Publicado em 5 de março de 2025 às 21:43
O futuro do apoio americano à Ucrânia deu mais um passo rumo ao cenário de dúvidas nesta quarta-feira (05/03), com o conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos, Mike Waltz, confirmando que o país suspendeu o compartilhamento de informações de inteligência com a Ucrânia.>
"Nós demos um passo para trás", disse Waltz a jornalistas. >
Ele acrescentou que o governo de Donald Trump está suspendendo e revisando "todos os aspectos desse relacionamento [entre EUA e Ucrânia]".>
Ainda não está claro se a pausa no compartilhamento de inteligência é parcial ou total, nem por quanto tempo durará.>
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Os EUA compartilham informações de inteligência com Kiev desde o início da invasão em grande escala feita pela Rússia à Ucrânia em 2022.>
Nos três anos desde a invasão, a Ucrânia tem dependido bastante da assistência militar dos EUA. Por isso, decisões recentes de Washington suspendendo sua ajuda podem ter um efeito significativo na guerra.>
Os EUA interromperam o envio de ajuda militar a Kiev na segunda-feira (03/03) após um encontro dramático na semana passada, quando os presidentes Donald Trump e Volodymyr Zelensky bateram boca na Casa Branca. >
O diretor da Agência Central de Inteligência dos EUA (CIA), John Ratcliffe, também pareceu confirmar a decisão sobre informações de inteligência em uma entrevista à Fox Business nesta quarta-feira.>
Ele disse que Trump "tinha dúvidas reais se o presidente [da Ucrânia] Zelensky está comprometido com o processo de paz. >
O presidente americano teria dito, segundo o relato de Ratcliffe: "Vamos fazer uma pausa, quero dar a vocês a chance de pensar sobre isso".>
Ratcliffe citou uma declaração de Zelensky na terça (04/03), em que o presidente ucraniano declarou que estava pronto para negociar a paz. >
O diretor da CIA afirmou que a pausa do auxílio militar à Ucrânia, anunciada anteriormente, "permitiu que isso acontecesse" — referindo-se à sinalização feita por Zelensky.>
Waltz também sugeriu que um tom mais conciliatório está surgindo entre os EUA e a Ucrânia, acrescentando que a pausa na ajuda militar e na inteligência dos EUA pode ser suspensa em um futuro próximo.>
O conselheiro afirmou à Fox que teve "boas conversas" com os ucranianos sobre o local e o conteúdo de possíveis negociações e acrescentou que haverá movimentações nesse sentido em "muito pouco tempo".>
Acredita-se que informações de inteligência antes transmitidas pelos EUA ajudassem a Ucrânia a entender estrategicamente os próximos movimentos de Moscou — e também taticamente, por exemplo, com informações sobre o posicionamento das tropas e armas russas. >
Mick Mulroy, ex-subsecretário assistente de defesa e oficial paramilitar aposentado da CIA, disse à BBC que cortar a inteligência para a Ucrânia teria um impacto "imediato" em sua capacidade de defesa. >
"Não há como substituir as capacidades de inteligência que os EUA podem fornecer", disse Mulroy.>
"Isso provavelmente estimulará a Rússia a pressionar mais fortemente para tomar mais terreno da Ucrânia e [ficar] longe da mesa de negociações.">
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Em pronunciamento na TV nesta quarta, o presidente da França, Emmanuel Macron, afirmou que seu país deve estar preparado para seguir em frente sem a ajuda dos EUA.>
"Quero acreditar que os EUA ficarão ao nosso lado, mas devemos estar prontos se não for o caso", disse Macron.>
Afirmando que a Europa está em uma "nova era", Macron pediu que o continente aumente seus gastos com defesa.>
Ele também disse que a França, junto com a Ucrânia e outros países, prepararam um plano de paz duradouro.>
Reportagem adicional de Bernd Debusmann Jr, na Casa Branca>
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