Publicado em 3 de abril de 2025 às 07:39
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou que seu país vai impor uma tarifa de 10% sobre todas as importações para os EUA — com taxas ainda maiores para nações que têm barreiras comerciais maiores contra os americanos.>
Economistas dizem que a medida, que entra em vigor no sábado (5/4), é um ponto de virada no comércio global.>
A União Europeia descreveu as medidas como um "grande golpe para a economia mundial". A China promete retaliação e a Austrália respondeu que "este não é o ato de um amigo".>
O Brasil não está na lista de países mais afetados pelas maiores tarifas — e terá seus produtos exportados para os EUA taxados em 10%, a tarifa mínima estabelecida por Trump.>
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Outros países que serão taxados em 10% incluem: Reino Unido, Singapura, Austrália, Nova Zelândia, Turquia, Colômbia, Argentina, El Salvador, Emirados Árabes Unidos e Arábia Saudita.>
Já outros países e regiões — alguns considerados aliados próximos dos EUA — sofrerão com tarifas maiores: países da União Europeia (tarifa de 20%), China: (54%), Vietnã (46%), Tailândia (36%), Japão (24%), Camboja (49%), África do Sul (30%) e Taiwan (32%).>
A pergunta que todos se fazem agora é: qual será a reação dos demais países contra Trump e os americanos? Haverá retaliação contra os EUA — com imposição de novas tarifas? Ou os países evitarão escalar tensões comerciais?>
O governo brasileiro não informou se irá ou não retaliar os norte-americanos.>
Em nota divulgada pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) e pelo Ministério das Relações Exteriores (MRE), o governo brasileiro disse que "lamenta a decisão tomada pelo governo norte-americano", que se mantém aberto ao diálogo, mas que avalia "todas as possibilidades de ação", inclusive recorrer à Organização Mundial de Comércio (OMC).>
No anúncio, Trump disse que os percentuais cobrados do Brasil seriam próximos aos que o país cobraria de produtos importados norte-americanos.>
A economista do banco BTG Pactual, Iana Ferrão, analisou o anúncio a pedido da BBC News Brasil e disse como as tarifas deverão afetar o Brasil.>
"Todos os produtos brasileiros importados pelos Estados Unidos estarão sujeitos a uma tarifa adicional de 10%, exceto nos casos em que já se aplicam tarifas específicas mais altas, como no caso do aço e do alumínio, tarifados em 25%", disse a economista.>
O diretor-executivo para as Américas da Eurasia Group, Christopher Garman, destaca que o Brasil acabou ficando entre os países menos impactados pelas tarifas anunciadas por Trump.>
"Nós esperávamos um impacto entre 10% e 25%. Ao final, o Brasil saiu menos impactado que outros países, como os da Ásia", disse Garman à BBC News Brasil.>
Ele afirmou que os setores que mais devem ser impactados pelas tarifas norte-americanas são o petrolífero, o de produtos semimanufaturados, celulose e de partes de avião.>
Essa também é a análise de Iana Ferrão. Segundo ela, entre os setores mais afetados estão o de semimanufaturados de ferro e aço, aeronaves, materiais de construção, etanol, madeira e seus derivados e petróleo. A economista disse que setores como o de commodities agrícolas e mineração não deverão sofrer grandes impactos por não dependerem tanto do mercado norte-americano.>
Segundo documento divulgado pela Casa Branca logo após o anúncio, as tarifas divulgadas não deverão se sobrepor àquelas que já foram impostas sobre outros produtos anteriormente, como à do aço e a do alumínio, taxados em 25% em março e que também afetaram produtos brasileiros.>
Enquanto o Brasil foi taxado, em média, em 10%, países asiáticos sofreram taxações muito maiores.>
Mas, para alguns países, como Japão e Vietnã, Trump anunciou que irá cobrar "aproximadamente metade" do que eles cobram dos EUA.>
"As tarifas não serão totalmente recíprocas. Eu poderia ter feito isso, sim, mas teria sido difícil para muitos países", disse Trump.>
O presidente também confirmou o início da cobrança de uma tarifa de 25% sobre todos os carros estrangeiros a partir de 0h de quinta-feira (3/4), uma taxa que deve afetar principalmente o México.>
