Publicado em 15 de outubro de 2025 às 17:32
O Exército de Israel afirmou nesta quarta-feira (15/10) que um dos corpos entregues pelo Hamas na noite de terça (14/10) "não corresponde a nenhum dos reféns".>
Segundo o comunicado, essa conclusão foi feita após exames realizados no Instituto Nacional de Medicina Forense.>
"O Hamas é obrigado a fazer todos os esforços necessários para devolver os reféns falecidos", disse o Exército israelense.>
Como parte do acordo de cessar-fogo, o Hamas liberou todos os 20 reféns vivos de volta a Israel e tem entregado aos poucos os corpos dos que foram mortos e estavam em Gaza.>
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Antes que o cessar-fogo entrasse em vigor, 48 reféns israelenses ainda estavam sendo mantidos em Gaza, dos quais 28 acreditava-se estarem mortos.>
Na segunda-feira, quatro corpos foram devolvidos. Já na noite terça, o Hamas entregou mais quatro corpos, mas o governo só identificou três como sendo de cidadãos israelenses.>
Os três últimos corpos eram de:>
Uriel Baruch, de 35 anos, sequestrado no festival de música Nova. Segundo militares israelenses, ele havia sido morto em 7 de outubro de 2023, quando o Hamas invadiu Israel, e seu corpo foi levado a Gaza como refém.>
Tamir Nimrodi, de 20 anos, atuava como oficial na Passagem de Erez, na fronteira Israel-Gaza, em 7 de outubro de 2023. Seu destino era desconhecido até a entrega de seu corpo>
Eitan Levi, de 53 anos, era taxista em Bat Yam e foi morto por homens armados do Hamas em uma estrada próxima ao perímetro de Gaza, em 7 de outubro de 2023.>
Nas contas de Israel, portanto, 21 corpos ainda permanecem em Gaza.>
A primeira fase do plano de paz do presidente dos EUA, Donald Trump, tinha como prazo para o Hamas devolver todos os reféns — vivos e mortos — até o meio-dia de segunda-feira.>
Uma cópia do acordo de cessar-fogo, publicada pela mídia israelense na semana passada, parecia reconhecer que o Hamas e outras facções palestinas poderiam ter dificuldades para localizar todos os corpos dentro desse prazo.>
Ele chega a estipular a criação de um mecanismo de compartilhamento de informações para permitir que o grupo transmita qualquer inteligência sobre o paradeiro dos corpos que não conseguir localizar aos mediadores.>
O Hamas afirma que alguns dos corpos dos reféns estão presos sob escombros e pediu a entrada de máquinas pesadas para ajudar nos esforços de recuperação.>
Mas há raiva em Israel com o ritmo lento das devoluções. O governo israelense acredita que o grupo está em posse de mais corpos do que os que foram entregues até agora.>
Em resposta aos atrasos, Israel ameaçou ontem interromper a abertura da passagem de Rafah para o Egito e restringir a entrada de ajuda em Gaza.>
Há temores de que Israel possa ir além — ameaçando este cessar-fogo frágil —, mas Trump, o Catar, o Egito e grande parte da região parecem determinados a mantê-lo.>
O fato de Israel não identificar um corpo entregue pelo Hamas já aconteceu antes. Em fevereiro, o Hamas entregou o que disse serem os restos mortais da refém israelense Shiri Bibas, junto com seus dois filhos, Ariel e Kfir. >
Mas os testes forenses posteriormente mostraram que não era o corpo de Shiri, provocando indignação em Israel. Mais tarde, o Hamas devolveu o corpo correto.>
Há preocupações em Gaza de que o atraso do Hamas em localizar e transferir os corpos dos reféns israelenses possa provocar uma resposta de Israel que coloque em risco este cessar-fogo frágil.>
Israel ameaçou na terça-feira reduzir o número de caminhões de ajuda que entram no enclave e adiar a reabertura da passagem de Rafah — uma medida que imediatamente elevou os preços dos produtos básicos nos mercados locais.>
Muitos comerciantes e fornecedores começaram a estocar mercadorias para criar escassez e aumentar os lucros, com medo de que a guerra recomece, disseram moradores locais à BBC.>
Nas ruas de Gaza, muitos residentes expressaram temores de que esses acontecimentos possam marcar o início do fim da trégua.>
"Toda vez que começamos a nos sentir seguros, novas ameaças aparecem, e tememos que a guerra comece tudo de novo", diz Neven Al-Mughrabi, mãe de seis filhos, moradora deslocada de Gaza que vive em Khan Younis.>
"Perdi minha casa na Cidade de Gaza, decidi ficar aqui com minha família porque não confio no cessar-fogo e estamos cansados do deslocamento.">
Ela também conta que um comerciante no principal mercado de Khan Younis disse que a procura por farinha, óleo e açúcar aumentou em poucas horas.>
"Apesar da alta repentina dos preços em cerca de 30%, as pessoas estão comprando como se não confiassem que a calma vá durar muito; todos têm medo de que a ajuda pare", diz Neven.>
A crescente inquietação ocorre enquanto mediadores se reúnem no Egito em uma tentativa de superar as divergências entre Hamas e Israel e manter a primeira fase do acordo de cessar-fogo nos trilhos.>
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