Publicado em 3 de dezembro de 2025 às 08:44
O governo do presidente americano, Donald Trump, anunciou na terça-feira (02/12) a suspensão dos pedidos de imigração apresentados por cidadãos da Venezuela, de Cuba, do Haiti e de outros 16 países não europeus. Esses grupos já haviam tido a entrada nos Estados Unidos restringida no início de 2025, segundo memorando interno obtido pela emissora americana CBS, parceira da BBC.>
A decisão paralisa os pedidos de residência e cidadania pendentes de pessoas desses países e exige que todos os imigrantes dessa lista "passem por um processo de revisão completa".>
Além dos países latino-americanos citados, a medida afeta cidadãos de: Afeganistão, Burundi, Chade, Eritreia, Guiné Equatorial, Irã, Laos, Líbia, Mianmar, República do Congo, Somália, Sudão, Iêmen, Serra Leoa, Togo e Turcomenistão.>
A medida foi formalizada por um memorando do Serviço de Cidadania e Imigração dos EUA, que anuncia um processo de reavaliação abrangente para analisar "ameaças à segurança nacional e pública, bem como quaisquer outros motivos de inadmissibilidade ou inelegibilidade".>
>
Segundo a CBS, a suspensão é uma medida provisória enquanto o governo americano prepara novas diretrizes para a verificação dos imigrantes afetados.>
A diretriz enviada às unidades do órgão afirma: "A suspensão inclui todos os tipos de formulários e a tomada de qualquer decisão final (aprovações, negações), além da realização de qualquer cerimônia de juramento".>
O texto oficial cita o ataque armado ocorrido na semana passada na capital americana, Washington, D.C., que deixou um integrante da Guarda Nacional morto e outro ferido.>
O homem detido sob acusação de ter cometido o ataque é Rahmanullah Lakanwal, afegão que colaborou com as forças americanas em Cabul (Afeganistão) e entrou nos EUA em 2021, beneficiado por programa de proteção especial após a retirada das tropas do Afeganistão.>
O governo Trump já havia anunciado a suspensão das decisões sobre pedidos de asilo e iniciado revisão de residências permanentes para essa lista de países, mas ainda não aplicava a política a todos os casos do Serviço de Imigração, incluindo pedidos de cidadania.>
Matthew Tragesser, porta-voz do Serviço de Cidadania e Imigração, confirmou a suspensão ao jornal americano The New York Times. "O governo Trump está fazendo todo o possível para garantir que aqueles que se tornam cidadãos sejam os melhores. A cidadania é um privilégio, não um direito", afirmou.>
Segundo a emissora americana ABC News, advogados de imigração afirmaram que alguns de seus clientes da Venezuela, do Irã e do Afeganistão tiveram audiências de cidadania canceladas nesta semana.>
A cerimônia de naturalização, última etapa de um processo que pode durar até cinco anos, costuma reunir grandes grupos portando pequenas bandeiras americanas para o juramento de lealdade aos EUA.>
A nova medida da Casa Branca ocorre em um momento em que Trump culpa cada vez mais imigrantes e refugiados pelo que chama de "disfunção social" dos EUA.>
Desde que voltou à Presidência, em janeiro, Trump assinou uma ordem executiva para "proteger cidadãos americanos de estrangeiros que possam tentar cometer atos terroristas, representar ameaças à segurança nacional, promover ideologias de ódio ou explorar as leis de imigração com fins maliciosos".>
Nesse contexto, Trump ordenou o envio de dezenas de agentes federais às principais cidades do país com o objetivo de deter imigrantes indocumentados e realizar deportações.>
Por outro lado, Trump declarou ainda que não quer imigrantes somalis nos EUA e disse a jornalistas que eles deveriam "voltar ao seu país de origem" e que "o país deles não serve para nada".>
"Para ser sincero, não os quero no nosso país", afirmou durante reunião de gabinete nesta terça-feira (02/12).>
Trump acrescentou que os EUA "irão pelo caminho errado" se continuarem "permitindo a entrada dessas pessoas".>
As declarações depreciativas ocorrem no momento em que, segundo relatos, autoridades planejam operação na numerosa comunidade somali de Minnesota, voltada a pessoas com ordens de deportação.>
Autoridades de Minnesota condenaram o plano e afirmaram que ele pode afetar injustamente cidadãos americanos que, pela aparência, podem ser confundidos com pessoas originárias do país do leste da África.>
Minneapolis e St. Paul, conhecidas como Cidades Gêmeas, abrigam uma das maiores comunidades somalis do mundo e a maior dos EUA.>
Ao final da reunião de gabinete, transmitida pela TV e com várias horas de duração, Trump reiterou: "Eu não os quero em nosso país. Vou ser honesto com vocês, ok? Alguém vai dizer: 'Ah, isso não é politicamente correto'. Não me importa. Eu não os quero em nosso país".>
"A Somália, que mal é um país, sabem? Eles não têm nada. Simplesmente ficam por aí se matando. Não há nenhuma estrutura", disse Trump.>
>
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta