Publicado em 5 de dezembro de 2025 às 07:44
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, fez um alerta para que as tropas ucranianas se retirem da região de Donbas, no leste da Ucrânia, ou a Rússia a tomará, rejeitando qualquer tentativa de acordo sobre como encerrar a guerra na Ucrânia.>
"Ou libertamos esses territórios à força, ou as tropas ucranianas deixarão esses territórios", disse ele ao jornal India Today. Moscou controla cerca de 85% de Donbas.>
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, descartou a cessão de território.>
Os comentários de Putin foram feitos depois que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse que seus negociadores para um plano de paz afirmaram que o líder russo "gostaria de encerrar a guerra" após as discussões de terça-feira (2/12) em Moscou.>
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O enviado de Trump, Steve Witkoff, que estava em Moscou, tinha um encontro agendado com a equipe diplomática da Ucrânia na Flórida.>
Trump disse que as conversas de terça-feira no Kremlin foram "razoavelmente boas", acrescentando que era cedo demais para dizer o que aconteceria, pois "é preciso dois para dançar tango" (uma expressão americana).>
O Kremlin disse nesta sexta-feira que Moscou ainda aguardava uma resposta de Washington após a reunião na Rússia.>
"Estamos agora aguardando a reação de nossos colegas americanos à discussão que tivemos na terça-feira", disse o assessor do Kremlin, Yuri Ushakov.>
Ele disse que não havia planos para uma ligação telefônica entre Putin e Trump, e nenhuma data havia sido definida para uma nova reunião com Witkoff.>
A versão original do plano de paz dos EUA propunha entregar áreas de Donbas ainda sob controle ucraniano a Putin — mas a equipe de Witkoff apresentou uma versão modificada em Moscou.>
Em sua entrevista ao India Today antes de uma visita de Estado a Nova Déli, Putin disse que não tinha visto a nova versão antes de suas conversas com Witkoff e Jared Kushner, genro de Trump.>
"É por isso que tivemos que revisar cada ponto, é por isso que demorou tanto", disse o líder do Kremlin.>
Ele também disse que Moscou discordava de partes do plano dos EUA.>
"Às vezes, dissemos que sim, podemos discutir isso, mas que não podemos concordar com aquilo", disse Putin.>
Ele não mencionou os pontos de discórdia. Pelo menos dois pontos significativos de divergência permanecem: o destino do território ucraniano tomado pelas forças russas e as garantias de segurança para a Ucrânia.>
O principal assessor de política externa e negociador-chave de Putin, Yuri Ushakov, disse logo após as negociações que elas não produziram "nenhum compromisso" sobre o fim da guerra.>
Ushakov também insinuou que a posição de negociação russa havia sido fortalecida graças ao que Moscou considerou seus recentes sucessos no campo de batalha.>
A Ucrânia tem acusado repetidamente a Rússia de obstruir quaisquer acordos de cessar-fogo, dizendo que Moscou busca tomar mais território ucraniano.>
Comentando as negociações no Kremlin, o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Andrii Sybhia, disse que Putin estava "perdendo o tempo do mundo". A Ucrânia há muito insiste em firmes garantias de segurança para o país em qualquer acordo.>
Na quarta-feira, Zelensky disse que "o mundo claramente sente que existe uma oportunidade real de acabar com a guerra" — mas as negociações devem ser "apoiadas por pressão sobre a Rússia", que Kiev e seus aliados europeus acusam de deliberadamente atrasar quaisquer acordos de cessar-fogo.>
O presidente ucraniano disse na semana passada que seus principais negociadores conseguiram fazer algumas mudanças importantes no plano de paz original dos EUA — visto como amplamente favorável a Moscou — durante conversas com uma delegação americana em Genebra, em 23 de novembro.>
Em uma declaração conjunta, negociadores americanos e ucranianos disseram na época que haviam elaborado uma "estrutura de paz atualizada e refinada" — mas não forneceram mais detalhes.>
Os principais negociadores da Europa - que haviam manifestado preocupação com o plano original dos EUA - também estiveram na cidade suíça na semana passada, reunindo-se separadamente com as equipes ucraniana e americana.>
Em um desenvolvimento separado na quinta-feira, o site de notícias alemão Der Spiegel disse ter obtido uma transcrição confidencial de uma teleconferência na qual líderes europeus expressaram preocupação com as negociações americanas. >
"Existe a possibilidade de os EUA traírem a Ucrânia na questão territorial sem clareza sobre as garantias de segurança", teria dito o presidente francês Emmanuel Macron, de acordo com uma transcrição em inglês da teleconferência de segunda-feira.>
Enquanto isso, o chanceler alemão Friedrich Merz foi citado alertando que Zelensky precisava ser "extremamente cauteloso nos próximos dias".>
"Eles estão jogando, tanto com vocês quanto conosco", teria dito Merz.>
O presidente finlandês Alexander Stubb também foi citado dizendo: "Não podemos deixar a Ucrânia e Volodymyr sozinhos com esses caras".>
A BBC não teve acesso à transcrição divulgada.>
Em resposta a uma consulta da Der Spiegel, o Palácio do Eliseu, na França, afirmou que "o presidente não se expressou nesses termos". O gabinete presidencial se recusou a fornecer detalhes sobre como Macron se expressou, alegando confidencialidade.>
Stubb se recusou a comentar com a Der Spiegel, e Merz não comentou o assunto.>
Em um comunicado à BBC, a Casa Branca afirmou: "O Secretário [Marco] Rubio, o Enviado Especial Witkoff, o Senhor Kushner e toda a equipe de segurança nacional do Presidente estão trabalhando incansavelmente para impedir a violência entre a Rússia e a Ucrânia.">
"Eles realizaram reuniões produtivas para coletar opiniões de ambos os lados sobre um plano que possa promover uma paz duradoura e aplicável", dizia o comunicado.>
A Rússia lançou uma invasão em grande escala da Ucrânia em fevereiro de 2022 e Moscou controla atualmente cerca de 20% do território ucraniano.>
Nas últimas semanas, as tropas russas têm avançado lentamente no sudeste da Ucrânia, apesar dos relatos de pesadas baixas em combate.>
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