Publicado em 28 de outubro de 2025 às 16:34
Pelo menos 64 pessoas morreram e 81 foram presas nesta terça-feira (28/10) durante uma megaoperação das Polícias Civil e Militar do Rio de Janeiro contra o Comando Vermelho nos complexos do Alemão e da Penha.>
Entre os mortos, estão quatro policiais, segundo informações da Polícia Civil. Há também registros de policiais e moradores baleados.>
A operação contou com cerca de 2,5 mil agentes das forças de segurança do Rio de Janeiro para cumprir cem mandados de prisão em uma área de 9 milhões de metros quadrados.>
A ação foi classificada pelo governador do Rio, Cláudio Castro (PL), como "a maior operação das forças de segurança do Rio de Janeiro", e faz parte da Operação Contenção, uma iniciativa permanente do governo do Rio em combate à expansão do Comando Vermelho. >
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"Essa operação teve início com o cumprimento de mandados judiciais e uma investigação de mais de um ano e planejamento feito há mais de 60 dias", afirmou o governador em coletiva de imprensa nesta manhã. >
"Uma operação do Estado contra narcoterroristas, porque as pessoas que fazem isso que fazem são narcoterroristas.">
Participam da operação policiais militares do Comando de Operações Especiais (COE), de batalhões da capital e da Região Metropolitana, além de equipes da CORE e de todas as delegacias especializadas da Polícia Civil. >
Entre os presos, estão lideranças do Comando Vermelho que atuam no tráfico de drogas na região. Um deles é Thiago do Nascimento Mendes, conhecido como Belão. Ele teve a prisão anunciada durante a coletiva por Castro.>
Nicolas Fernandes Soares, apontado como operador financeiro de um dos chefes do tráfico, também foi preso. >
72 fuzis foram apreendidos durante a operação, além de uma grande quantidade de drogas, informou o governo do Estado. >
Os confrontos entre policiais e traficantes acontecem majoritariamente em áreas de mata, segundo o governador, mas há tentativas de criminosos de fechar vias da região, como a Avenida Brasil. >
Todos os batalhões do Rio de Janeiro estão em estado de alerta para possíveis retaliações. >
Durante a manhã, os criminosos usaram drones para lançar bombas e atacar policiais. Também foram vistos fugindo em fila indiana da Vila Cruzeiro durante a operação.>
Barricadas com veículos queimados também foram montadas por criminosos em diversos locais da cidade em represália à operação policial.>
Em função dos bloqueios, o Centro de Operações e Resiliência (COR) do Rio elevou o estágio operacional da cidade para o nível 2, de uma escala de 5. >
A Polícia Militar colocou em resposta todo seu efetivo nas ruas, suspendendo todas as atividades administrativas.>
Durante a coletiva de imprensa, Castro afirmou que o uso de "tecnologia, estratégia e inteligência" estavam sendo fundamentais para o sucesso da operação, mas criticou a ausência de apoio do governo federal. >
"As nossas polícias estão sozinhas... infelizmente, mais uma vez, não temos auxílio nem de blindados nem de agentes das forças federais, de segurança ou de defesa. É o Rio de Janeiro completamente sozinho.">
O aparato tecnológico inclui dois helicópteros, 32 blindados terrestres, drones, 12 veículos de demolição do Núcleo de Apoio às Operações Especiais da PM.>
Ao ser questionado sobre apoio do governo federal, Castro disse que teve três pedidos negados para que as Forças Armadas ajudassem em operações policiais no Estado. >
A operação desta terça-feira, contudo, não teria contado com pedido, segundo o governador. >
"Não foram pedidas dessa vez, porque nós já tivemos três negativas. Nós já entendemos que a política é de não é ceder. Falam que tem que ter GLO (Garantia da Lei da Ordem), que tem que ter isso, que tem que ter aquilo, que podiam emprestar o blindado e depois não podiam mais emprestar porque o servidor que opera o blindado é um servidor federal. O presidente já falou que ele é contra GLO. A gente entendeu que a realidade é essa", disse. >
Em entrevista à TV Globo nesta manhã, o secretário de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro, Victor Santos, também disse que o estado estava enfrentando a situação sozinho após ter ajuda negada pelo governo federal. >
"No passado recente, a gente tentou conseguir isso, mas foi negado, e a gente não teve esse apoio do governo federal, das Forças Armadas, infelizmente", disse.>
"Estamos falando de 9 milhões de metros quadrados de desordem urbana, com becos intransitáveis, casas irregulares e criminosos que dominam o território. É impossível enfrentar isso apenas com o efetivo do estado.">
"Sozinho ninguém consegue fazer nada. São quase 1900 favelas no Rio de Janeiro. Nós somos o quarto menor Estado, mas o terceiro mais populoso. 600 fuzis apreendidos na mão de criminosos. É um diagnóstico muito ruim do Rio de Janeiro. E o Estado vem fazendo esse papel de combate sozinho há anos. É importante, sim, que o Estado, a prefeitura e a União sentem à mesa, sem ideologia", completou o secretário.>
Em nota enviada à BBC News Brasil, o Ministério da Justiça e Segurança Pública informou que tem atendito a todos os pedidos do governo do Estado do Rio de Janeiro para o emprego da Força Nacional no Estado, em apoio aos órgãos de segurança pública federal e estadual. >
"Desde 2023, foram 11 solicitações de renovação da FNSP [Força Nacional de Segurança Pública] no território fluminense. Todas acatadas", destacou. >
O orgão ainda disse que mantém atuação no Estado do Rio de Janeiro desde outubro de 2023, por meio da Força Nacional de Segurança Pública. A operação segue vigente até 16 de dezembro de 2025 e pode ser renovada. >
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