Publicado em 10 de setembro de 2025 às 14:33
A França vive nesta quarta-feira (10/9) um dia de protestos liderados pelo movimento popular Bloquons Tout ("Vamos Bloquear Tudo", em tradução livre), em uma demonstração de indignação contra a classe política e cortes orçamentários.>
As manifestações ocorrem no dia da posse do novo primeiro-ministro Sébastien Lecornu, que assumiu o cargo após a deposição de seu antecessor, François Bayrou, em um voto de desconfiança no início desta semana.>
Manifestantes bloquearam ruas, incendiaram lixeiras e interromperam o acesso à infraestrutura e às escolas em todo o país.>
Cerca de 250 pessoas haviam sido presas até o meio da manhã, informou o ministro do Interior, Bruno Retailleau, em fim de mandato.>
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Um ônibus foi incendiado em Rennes e cabos elétricos perto de Toulouse foram sabotados, acrescentou Retailleau.>
Milhares de pessoas se reuniram em Paris, Marselha, Bordeaux e Montpellier.>
No entanto, os distúrbios permaneceram contidos. A maioria das prisões ocorreu em Paris ou nos arredores, onde cerca de 1 mil manifestantes – muitos mascarados ou usando balaclavas – entraram em confronto com a polícia do lado de fora da estação de trem Gare du Nord.>
Alguns tentaram entrar na estação, mas foram impedidos por agentes que dispararam gás lacrimogêneo, segundo relatos da imprensa francesa.>
Mais tarde, um restaurante foi incendiado no centro de Paris, e as lojas no complexo comercial de Les Halles fecharam mais cedo.>
Muitos manifestantes entoaram slogans políticos contra o presidente Emmanuel Macron e o novo primeiro-ministro Sébastien Lecornu. Vários carregavam cartazes contra a guerra em Gaza.>
O movimento "Vamos Bloquear Tudo" parece ter surgido nas redes sociais há alguns meses e ganhou força durante o verão, quando encorajou as pessoas a protestarem contra cortes orçamentários de 44 bilhões de euros (cerca de R$ 280 bilhões) anunciados pelo ex-premiê François Bayrou.>
O movimento tem características claras de esquerda. Suas reivindicações incluem mais investimentos em serviços públicos, impostos para a alta renda, congelamento de aluguéis e a renúncia de Macron.>
Às vésperas dos protestos de quarta-feira, o grupo "Vamos Bloquear Tudo" incitou as pessoas a participarem de atos de desobediência civil contra "austeridade, desprezo e humilhação".>
Um grupo de jovens manifestantes em frente à Gare du Nord disse à BBC que estava indo às ruas em "solidariedade" com pessoas em situação precária em toda a França.>
"Estamos aqui porque estamos muito cansados de como Macron tem lidado com a situação" da crescente dívida francesa, disse Alex, 25, acrescentando que não tinha fé que o novo primeiro-ministro não "repetiria o ciclo".>
Lecornu é um apoiador de Macron e o quinto primeiro-ministro do país em menos de dois anos.>
Sua nomeação foi criticada tanto por partidos de extrema direita quanto de esquerda.>
Primeiro, ele precisará elaborar um orçamento que seja aceitável para a maioria dos parlamentares franceses, em um parlamento dividido — o mesmo esforço desafiador que derrubou seus dois antecessores.>
O déficit francês atingiu 5,8% do PIB em 2024, mas os três grupos ideológicos distintos na Assembleia, profundamente partida, discordam sobre como lidar com a crise.>
O partido de esquerda radical França Insubmissa já disse que apresentará uma moção de desconfiança a Lecornu o mais breve possível.>
No entanto, essa moção precisaria do apoio de outros partidos para ser aprovada. Atualmente, o maior partido parlamentar – o de extrema direita União Nacional – afirmou que "ouviria o que Lecornu tivesse a dizer", embora "sem muitas ilusões".>
Em um breve discurso após a transferência de poder na residência do primeiro-ministro, Lecornu agradeceu a Bayrou por seu trabalho e prometeu ao povo francês: "Chegaremos lá".>
"A instabilidade e a crise política que atravessamos exigem sobriedade e humildade", disse Lecornu.>
"Teremos que ser mais criativos e mais sérios na forma como trabalhamos com a oposição", acrescentou, antes de anunciar que iniciaria imediatamente conversas com partidos políticos e sindicatos.>
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