Publicado em 18 de dezembro de 2025 às 12:44
Uma nova fase da operação 'Sem Desconto', conduzida pela Polícia Federal em parceria com a Controladoria-Geral da União (CGU) e que investiga o esquema de descontos irregulares aplicados a benefícios do INSS, foi deflagrada com a prisão do então secretário-executivo do Ministério da Previdência, Adroaldo da Cunha Portal, número dois da pasta.>
A investigação apura um esquema nacional de cobranças associativas não autorizadas feitas diretamente em aposentadorias e pensões, prática que teria causado prejuízo bilionário a beneficiários entre 2019 e 2024. >
O caso já havia levado ao afastamento e posterior prisão do ex-presidente do INSS Alessandro Stefanutto.>
Adroaldo Portal foi preso na manhã desta quinta-feira (18) e ficará em prisão domiciliar, conforme decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) André Mendonça, que autorizou a nova fase da operação. >
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Após a prisão, o Ministério da Previdência informou que ele foi exonerado do cargo.>
Também nesta fase, o senador Weverton Rocha (PDT-MA), vice-líder do governo Lula no Senado, foi alvo de mandados de busca e apreensão. As diligências fazem parte da mesma ofensiva autorizada pelo Supremo Tribunal Federal.>
Além de Portal, a Polícia Federal prendeu Romeu Antunes, filho do lobista Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como Careca do INSS, que está preso desde setembro e é apontado como um dos principais operadores do esquema. Outro preso é Eric Fidelis, filho de André Fidelis, ex-diretor de Benefícios do INSS.>
De acordo com a investigação, baseada em quebras de sigilo, Eric teria recebido recursos, por meio de seu escritório de advocacia, de empresas ligadas ao lobista investigado.>
Adroaldo da Cunha Portal integrava o Ministério da Previdência desde o início do governo Lula, ainda durante a gestão do então ministro Carlos Lupi (PDT), e foi mantido na pasta pelo atual titular, Wolney Queiroz.>
Em maio deste ano, Portal foi nomeado secretário-executivo, tornando-se o número dois do ministério, em um momento em que o escândalo envolvendo fraudes no INSS já havia vindo a público. Antes disso, exerceu o cargo de secretário do Regime Geral de Previdência Social, função que ocupou entre fevereiro de 2023 e maio de 2025.>
O ex-secretário é citado nas investigações por sua ligação com o senador Weverton Rocha e por ter recebido, em seu gabinete, o lobista conhecido como Careca do INSS, segundo apurações da Polícia Federal.>
De acordo com a Polícia Federal, estão sendo cumpridos 16 mandados de prisão preventiva e 52 mandados de busca e apreensão, além de outras medidas cautelares. As ações ocorrem nos Estados de São Paulo, Paraíba, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Minas Gerais e Maranhão, além do Distrito Federal.>
Em nota, a PF informou que esta fase da operação tem como objetivo aprofundar as investigações e esclarecer a prática de crimes como inserção de dados falsos em sistemas oficiais, constituição de organização criminosa, estelionato previdenciário e atos de ocultação e dilapidação patrimonial.>
A operação Sem Desconto investiga um mecanismo de descontos aplicados diretamente nos benefícios de aposentados e pensionistas do INSS, atribuídos a associações e entidades conveniadas. Segundo as apurações, muitos desses descontos eram feitos sem autorização dos beneficiários ou sem que eles tivessem conhecimento da cobrança.>
Os valores eram debitados mensalmente sob a justificativa de filiação associativa ou oferta de serviços, mas, em grande parte dos casos analisados, não havia consentimento formal nem contrapartida efetiva aos segurados.>
Desde abril, a investigação aponta que o esquema pode ter movimentado cerca de R$ 6,3 bilhões em cobranças irregulares no período de cinco anos. Ainda naquele mês, o então presidente do INSS foi afastado do cargo, e acabou sendo preso em novembro, no desdobramento do mesmo inquérito.>
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