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Eloísa Fernandes supera dificuldades e é destaque no tiro esportivo

Eloísa Fernandes supera dificuldades e é destaque no tiro esportivo

A atleta nasceu com mielomeningocele, se superou através do esporte e agora vai para a Copa do Mundo

Publicado em 12 de março de 2018 às 15:12

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A natação amenizou as constantes dores na coluna, mas foi no tiro esportivo que ela se realizou, evoluiu e se tornou a única mulher capixaba a integrar a seleção brasileira paralímpica. Eloísa Fernandes tem mielomeningocele, nasceu com a medula exposta, e caminhava com a ajuda de muletas. Por ter uma musculatura fragilizada na região do abdômen, sofria com dores no trabalho – ela ficava muito tempo sentada quando era auxiliar administrativa.

Em um dos check-ups anuais no Sarah Kubitschek, em Brasília, descobriu um tumor na coluna. Teve que ser afastada do trabalho e tomar fortes medicamentos. Foi aí que Eloísa teve o seu primeiro contato com o esporte, sem que o médico soubesse.

“Nesse período eu descobri que o remédio não sarava o tumor, só amenizava a dor e eu dormia o dia inteiro. Estava perdendo tempo com o repouso absoluto, foi quando conheci o trabalho de pessoas com necessidades especiais do Álvares Cabral, a ACPD. Fui percebendo que a dor passava quando ficava na água e, por isso, diminuí o remédio com o tempo. Retornei para Brasília com os exames e o médico disse que minha coluna ganhou uma boa musculatura e o tumor parou de crescer. Então ele me liberou para o esporte”, disse a paratleta de 35 anos.

Em pouco tempo Eloísa já começou a ganhar espaço na natação paralímpica e chegou a ficar em terceiro lugar no ranking nacional. No entanto, um balde de água fria a fez ter que abandonar as piscinas justamente no momento em que ela a seleção brasileira já fazia parte dos planos da capixaba. “Tive um problema no ombro e parei de nadar. Eu já praticava o tiro esportivo como hobby lá mesmo no Álvares e decidi levar a sério”.

Em 2015, na sua primeira competição, a surpresa: quarto lugar. Na disputa seguinte, a medalha de bronze. De pódio em pódio, hoje Eloísa é destaque na modalidade. Este ano, ela foi campeã em uma prova online de tiro rápido (cinco tiros em 10 segundos) contra oito homens, na primeira etapa do Brasileiro da Confederação Brasileira de Tiro Esportivo.

No dia 18 de março Eloísa embarca com a seleção paralímpica para Dubai, onde participa da Copa do Mundo de Tiro Esportivo. Com a expectativa lá no alto, ela vai disputar os 10 metros feminino (P2), 10 metros tiro rápido prova mista (pistola standard) e 25 metros prova mista com calibre 22 (pistola sport). “Estou indo com o sentimento de que vai ser uma experiência legal. Se conseguir executar o processo e a pontuação que faço no treino, eu vou conseguir trazer um resultado bom”.

Treinos também para a concentração

Eloísa Fernandes se dedica 100% ao tiro esportivo desde o acordar até a hora de dormir. Além dos treinamentos no Álvares Cabral, onde a paratleta chega a disparar 200 tiros em um dia, ela também precisa aprimorar a concentração antes de dormir.

André Félix, especialista em dor crônica. (Divulgação)

“Tenho que cadenciar a respiração. Quando você está na prova, você não pode ficar pensando em fazer o 10 (a maior pontuação), você tem que se concentrar no processo. Quando o processo é perfeito, o tiro é consequência. Tenho que treinar quantas vezes vou respirar até fazer a apneia. Quando atiro, não posso mexer, fico paralisada, sem respirar por cerca de 20 segundos. É muito complexo, tem que ter muita paciência.”

Durante todo esse processo, a atleta conta com o apoio do especialista em dor crônica André Félix. “Nós fazemos um tratamento para manter o meu rendimento no tiro esportivo e essa lesão no ombro não me atrapalhar. Vou no doutor André toda semana, a gente faz o trabalho para eu passar uma semana tranquila, com o braço leve e com as dores controladas”, disse ela.

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“Fazemos um tratamento com ondas de choque, que é indicado para dores crônicas. Estamos concluindo o tratamento e ela teve uma melhora enorme da dor no ombro e da amplitude do braço. Me sinto feliz por fazer parte disso. O fato de ela estar sem dor contribui para ela melhorar o seu rendimento no esporte”, completou o médico.

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