais indicam que "artefatos explosivos plantados dentro da mesquita" causaram a explosão.>
O Ministério das Relações Exteriores da Síria condenou o "ato criminoso covarde", afirmando que ele ocorreu "no contexto de repetidas tentativas desesperadas de minar a segurança e a estabilidade e espalhar o caos entre o povo sírio".>
A declaração do ministério reiterou sua "posição firme no combate ao terrorismo em todas as suas formas", prometendo responsabilizar os atacantes.>
Diversos países, incluindo Arábia Saudita, Líbano, Turquia e Jordânia, condenaram o ataque.>
A maioria dos sírios é muçulmana sunita, e a cidade de Homs abriga uma maioria sunita, mas também possui diversas áreas predominantemente alauítas, uma comunidade cuja fé deriva do islamismo xiita.>
Desde a queda de Assad, o Observatório Sírio para os Direitos Humanos e moradores da província de Homs relataram sequestros e assassinatos de membros da minoria, enquanto o país tem presenciado diversos episódios sangrentos de violência sectária.>
As áreas costeiras da Síria foram palco do massacre de civis alauítas em março, com as autoridades acusando apoiadores armados de Assad de instigar a violência ao atacar as forças de segurança.>
Uma comissão nacional de inquérito afirmou que pelo menos 1.426 membros da minoria foram mortos, enquanto o Observatório Sírio para os Direitos Humanos elevou o número de vítimas para mais de 1.700.>
No final do mês passado, milhares de pessoas protestaram no litoral contra novos ataques direcionados a alauítas em Homs e outras regiões.>
Antes e depois do massacre de março, as autoridades realizaram uma grande campanha de prisões em áreas predominantemente alauítas, que também são antigos redutos de Assad.>
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