Publicado em 27 de outubro de 2025 às 02:32
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta segunda-feira (27/10) na Malásia que Donald Trump se comprometeu a negociar rapidamente um acordo com o Brasil sobre as tarifas de 50% impostas pelos EUA a produtos brasileiros. >
"Ele [Trump] garantiu que vamos ter um acordo. E acho que será mais rápido do que muita gente pensa", disse Lula durante uma coletiva de imprensa. >
Lula afirmou que Brasil e EUA devem participar de novas rodadas de negociações sobre as tarifas "nas próximas semanas" em Washington.>
"Estou convencido de que, em poucos dias, teremos uma solução definitiva entre Estados Unidos e Brasil, para que a vida siga boa e alegre, do jeito que dizia Gonzaguinha em sua música", disse o brasileiro.>
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As declarações foram feitas um dia após Lula se encontrar com Trump na Malásia. >
Na reunião com Trump, o brasileiro disse ter pedido ao americano "a suspensão da taxação e revisão das punições aos nossos ministros", referindo-se a sanções aplicadas pelos EUA a magistrados do Supremo Tribunal Federal (STF) e autoridades de seu governo.>
O brasileiro voltou a chamar as sanções de "infundadas e baseadas em informações erradas".>
Lula disse que Trump "ficou surpreso" ao ouvir que as sanções americanas haviam atingido até a filha de 10 anos do ministro da Saúde, Alexandre Padilha (PT). >
Padilha foi sancionado em agosto por ter participado da elaboração do programa Mais Médicos. Segundo o governo americano, o programa consistiu em um "esquema de exportação de trabalho forçado do regime cubano", em referência à participação de médicos cubanos no programa entre 2013 e 2018.>
O ministro, sua esposa e filha tiveram os vistos americanos cancelados.>
Já oito magistrados do STF - entre os quais o ministro Alexandre de Moraes - foram sancionados com base na Lei Magnitsky, criada para punir estrangeiros que os EUA consideram autores de graves violações de direitos humanos. >
Na entrevista coletiva, Lula disse que questões políticas entre Brasil e Estados Unidos - incluindo as sanções aos ministros - serão tratadas apenas por ele e por Trump, ao passo que assessores dos dois governos negociarão temas comerciais, como as tarifas a produtos brasileiros. >
Lula disse ainda ter defendido na reunião com Trump a legitimidade do julgamento no STF que condenou Bolsonaro a 27 anos e 3 meses de prisão por golpe de Estado e outros crimes. O americano já fez várias críticas ao julgamento e o usou como um dos argumentos para aplicar as tarifas de 50% contra o Brasil. >
"Eu disse que foi um julgamento muito sério, com provas contundentes", afirmou Lula. >
Referindo-se a Bolsonaro, Lula disse que Trump sabe que "rei morto, rei posto".>
"Bolsonaro faz parte do passado da política brasileira. Eu disse [a Trump]: com três reuniões que você fizer comigo, vai perceber que Bolsonaro não era nada", disse o petista.>
Lula disse que a reunião com Trump foi importante para que pudessem se conhecer pessoalmente.>
O encontro ocorrido no domingo foi a primeira reunião formal entre os dois, que mantinham relação distante desde o início do governo Trump. >
A situação se agravou em julho, quando Washington anunciou o tarifaço contra o Brasil. Mas o diálogo melhorou a partir de setembro, quando ambos tiveram breve contato durante a Assembleia Geral da ONU, em Nova York, o que abriu as negociações para o encontro bilateral.>
Numa rápida conversa com jornalistas antes do início da reunião, Trump disse ser "uma honra estar com o presidente do Brasil".>
"Acredito que seremos capazes de fazer ótimos acordos para os dois países", disse ele.>
Após o encontro, o perfil da Casa Branca no X publicou uma foto dos dois presidentes se cumprimentando e a seguinte fala de Trump: "Acho que seremos capazes de fechar alguns bons acordos para ambos os países... Sempre tivemos um bom relacionamento e acredito que isso continuará.">
Também depois do encontro, o secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Márcio Rosa, disse que a questão de Bolsonaro não foi discutida diretamente e que Trump não mencionou o aliado na conversa. >
Na coletiva de imprensa, Lula disse ter oferecido a Trump ajuda para mediar a crise entre EUA e Venezuela. >
Afirmou ainda que a América do Sul deve permanecer "zona de paz", sem importar conflitos externos.>
Lula e Maduro estão distanciados desde que o brasileiro não reconheceu formalmente a mais recente reeleição do herdeiro de Hugo Chávez, vista por atores da região e observadores como não legítima.>
A reunião entre Trump e Lula acontece durante a participação dos dois líderes na 47ª Cúpula da Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean).>
A viagem de Lula para o Sudeste Asiático, com passagem pela Indonésia e Malásia, faz parte de uma estratégia brasileira de diversificação de rotas comerciais, em busca de caminhos alternativos diante da deterioração nas relações com Washington. >
A delegação brasileira inclui ministros de áreas estratégicas, como Alexandre Silveira (Minas e Energia), Carlos Fávaro (Agricultura), Luciana Santos (Ciência e Tecnologia) e Mauro Vieira (Relações Exteriores). >
Também acompanham Lula o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, e o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues.>
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