Publicado em 15 de junho de 2024 às 13:29
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou neste sábado (15/6) que é "uma insanidade alguém querer punir uma mulher com pena maior que o criminoso que fez o estupro", ao ser questionado sobre o projeto de lei que torna homicídio aborto após 22 semanas de gestação.>
Nos últimos dias, houve reação, inclusive com protestos em cidades brasileiras, à aprovação do regime de urgência para votação pela Câmara dos Deputados de projeto de lei que prevê a aplicação de pena de homicídio simples em casos de aborto após 22 semanas (leia mais abaixo).>
As penas por homicídio simples no Brasil podem ir até 20 anos de reclusão, enquanto a pena por estupro é de cerca de 10 anos.>
"Eu, Luiz Inácio Lula da Silva, fui casado, tive 5 filhos, 8 netos, e uma bisneta. Sou contra o aborto. Entretanto, como o aborto é a realidade, temos que tratar aborto com questão de saúde pública. É uma insanidade alguém querer punir uma mulher com pena maior que o criminoso que fez o estupro. É, no mínimo, uma insanidade", disse.>
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O presidente falou com jornalistas na região da Puglia, na Itália, depois de participar de encontro do G7 com países convidados.>
Lula, que também foi questionado se concorda com a atual legislação no Brasil, disse:>
"Tenho certeza que o que tem na lei já garante que a gente aja de forma civilizada para tratar com rigor o estuprador e para tratar com respeito a vítima.">
Um projeto de lei assinado por 32 deputados quer equiparar qualquer aborto realizado no Brasil após 22 semanas de gestação ao crime de homicídio.>
A regra valeria inclusive para os casos em que o procedimento é autorizado pela legislação brasileira, como na gravidez decorrente de estupro.>
Na noite de quarta-feira (12/6), a Câmara aprovou o regime de urgência para tramitação do projeto, depois de o assunto ter sido incluído na pauta pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP/AL).>
Isso significa que o projeto pode ser votado diretamente pelo plenário da Câmara, sem a necessidade de debates e pareceres nas comissões. Com isso, o plenário pode votar sobre o projeto nos próximos dias.>
Caso aprovado, o projeto ainda precisaria passar pelo Senado e pela sanção presidencial.>
Atualmente, a lei brasileira permite o aborto em três situações:>
O projeto tem recebido várias manifestações contrárias, inclusive com protestos em várias cidades brasileiras.>
Em artigo publicado no site do Centro Brasileiro de Estudos de Saúde (Cebes), a médica Ana Costa, diretora executiva da instituição, classifica o projeto como "uma reedição do 'Estatuto do Estuprador', que obriga mulheres a gestarem fruto de estupro, sob pena de prisão".>
O Cebes ainda destaca que o acesso tardio ao aborto legal "reflete a desigualdade e a iniquidade na assistência à saúde, impactando sobretudo crianças (10-14 anos), mulheres pobres, pretas e moradoras da zona rural".>
Um grupo de 18 entidades do setor foi formado para criar a campanha "Criança Não é Mãe", que caracteriza as mudanças propostas como o "PL da Gravidez Infantil".>
Segundo os criadores do movimento, a alteração na legislação prejudicará principalmente as crianças menores de 14 anos, que representam o maior grupo que necessita dos serviços de aborto após o terceiro trimestre.>
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