Publicado em 28 de outubro de 2025 às 20:33
A megaoperação policial contra o Comando Vermelho nesta terça-feira (28/10) é a mais letal já registrada desde 1990 na região metropolitana do Rio de Janeiro, segundo levantamento do Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos da Universidade Federal Fluminense (Geni/UFF).>
Pelo menos 64 pessoas morreram e 81 foram presas na ação das Polícias Civil e Militar do Rio de Janeiro contra a facção nos complexos do Alemão e da Penha, na Zona Norte da capital fluminense.>
Entre os mortos, estão 60 civis e 4 policiais, segundo informações da Polícia Civil. Há também registros de policiais e moradores baleados.>
Até então, a operação policial mais letal do Rio havia sido registrada na comunidade do Jacarezinho, também na Zona Norte, em maio de 2021, quando 28 pessoas morreram, entre elas um policial.>
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Na ocasião, a Polícia Civil do Rio de Janeiro fez uma ação contra o tráfico de drogas na região.>
Em seguida, está outra operação na Vila Cruzeiro, no conjunto de favelas da Penha, em maio de 2022, quando 23 pessoas, todas elas civis, foram mortas.>
As operações policiais mais letais da história do Rio>
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Os pesquisadores do Geni/UFF destacam ainda que as três operações mais letais do Rio ocorreram durante o governo de Cláudio Castro (PL).>
Castro classificou a ação desta terça como "a maior operação das forças de segurança do Rio de Janeiro" e parte de uma iniciativa permanente de combate à expansão do Comando Vermelho.>
"Uma operação do Estado contra narcoterroristas, porque as pessoas que fazem isso que fazem são narcoterroristas", disse Castro.>
O Ministério Público Federal (MPF) e a Defensoria Pública da União (DPU) pediram nesta terça-feira explicações do governador do Rio sobre a operação policial, considerando, entre outros pontos, sua alta letalidade.>
Os órgãos pediram que o governo de Cláudio Castro demonstre se não havia "meio menos gravoso" de atingir seus objetivos na segurança pública.>
O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, classificou a operação no Rio de Janeiro como "'bastante cruenta" e disse que combate à criminalidade se faz com planejamento.>
"Eu estou aqui à distância, tenho acompanhado pelos jornais, foi uma operação bastante cruenta, segundo notícias. Lamentavelmente, morreram agentes de segurança pública e, pior ainda, pessoas comuns, inocentes. É de se lamentar isso.">
"Eu queria enfatizar que o combate à criminalidade, seja ela comum ou organizada, se faz com planejamento, inteligência, coordenação das forças de segurança.">
De janeiro de 2007 a outubro de 2025, o Geni/UFF registrou 707 ações policiais com morte na região metropolitana do Rio, que tiveram como vítimas 2.905 civis e 31 policiais.>
"Esses dados nos permitem constatar que as chacinas policiais são a regra e não a exceção no Estado do Rio de Janeiro", dizem os pesquisadores da UFF.>
"Reiteramos que esta política de segurança pública centrada em operações policiais em favelas, além de implicar em altíssimos custos para a sociedade, há décadas vem se demonstrando ineficiente no controle do crime, incapaz de proporcionar a redução das ocorrências criminais e conter o avanço do controle territorial armado", prosseguem os pesquisadores. >
"A recorrência de incursões policiais armadas com tiroteios em territórios densamente povoados revela o descaso do Estado com a preservação de vidas negras e faveladas.">
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