Publicado em 12 de dezembro de 2025 às 18:44
O governo Donald Trump anunciou nesta sexta-feira (12/12) a retirada da sanção contra Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), sob a Lei Magnitsky.>
A sanção contra a esposa de Moraes, Viviane Barci, também foi revogada.>
É mais um capítulo surpreendente de uma linha do tempo atribulada envolvendo autoridades americanas e brasileiras nos últimos meses — e talvez um episódio tão inédito quanto a própria sanção contra Moraes pela Magnitsky. >
O ministro do STF foi a primeira autoridade brasileira a ser submetida à punição, imposta no fim de julho.>
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A Lei Magnitsky é uma das mais severas disponíveis para Washington punir estrangeiros que considera autores de graves violações de direitos humanos e práticas de corrupção.>
Moraes é relator da ação penal que em setembro condenou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a pena de mais de 27 anos, inicialmente em regime inicial fechado. >
O ex-presidente começou a cumprir a pena no fim de novembro, na Superintendência da Polícia Federal em Brasília. >
Em julho, quando as declarações e atos do governo americano contra autoridades brasileiras se intensificaram, Bolsonaro ainda era réu na ação penal por tentativa de golpe e outras acusações.>
Na época, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou as decisões da Casa Branca, defendendo a soberania e as instituições brasileiras. >
Mas, a partir do fim de setembro, a relação Brasil-EUA começou a desescalar após um breve encontro entre Lula e Trump na ONU e uma reunião entre os dois na Malásia.>
Durante uma sessão no Congresso americano, o deputado republicano Cory Mills perguntou o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, se a Casa Branca estava estudando alguma medida contra Alexandre de Moraes sob a Lei Magnitsky.>
Rubio respondeu que havia uma "grande possibilidade" que isso acontecesse.>
"A caça às bruxas política do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, contra Jair Bolsonaro criou um complexo de perseguição e censura tão abrangente que não só viola direitos básicos dos brasileiros, mas também se estende além das fronteiras do Brasil e atinge os americanos", argumentou Rubio na ocasião.>
Em carta publicada em suas redes sociais, endereçada ao presidente do Brasil, Trump anunciou tarifas adicionais de 40% sobre produtos brasileiros — que se somaram à taxa de 10% sobre todas as importações para os EUA, divulgadas em abril.>
A justificativa do republicano foi uma suposta "caça às bruxas" contra o ex-presidente Jair Bolsonaro na Justiça, que na época respondia a uma ação penal que acabou condenando-o em setembro.>
No texto de Trump, o nome de Moraes não foi diretamente mencionado.>
"Conheci e lidei com o ex-presidente Jair Bolsonaro e o respeito grandemente, assim como a maioria dos líderes de outros países. A forma que o Brasil tem tratado o ex-presidente Bolsonaro, um líder altamente respeitado ao redor do mundo durante seu mandato, inclusive pelos Estados Unidos, é uma vergonha internacional", começa a carta.>
Em outro trecho, Trump chega a usar letras maiúsculas para se referir ao processo de Bolsonaro e demanda o fim do caso.>
"Este julgamento não deveria estar acontecendo. É uma caça às bruxas que deveria acabar IMEDIATAMENTE".>
Dias depois, o secretário americano Marco Rubio, anunciou na rede social X ter ordenado a revogação do visto do ministro Alexandre de Moraes para entrar nos Estados Unidos.>
"A caça às bruxas política do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, contra Jair Bolsonaro criou um complexo de perseguição e censura tão abrangente que não só viola direitos básicos dos brasileiros, mas também se estende além das fronteiras do Brasil e atinge os americanos", argumentou Rubio.>
De acordo com postagem de Rubio, além do visto de Moraes, ele solicitou a revogação da permissão para os familiares do ministro e seus "aliados".>
Segundo informações de bastidores obtidas por diversos veículos da imprensa brasileira, no total oito ministros do STF tiveram vistos revogados — só não foram atingidos pela medida André Mendonça, Kassio Nunes Marques e Luiz Fux.>
No fim de julho, pela primeira vez, uma autoridade brasileira foi submetida à Lei Magnitsky: Alexandre de Moraes. >
O secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, comentou a decisão do governo americano em sua conta no X (antigo Twitter).>
"Hoje, o @USTreasury está sancionando o Ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, que usou seu cargo para autorizar prisões preventivas arbitrárias e suprimir a liberdade de expressão", escreveu Bessent.>
"Alexandre de Moraes é responsável por uma campanha opressiva de censura, detenções arbitrárias que violam os direitos humanos e processos politizados — inclusive contra o ex-presidente Jair Bolsonaro. O Tesouro continuará a responsabilizar aqueles que ameaçam os interesses dos EUA e aqueles que impõem limites às nossas liberdades", completou o secretário.>
Em discurso em 1º de agosto, Moraes comentou a sanção contra ele, durante cerimônia de abertura do segundo semestre do Judiciário. >
"Esse relator vai ignorar as sanções que foram aplicadas e continuar trabalhando como vem fazendo, tanto no plenário quanto na Primeira Turma, sempre de forma colegiada", afirmou.>
Em nota, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) prestou "solidariedade" a Moraes e disse que tentativas de interferência externa no Judiciário brasileiro eram "inaceitáveis".>
Em setembro, foi a vez da esposa de Moraes, a advogada Viviane Barci, ser submetida à Lei Magnitsky, assim como a empresa mantida por ela e pelos três filhos do casal, o Lex - Instituto de Estudos Jurídicos.>
Na ocasião, O secretário do Tesouro, Scott Bessent, afirmou em uma nota publicada no site do Tesouro que "Alexandre de Moraes é responsável por uma campanha opressiva de censura, detenções arbitrárias e processos politizados — inclusive contra o ex-presidente Jair Bolsonaro".>
"A ação de hoje deixa claro que o Tesouro continuará a perseguir indivíduos que fornecem apoio material a Moraes enquanto ele viola os direitos humanos", continuou Bessent.>
À agência Reuters, Bessent comparou Moraes e a mulher ao casal de criminosos Bonnie e Clyde.>
"Não há Clyde sem Bonnie", afirmou ele, ao responder por qual razão estava sancionado a mulher do juiz.>
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