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'Paraíso' de águas mornas na Serra é transformado em lixão por frequentadores

'Paraíso' de águas mornas na Serra é transformado em lixão por frequentadores

O local, que é uma zona protegida do município, tem sido procurado por frequentadores, que deixam embalagens de comidas, bebidas e outros objetos poluidores

Publicado em 11 de dezembro de 2023 às 17:28

Ícone - Tempo de Leitura 4min de leitura
Mikaella Mozer
Repórter / [email protected]

Assistir ao pôr do sol enquanto se refresca nas águas mornas de um rio que passa pela areia da praia e depois deságua no mar são momentos vividos por quem vai ao Rio Guaxindiba, localizado no município da Serra. Porém, a descrição do que pode ser um paraíso em terras capixabas pode estar com os dias contados devido à poluição deixada por frequentadores.

O caminho da água, que começa no bairro Novo Horizonte e passa entre a região de Bicanga e Manguinhos, tem sido ‘redecorado’ com garrafas de bebidas, roupas, embalagens de comida, entre outros tipos de lixo. Tudo deixado por quem vai curtir o espaço, mas esquece do cuidado com o meio ambiente.

Todo esse trajeto faz parte de uma Zona Municipal Permanente de Proteção Ambiental que, segundo a cozinheira profissional Millena Ribeiro, que mora há nove anos na região, não recebe o cuidado necessário. Segundo Ribeiro, o local é prejudicado pela falta de conscientização das pessoas, mas também reclama da pouca atenção da administração do município.

“Não é fiscalizada, além de não ter placas avisando ser área de proteção ambiental. Eu que fiz umas e colei, mas não existe uma consciência ambiental. Eu faço ações ambientais, muitas vezes sozinha, mas estou ficando sobrecarregada de tanto lixo que tem. Já encontrei camisinha, pneu, entre outras coisas. O pessoal precisa começar a entender que ali é natureza”, contou Ribeiro.

'Paraíso' de águas mornas na Serra é transformado em lixão por frequentadores

A moradora atua como voluntária limpando a areia da região, tendo recolhido cerca de 30 quilos de lixo quando limpou o Rio e no entorno dele, três vezes em apenas uma semana. A preocupação é que o espaço, considerado como ‘paraíso’ por alguns, seja destruído e até se torne um ponto para uso de drogas.

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“Ele vem sendo assassinado com esgoto irregular e não tem como eu fazer nada por isso. Eu já tirei vários peixes mortos e coloquei na sacola. Ali é um berço marítimo, tem desova e os peixes ficam ali até certo tamanho”, desabafou.

O que diz a prefeitura?

A Secretaria de Meio Ambiente da Serra (Semma) informou que realiza fiscalizações rotineiras no local ou mediante denúncias. Segundo a pasta, os moradores que flagrarem irregularidades podem fazer denúncias por meio do aplicativo Colab, disponível nas lojas de aplicativo dos celulares.

A Semma disse ainda que irá investigar a denúncia e informar o caso aos demais órgãos competentes: Cesan, Serra Ambiental, Agência Estadual de Recursos Hídricos (Agerh) e Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA).

Sobre a limpeza das praias, a Secretaria de Serviços da Serra (Sese) contou que realiza limpeza nas praias da cidade todos os dias, com aumento do número de pessoas na equipe durante os meses mais quentes e de maior movimento nas praias. “A Sese pede a colaboração dos moradores e visitantes que frequentam as praias da cidade para ajudarem a mantê-las sempre limpas, não jogando lixos em locais irregulares”.

O que diz a Cesan?

A Cesan informou que apesar do bairro Novo Horizonte, onde nasce o rio, ter 98,5% de cobertura com o sistema de tratamento, somente 53% da região já se conectou à rede.

“É preciso que a população faça a solicitação. Junto com Manguinhos, que tem 88,8% (de cobertura) e Bicanga, que tem 96,9%, há a média de 95% de cobertura nessa região onde existe o rio. Tem casas que estão abaixo do nível da rua ou em uma ponta em um buraco, e nessas casas elas são com sistemas individuais”, explicou o gerente da Unidade Gestora de Parceria Público Privada (PPP).

Em entrevista a reportagem de A Gazeta, o gerente da Unidade Gestora de Parceria Público Privada (PPP) da Companhia Espírito Santense de Saneamento (Cesan), Douglas Couzi, informou que a Cesan tem mapeamento dos locais e, dessa forma, conseguem saber onde não há ligação com tratamento de esgoto.

Mesmo com o rastreamento, a Cesan diz que os moradores precisam pedir para que a casa seja ligada à rede de esgoto. “Nós fazemos também campanha nos bairros para incentivar e vamos agir com a liderança comunitária em Novo Horizonte para mudar a situação de lá”, informou.

Em relação ao esgoto chegar no rio, ele informou que pode ser oriundo de casas que não fazem parte do sistema da companhia. O número para quem quiser solicitar a ligação da residência ao sistema de esgoto e água é o 115.

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