Os mercados já começaram a reagir às tarifas de Trump nesta quinta-feira (3/4).>
As bolsas de ações em Londres, Paris e Berlim caíram fortemente na abertura. O FTSE 100 e o Cac 40 caíram cerca de 1,4% e 1,7%, mas o índice Dax da Alemanha levou o maior golpe, caindo mais de 2%.>
O comércio alemão é visto como especialmente vulnerável às tarifas.>
Na Europa, que terá tarifas de 20% contra seus produtos importados pelos EUA, líderes reagiram.>
Ainda não houve retaliação imediata, mas diversos políticos anunciaram reuniões nos próximos dias para avaliar suas reações.>
A chefe da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse que as novas importações de impostos causariam consequências "terríveis" para milhões de pessoas ao redor do mundo.>
Ela disse que não existe um caminho claro para enfrentar o que ela chamou de caos e complexidade que as novas tarifas de Trump desencadeariam em todo o mundo.>
Mas a Comissão prometeu proteger os negócios da UE — alguns dos quais serão mais duramente atingidos do que outros: como a indústria automobilística da Alemanha, os bens de luxo da Itália e os produtores de vinho e champanhe da França.>
O presidente da França, Emmanuel Macron, convocou uma reunião de emergência de líderes empresariais franceses para esta quinta-feira.>
Como o maior mercado único do mundo, a UE pode causar danos aos EUA — mirando bens e serviços, incluindo "big techs", como Apple e Meta com contramedidas.>
Mas líderes europeus têm dito que seu objetivo não é aumentar as tensões com os EUA — e sim persuadir Trump a negociar.>
A primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, disse que, embora considerasse as tarifas de Trump erradas, tudo seria feito para tentar chegar a um acordo com os EUA.>
Já o primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, pediu calma a todos os líderes. O Reino Unido está em um processo de negociação de um tratado comercial com os EUA, depois que o país deixou a União Europeia.>
O Reino Unido está entre os países que — como o Brasil — terão tarifas de 10% nos seus produtos importados pelos EUA. Esse é o menor patamar anunciado por Trump.>
Starmer não confirmou nem descartou retaliações britânicas — e disse que "nada está fora de questão" quando se trata de como o Reino Unido pode responder às tarifas de Donald Trump.>
"Hoje marca uma nova etapa em nossa preparação. Temos uma série de alavancas à nossa disposição e continuaremos nosso trabalho com empresas em todo o país para discutir sua avaliação das opções.">
Ele também diz que "nossa intenção continua sendo garantir um acordo".>
Starmer diz que estamos vivendo em um mundo em mudança e "devemos enfrentar esse desafio".>
"Ninguém ganha em uma guerra comercial, isso não é do nosso interesse nacional", disse o primeiro-ministro.>
Diversos líderes mundiais falaram sobre a necessidade de dialogar e negociar com os EUA.>
O ministro da Economia da Alemanha, Jorg Kukies, disse à BBC: "Ninguém com quem falei fechou a porta para negociações [com Trump] após o anúncio.">
O primeiro-ministro da Noruega, Jonas Gahr Støre, disse que seu governo negociará com os EUA sobre tarifas "se tiver a oportunidade de fazê-lo".>
O primeiro-ministro da Tailândia, Paetongtarn Shinawatra, disse que está disposto a enviar autoridades para conversar com os EUA. "Acho que ainda podemos negociar.">
O primeiro-ministro do Vietnã, Phạm Minh Chính, disse que está criando uma força-tarefa para lidar com as tarifas dos EUA.>
O ministro da economia da Espanha disse que o país quer chegar a uma "situação negociada com os EUA sobre tarifas".>
A presidência da África do Sul disse que as novas tarifas dos EUA "afirmam a urgência de negociar um novo acordo comercial bilateral e mutuamente benéfico com Washington".>
Economistas alertam que esse choque de tarifas promovido por Trump será repassado aos consumidores americanos, podendo provocar um grande aumento nos preços e uma recessão nos EUA e no resto do planeta.>
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